Capítulo 51 - "Fantasmas do Passado" (Narrado por Draegon) O vento uivava ao meu redor enquanto eu subia a encosta rochosa que levava às ruínas de meu passado. Cada passo era pesado, não por cansaço físico, mas pelo fardo emocional que carregava. Eu sabia que revisitar aquele lugar significava abrir feridas que nunca cicatrizaram completamente, mas algo me atraía de volta, como se fosse inevitável. A paisagem ao redor estava tomada por um silêncio opressivo, apenas quebrado pelo som distante de corvos. As árvores ao longe pareciam retorcidas, seus galhos nus apontando para o céu como mãos implorando por salvação. Não havia sinais de vida, nem mesmo o farfalhar de folhas sob o vento. Era como se o próprio lugar estivesse congelado no tempo, um testemunho silencioso de tudo o que aconteceu. Quando as ruínas apareceram no horizonte, senti o estômago se revirar. Elas eram menores do que eu me lembrava, talvez porque, na minha infância, tudo parecia maior e mais imponente. As pedr

Capítulo 53 - "A Marcha dos Condenados"(Narrado por Elira) O vento carregava um cheiro metálico e denso, quase sufocante, enquanto eu observava a matilha reunida no pátio do castelo. Era como se a tempestade sombria de Umbrael respirasse sobre nós, uma presença invisível que pressionava nossos corações e nos roubava o fôlego. — Precisamos nos mover agora — anunciei, a voz carregando a urgência que queimava dentro de mim. Os lobos, em suas formas humanas e lupinas, estavam inquietos, lançando olhares preocupados para o horizonte. Não era apenas a tempestade que nos perseguia, mas também o medo de que nossas forças não fossem suficientes para enfrentá-la. E, para ser honesta, eu compartilhava desse medo. O manto que eu usava parecia pesar o dobro do normal, encharcado pela umidade do ar e pela responsabilidade esmagadora que caía sobre meus ombros. Cada decisão que eu tomava era uma aposta, e o preço de errar poderia ser a vida de todos ao meu redor. Draegon e Thalrik estavam

Capítulo 55 - "Promessas Quebradas"(Narrado por Thalrik) O acampamento estava imerso em um silêncio pesado. Não era o tipo de silêncio reconfortante que vem com o descanso, mas sim um vazio carregado de tensões e dúvidas. As palavras do Guardião ainda ecoavam em minha mente, repetindo-se como um tambor incessante. Eu já havia compartilhado a verdade sobre o sacrifício com Elira e Draegon, e agora, o fardo não era mais apenas meu. Mas isso não tornava as coisas mais fáceis. Pior, parecia que minha decisão de contar tudo havia abalado a confiança que ainda restava na liderança. A matilha, antes unida pelo instinto de sobrevivência, começava a desmoronar. Eu observei Elira ao longe, reunida com alguns membros da matilha. Seus gestos eram firmes, mas sua postura traía o cansaço. Draegon estava à margem, afastado como sempre, mas sua expressão mostrava que ele não estava apenas distante fisicamente. Algo estava mudando dentro dele, algo que eu não conseguia alcançar. Kael, o lobo

Capítulo 57 - "O Último Refúgio"(Narrado por Draegon) O vento cortava meu rosto como lâminas geladas enquanto liderava a matilha pelas trilhas estreitas e íngremes das Montanhas Negras. As sombras projetadas pelas árvores retorcidas pareciam figuras vivas, dançando sob a luz da lua cheia. Cada passo que dávamos parecia pesar mais, como se a energia de Umbrael nos seguisse, rastejando por entre as rochas, esperando um momento de fraqueza para nos engolir. Olhei para trás, para os lobos que me seguiam em silêncio, e senti o peso da responsabilidade esmagando meu peito. Não era apenas minha vida ou a de Elira e Thalrik que estavam em jogo. Era a sobrevivência de todos eles. Cada olhar exausto e desesperado me lembrava de que o fracasso não era uma opção. Elira vinha logo atrás, suas feições rígidas como pedra, mas eu conhecia bem o suficiente para perceber o cansaço em seus olhos. Thalrik estava ao lado dela, mantendo uma postura vigilante, embora a tensão entre nós três fosse pal

Capítulo 59 - "A Tempestade Interna"(Narrado por Draegon) O som metálico da pedra roçando a lâmina da minha espada ecoava pela caverna. Era um ruído metódico, repetitivo, quase hipnotizante. Eu precisava disso, de algo para ocupar minhas mãos, algo que me permitisse organizar os pensamentos caóticos que se desenrolavam na minha mente. A caverna estava envolta em um silêncio pesado, interrompido apenas pelo som ocasional do vento soprando pelas passagens estreitas ou pela água gotejando do teto. O refúgio deveria ser um lugar de paz, mas tudo que eu sentia era uma agitação crescente dentro de mim. Ouvi passos suaves atrás de mim, e a energia mudou no ar antes mesmo que eu a visse. Era Elira. Sempre reconheci sua presença, um equilíbrio estranho entre força e delicadeza. Ela se aproximou e parou a poucos passos de distância. Ergui os olhos de minha espada e franzi a testa. Algo em seu rosto parecia errado, mas fiquei em silêncio, esperando que ela falasse. — O que houve? — per