Clara levantou a cabeça e perguntou:— Então, para manter a paz na família, você vai ter que aceitar a Isabela, deixar ela entrar na família e virar sua nora, é isso?Alícia não se apressou em responder, sentou do lado da filha, pegou a mão dela e segurou com carinho.— Clara, você é a caçula, sabe? Eu, seu pai e seu irmão, todos nós te amamos muito. A gente sabe que o Sandro não era a melhor escolha para você, mas como você gostava dele, mesmo sabendo que era um problema, a gente deixou você ficar noiva dele. Porque se a gente tentasse impedir, você ia querer ainda mais se casar com ele, ia ficar mais teimosa, talvez até guardasse mágoa da gente ou até fugisse de casa. Então, em vez de afastar você, preferimos deixar rolar. Se vocês fossem mesmo feitos um para o outro, iam acabar juntos no fim das contas. Mas se não deu certo, e vocês não tinham esse futuro, você não ia ficar ressentida com a gente. No fim, fiquei até feliz que vocês não tenham acabado juntos.Clara entendeu o recado.

— Pare de fazer bico e coma direitinho. — Alícia colocou no prato da filha um pedaço de peixe amarelo recheado, que ela sabia que a menina adorava.— Obrigada, mamãe. — Clara sorriu feliz.Alícia também sorriu, achava que a filha ainda era fácil de agradar.Ela então colocou um prato de carne de caranguejo cozida na frente de Isabela.— Esse aqui é o prato especial da nossa cozinheira dona Laura. Experimente.Jorge pegou um pouco e colocou no prato de Isabela e disse:— Eu gosto muito desse prato. Acho que você também vai curtir.Isabela pegou com o garfo.— Você sabe que como de tudo.Levou à boca. A carne estava macia, saborosa, e com um frescor adocicado diferente do gosto comum da carne de caranguejo. Bem mais delicada.— Tá bom? — Jorge perguntou.— Está muito deliciosa. — Ela assentiu.E não era por educação. Estava realmente muito bom.— Então coma mais. — Jorge sorriu e serviu mais um pouco para ela.Aquele prato era gostoso, o outro também... No final, o prato de Isabela ficou

Alícia desceu as escadas, mas logo depois voltou com um pijama novo.— Esse eu comprei para Clara na última vez que fui ao shopping. Ela tem muita roupa e ainda não tinha usado, então fique à vontade para usar. — Disse Alícia.Ela também trouxe um robe novo, itens de higiene e até alguns cosméticos.Organizou tudo pessoalmente com cuidado.Isabela não esperava que Alícia fosse tão atenciosa, nem ouviu dela uma única palavra ruim. Do começo ao fim, foi muito acolhedora e gentil, e Isabela ficou emocionada.— Muito obrigada. — Disse ela, sinceramente.— Pode se sentir em casa, sem cerimônia nenhuma. — Alícia segurou a mão de Isabela. — Você está vindo pela primeira vez, eu deveria até ter trazido um presente.Então, tirou uma pulseira de jade do pulso.— A avó do Jorge me deu isso. Agora é sua.Colocou a pulseira no pulso de Isabela.Isabela ficou chocada. Nem falou do valor da pulseira, ela sabia o quanto aquilo era significativo.Era algo que a avó de Jorge tinha deixado para ela, algo

[Seus pais já tinham conhecido a Isabela?!]Clara mandou um emoji de incredulidade.Ela simplesmente não acreditava.[Minha mãe acha que ela consegue me controlar e quer que ela seja minha futura esposa.]Clara ficou sem palavras.[Sério isso?!]Ela ficou séria. [Pare de brincar comigo, essas brincadeiras não são engraçadas.]Leonardo respondeu: [Por que eu inventaria isso?]Clara pensou um pouco e concordou.Leonardo não tinha motivo para fazer aquele tipo de piada.Mas...[O que ela tem de especial? Só é bonita? Mas bonita tem um monte, né?]Leonardo respondeu:[Ela trabalha muito, é super inteligente, tem ótima formação e ainda é bonita.]Clara perguntou: [Então, você gosta dela?]Leonardo parou de responder.Clara fez uma cara de desdém e falou consigo mesma:— Que sensível.Foi então que ela mandou de novo: [Eu não gosto dela, não quero que ela seja minha cunhada, fica estranho.]Ainda sem resposta.[Quer ir correr amanhã? Meu irmão me emprestou o carro dele.][Estou sem vontade.

Ele tinha acabado de entrar no quarto quando alguém bateu na porta.Era cedo da manhã. Ele foi até a porta e, ao abrir, viu Clara vestindo um pijama rosa, com o cabelo todo bagunçado, parada ali na entrada.Ele franziu a testa e perguntou:— Está sonâmbula, é?— Só queria ver se você estava no quarto mesmo. — Clara passou a mão no cabelo, meio desapontada. — Achei que você não estivesse.— Se eu não estiver no quarto, onde vou estar? — Jorge lançou um olhar rápido para ela. — Vá lá lavar o rosto.— Claro que estaria no quarto da sua namorada, né? Mas você me decepcionou. — Ela fez um bico para ele. — Mano, você é homem mesmo? Nem um pouco de coragem, viu.Ele tinha ficado solteiro por tanto tempo, e naquele momento em que estava com a namorada, não tinha nem um pouco de desejo?Ele estava até calmo demais.Quem não conhecesse podia pensar que ele era um robô, sem nenhum desejo humano.Jorge ficou meio surpreso no começo, mas depois deu um sorriso de lado, pensando: "O que você sabe, he