Eu levantei a cabeça, interrompendo suas palavras com um beijo suave, tentando perder-me completamente nas sensações que ele sempre me despertava. Eu precisava desesperadamente afastar o sinistro pressentimento que se instalara dentro de mim, aquela inquietação que parecia sussurrar que aquilo não era o fim das incertezas, mas apenas o começo. Eu não conseguia entender exatamente por quê, mas algo me dizia que o tempo que tínhamos juntos era frágil, provisório.De alguma forma, temi desperdiçar nossos preciosos momentos sozinhos discutindo sobre o que havia acontecido na noite anterior. Afastei os pensamentos ruins, tentando me concentrar no toque de seus lábios, aprofundando o beijo como se aquilo pudesse dissolver minha inquietude. Ainda assim, por mais que eu tentasse ignorar, a sensação de estar vivendo algo temporário não me deixava.Esse sentimento perturbador me acompanhou pelo resto do dia, como uma sombra insistente. Eu percebia como Grady e eu evitávamos qualquer assunto que

Eu não pude deixar de rir, mas, mesmo assim, a dúvida persistia em minha mente.— E como acha que eu conseguiria isso? Subornando o gerente do banco?Liz abriu a boca para responder, mas então pareceu repensar a resposta. Ela me observou com um olhar pensativo por alguns instantes, antes de levantar os ombros, como se tivesse chegado a uma conclusão.— Você faria algumas costuras para Kate?Fiquei um pouco desconfiada. Eu sabia que isso poderia ser um caminho interessante, mas a realidade era que minha vida estava longe de ser ideal para esse tipo de empreendimento.— Claro — respondi com cautela. — Mas é melhor avisá-la de que eu certamente não sou do mesmo meio que o costureiro dela.Liz assentiu, um sorriso inocente se formando no canto dos lábios, mas eu não me iludi. Aquela expressão dela me deixava inquieta.— Está bem, eu direi — ela respondeu, mas a expressão dela me fez suspeitar de algo.Franzi os olhos para ela, percebendo que havia algo mais ali. Não era só sobre o vestido

Eu percebi que Grady estava vulnerável, mais do que ele queria admitir, e sabia que bastava um pequeno estímulo para ele acabar dizendo algo que talvez não tivesse intenção de revelar. A ideia de descobrir o que ele realmente sentia era tentadora, mas ao mesmo tempo eu sabia que não poderia aproveitar essa situação. Era um momento delicado, e eu não queria ser desonesta.Então, com um sorriso, tentei afastar os pensamentos complicados. Eu precisava continuar sendo eu mesma, sem ceder aos impulsos do coração. Levantei minha cabeça e o encarei.— Sentiu quanto? — Perguntei, tentando manter o tom leve.Ele riu, como se tentasse se recompor também, mas eu percebi o quanto ele estava cansado, como se o mundo inteiro pesasse sobre seus ombros.— Acho que o suficiente para merecer um jantar — ele respondeu, e eu sorri, aliviada por ele tentar trazer a situação de volta ao normal.— Está bem, desta vez eu vou ser boazinha — brinquei, tentando aliviar a tensão que ainda pairava no ar.Eu fiz u

— Está bem. — Eu levantei devagar, forçando-me a afastar de Grady. Cada parte de mim queria continuar ali, perto dele, mas eu sabia que precisava de um pouco de distância. Quando consegui ficar de pé, ele segurou minha mão e beijou de leve o meu pulso. Eu desviei o olhar, sentindo o calor subir ao rosto, e saí rapidamente do banheiro. Resisti ao impulso de voltar para ele. Era difícil, eu sabia, e estava começando a perceber que estava me deixando levar mais do que deveria.Minutos depois, Grady apareceu na cozinha, abotoando a camisa. Ele olhou para as roupas que eu tinha colocado sobre a mesa e me olhou com um sorriso curioso.— Essas roupas me parecem vagamente familiares. Será que eu as esqueci aqui?Coloquei os pratos na mesa, tentando manter a calma e desviar o olhar para não me perder no seu. Sorri e respondi:— Não, você não as esqueceu. Elas precisavam de pequenos consertos, então eu as trouxe para arrumá-las.Grady ergueu as sobrancelhas em aprovação e, sem nem precisar fala

Eu queria responder que havia sobrevivido sem água quente por cinco anos, mas sabia que não seria a melhor escolha. Aquele detalhe só pioraria as coisas. Então, mantive os olhos baixos enquanto me dirigia até uma cadeira e me sentava, tentando ignorar o nó que começava a se formar na minha garganta.Grady colocou a xícara sobre a pia e caminhou em minha direção com passos firmes, quase ameaçadores. Senti minha respiração acelerar.— Como acha que eu me sinto, sabendo que você mal consegue suprir as necessidades da sua casa? — Ele perguntou, em um tom de desaprovação. — Eu pensei que havia algo especial entre nós, Holly, mas você preferiria morrer de fome antes de me pedir ajuda.Aquele comentário foi como um golpe. Segurei a xícara com ambas as mãos, sentindo o calor do café não ser suficiente para aquecer o gelo que tomava conta de mim. Engoli em seco, tentando manter a compostura.— E o que você pensaria de mim, se eu tivesse pedido ajuda? — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro.