Luke narrandoMe sento ao seu lado e seguro suas mãos, retirando com cuidado o objeto que ela segurava. Seus olhos encontram os meus, e é impossível não ver a dor e o cansaço escondidos ali. Era como se ela estivesse segurando o mundo sozinha há tempo demais.— Pequena… há quanto tempo isso vem acontecendo? — pergunto com a voz baixa, tentando não pressioná-la, mesmo que meu peito ardesse de raiva contida.Ela respira fundo antes de responder, como se cada palavra fosse uma batalha.— Há uns quatro meses… desde que nós terminamos. No começo foram só bilhetes com flores e pedidos pra voltar. Depois começaram as mensagens, ligações a todo instante. Até que, antes da viagem, ele passou a me seguir de verdade. Pietro… Pietro ateou fogo na minha casa, Luke. Ele tem feito da minha vida um inferno. Fui expulsa do lugar onde estava hospedada porque ele fez um escândalo enorme, e os donos pediram pra eu sair. Quase fui demitida algumas vezes… ele vai constantemente até o meu trabalho, faz escâ

Emma. Faziam alguns minutos que havíamos levantado, já passava das 19h30. Termino meu banho e me enrolo na toalha, bufando ao perceber que peguei apenas minhas peças íntimas.Visto-as rapidamente e saio do banheiro em direção ao meu quarto. Assim que entro, fecho a porta atrás de mim e deixo a toalha sobre a cadeira em frente à penteadeira.Nunca entendi por que roupa feminina precisa ser tão desconfortável. Acabo optando por um conjunto confortável do Bob Esponja e prendo meus cabelos em um rabo de cavalo. Pego meu celular, que estava tocando em cima da cama.Franzo o cenho ao ver o número de Ethan na tela. Havíamos nos falado no sábado à tarde. Ainda assim, atendo normalmente.— Meu príncipe — digo ao atender o telefone.— Minha princesa, como você está? Minha mãe disse que o Luke ligou para ela, disse que algo havia acontecido com você. Fiquei desesperado... Juro que, se eu pudesse, pegaria o primeiro voo só pra te ver agora — responde ele, com a voz carregada de preocupação.— Eu

Emma Passavam das dez e meia da manhã quando saí da cafeteria. Guardei meu livro na mochila e coloquei os fones de ouvido, escolhendo uma música aleatória enquanto seguia pelas ruas de Chicago. Havia algo reconfortante em andar sem rumo, perdida em meio a um mar de pessoas. Algumas me lançavam olhares curiosos, outras apenas seguiam seus caminhos, como se eu fosse invisível. No meio do trajeto, parei em uma floricultura. Comprei alguns lírios e tulipas, paguei em silêncio e voltei a andar. Minutos depois, meus passos me levaram até a entrada do cemitério principal da cidade. — Eu realmente deveria estar aqui? — murmurei para mim mesma, hesitante. Ainda assim, segui em frente, caminhando entre os túmulos até chegar à enorme árvore no centro do cemitério. Sua sombra cobria três lápides bem alinhadas. Meus olhos fixaram nos nomes gravados: Margareth McCollins. Pitter J. Collins. Henry M. J. Collins. Ali estavam... as últimas marcas do que um dia foi minha família. O que sobrou d

Três dias antes...Luke narrandoFaz três dias que estou nesse maldito hospital. Não houve sequer um minuto em que eu tenha saído de perto dela. Eu preciso saber que ela vai ficar bem. Mas, por mais que os médicos falem, as palavras deles me parecem tão vagas quanto o meu entendimento sobre a gravidade da situação.São duas da manhã. Todos dormem. Os corredores estão mais silenciosos que durante o dia. De tempos em tempos, algum enfermeiro entra para medicá-la. Fora isso, só a doutora Veiga, responsável pelo caso, que garantiu que ela acordaria a qualquer momento.E desde então… eu só tenho esperado por esse momento.Como se não bastasse, ainda tenho que aturar Ethan me ligando diversas vezes por dia, faminto por notícias.Tia Lucy também não me dá trégua. Liga constantemente — três, às vezes quatro vezes por dia — perguntando se Emma já acordou.— Por que fez isso comigo, garota? O que foi que você fez pra me ter assim? — murmuro enquanto acaricio seus cabelos, com delicadeza.O toqu

Emma narrandoAbro os olhos lentamente. A claridade invadia o quarto com força, atravessando as persianas escancaradas e iluminando cada canto. O sol brilhava lá fora como se zombasse da minha prisão hospitalar. Não faço ideia de que horas são, mas tenho certeza de uma coisa: não aguento mais ficar aqui.Me sento com cuidado e noto uma pequena pilha de livros sobre a mesinha ao lado. No topo deles, um bilhete dobrado me chama atenção. Arqueio as sobrancelhas, pego o papel e começo a ler.“Collins, precisei ir para a empresa. Mas pedi à Violet que trouxesse alguns livros do seu apartamento, já que seu amigo comentou que você gosta de ler.A propósito, sua coleção de livros eróticos é... interessante. Espero que não se importe, peguei um deles emprestado para ler depois. Volto mais tarde. Boa leitura.Pense em mim nas partes picantes.— Thomas.”Sinto meu rosto queimar instantaneamente. Eu queria, do fundo da minha alma, que o chão se abrisse e me engolisse naquele exato momento. Desgra