Ver Bernardo desse jeito partiu o coração de Esther, e mais ainda o de Julia, que estava ao seu lado todos os dias. Esther se aproximou, colocou a mão no ombro de Bernardo e falou com suavidade: — Bernardo, isso não é culpa sua. Não se culpe tanto...Bernardo interrompeu antes que ela pudesse terminar. Ele falou com com uma voz rouca e quebrada:— É culpa minha. Se não fosse por mim, ela não teria se sacrificado assim. Eu já vi muitas mortes, mas nunca me senti tão mal como agora. Esther, você sabe? Eu a vi morrer diante dos meus olhos. Era a primeira vez que Esther via Bernardo tão abalado. Ela queria ajudar, mas se sentia impotente. Preocupada que Bernardo pudesse se machucar em um surto de descontrole, Esther ligou rapidamente para o Faraó. Em pouco tempo, o Faraó chegou com sua equipe do laboratório. Ao ver Bernardo naquele estado, o Faraó sentiu uma dor profunda. Afinal, aquele era seu filho! Todavia, ao examiná-lo, descobriu que Bernardo havia tomado fenobarbital em

— Com a sua força de vontade, eu acredito que você vai superar isso. Nas próximas semanas, vou acompanhar de perto o seu progresso. — Geraldo falou calmamente, com uma voz cheia de firmeza e confiança. Ele cumpriu sua palavra. A dor da abstinência era indescritível, mas Bernardo tinha muitas pessoas ao seu lado, especialmente Julia, que nunca o deixou. Depois de uma semana de batalha intensa, Bernardo finalmente conseguiu vencer a dependência. A notícia trouxe um alívio imenso para todos, mas principalmente para Julia, que ficou transbordando de felicidade.— Bernardo, vamos para as comunidades carentes. Muitas pessoas ainda precisam da nossa ajuda. — Julia sugeriu, com seus olhos brilhando de esperança. Sua ideia era simples e pura: mergulhar Bernardo no trabalho poderia ajudá-lo a esquecer a dor da perda de Luciana, mesmo que temporariamente.Durante esse período, Bernardo, dividido entre o casamento e a culpa em relação a Julia, havia ficado ao lado dela. No entanto, o descompas

— Se não querem me reconhecer agora, tudo bem. Quando tiver grana e status, eu consigo qualquer coisa num estalar de dedos. — Ameaçou Vitor, antes de desferir um golpe em Michele e enfiá-la no sótão.Quando o avião de Esther e Marcelo pousou naquela noite, os dois deram de cara com uma cena estranha ao saírem do aeroporto. Todos os outdoors ao longo da via expressa estavam de cara nova.O painel gigante, aquele colado na área de desembarque, que antes estampava os cosméticos campeões de venda do Grupo Mendes, agora exibia um anúncio de comida congelada.O detalhe era que aquela mudança toda nos anúncios não tinha passado pela provação de Marcelo, o que era um sinal vermelho.Esther e Marcelo trocaram aquele olhar de cumplicidade imediata, a sobrancelha arqueada de ambos dizia mais que palavras. Tinha coisa errada rolando na capital.Esther estava abrindo a boca para comentar algo, quando o celular de Marcelo tocou. Do outro lado, era o diretor de planejamento, um dos funcionários fiéi

Os dois adentraram a mansão com naturalidade e, após trinta minutos, saíram apoiando Michele pelos braços.No hospital, Esther mal conseguia conter as lágrimas ao avistar Michele. Segurou a mão dela com firmeza, se recusando a soltá-la.Michele retribuiu o gesto com suaves toques reconfortantes.— Estou bem, verdadeiramente. — Fomos negligentes. — Murmurou Esther, com voz a carregada de remorso. — Nenhum de vocês tem responsabilidade nisso. A desgraça foi ter um irmão como ele. — Disse Michele, se voltando para Marcelo. — Vitor promoveu o caos na empresa. Precisa recolocar as engrenagens no lugar antes que apareçam abutres. Quanto a ele... Não deixe restrições morais atrapalharem. Faça o necessário.Marcelo acenou com seriedade. As decisões já se organizavam em sua mente como peças de xadrez posicionadas para xeque-mate. Depois daquela investida, nenhuma hesitação pairaria em sobre como tratar certos tipos de pessoa.Enquanto Michele permanecia sob observação médica, se implementou

A capital reluzia em festa naquela noite de Dia dos Namorados. Comerciantes se esforçavam para fisgar clientes, como se quisessem engolir todos que passavam.Esther parou diante do hotel temático, sem entrar. Espiando pelas vidraças, procurava o homem descrito por Michele, que estaria carregando umaflor azul.Mesas repletas de casais, nenhuma flor azul à vista. Estava quase ligando para Michele quando avistou Marcelo virando a esquina e sumindo numa sala privativa do andar superior.O que fazia ele ali, em plena data romântica, longe de casa? Imagens indesejadas invadiram seu pensamento: Marcelo com outra, em cenários íntimos.Irritada, ela invadiu o estabelecimento rumo ao segundo andar.— Senhorita, quantas pessoas? — Um garçom a bloqueou.Esther soltou uma risada sarcástica. — Quantas tem lá dentro? Se me contar, isso é seu. Ela entregou ao garçom uma pilha de notas, ele, com os olhos brilhando, mostrou dois dedos.Óbvio. Naquele tipo de local, naquela data... Só podia ser um casa