Emma ~~••~~~ — Você apareceu! — exclama Violet assim que passo pela porta da empresa, com os olhos brilhando de empolgação. Sigo até a recepção e sou recebida com aquele bom humor típico que ela carrega mesmo às sete da manhã. — Pois é... viva e meio atrasada — respondo com um sorriso torto. — Nem parece que me viu ontem. Ela revira os olhos e dá um leve tapa no meu braço, brincando. — Com esse reviravolta de fofoca, parece que faz uma semana. Ficou sabendo da bomba? — Bomba? — arqueio a sobrancelha, curiosa. — Dois funcionários foram pegos se pegando no banheiro do quinto andar — ela sussurra como se estivéssemos numa conspiração. — O senhor Mitchell pegou os dois no flagra. Demitiu na hora. Ele quase arrancou a porta do box. — Meu Deus... — solto uma risada contida. — Então os boatos são reais. Tinha escutado uns cochichos, mas ninguém ousou subir até a sala dele ontem. — Acredite, ele tá possuído hoje. Tenso. — Ela diz, olhando para os lados como se o próprio Mitchell pude

EMMA ~~••~~ Duas da manhã. De sábado pra domingo. DUAS. E aqui estou eu: de pijama, com olheiras dignas de um filme de terror e segurando o celular como se fosse meu último elo com a sanidade. Enquanto isso, o telefone fixo toca como se alguém estivesse morrendo. Spoiler: ninguém morreu. Infelizmente. Lá fora, o show continua. Thomas – o irmão da Giulia, e meu querido chefe. – achou de bom grado, transformar a frente da minha casa em seu palco particular, e está desde as nove da noite fazendo um escândalo digno de reality show. Tá gritando, cantando, chorando (acho que vi lágrimas?) e o som do carro tá tão alto que tenho certeza de que o cara da pizzaria da esquina ouviu o refrão da terceira música seguidas vezes. Se é uma serenata, é a pior da história. E os vizinhos… bem, os vizinhos decidiram que meu telefone seria o SAC da vizinhança. Eles me ligam como se eu tivesse colocado o Thomas lá de propósito. Teve até um senhor que eu nem conheço ameaçando chamar a polícia. Sincerame

EMMA ~~•••~~ A noite anterior havia superado minhas expectativas — e olha que elas não eram exatamente altas. Depois do almoço com Giulia, esbarrei em Matthew no elevador e, para minha surpresa, ele me convidou para sair. Admito que aceitei mais por cortesia do que por entusiasmo. Matthew é, indiscutivelmente, bonito, articulado, tem um sorriso fácil e sabe ser agradável quando quer. Um verdadeiro pacote completo. Ainda assim, seria desonesto fingir que enxerguei qualquer possibilidade de algo além de amizade entre nós. Talvez porque meu radar emocional só funcione com homens completamente desequilibrados — ou porque, ao contrário deles, Matthew parece normal demais. E quem, em sã consciência, confiaria em alguém tão ajustado? De toda forma, aceitei o convite. Ele me buscou às 19h, pontual, sorridente, impecável. Fomos a um pub com música ao vivo e, pela primeira vez em semanas, me permiti desligar o cérebro e simplesmente... existir. Bebemos, dançamos, nos inscrevemos numa compet

EMMA. ~~~••~~ As horas passaram quase que voando — literalmente. Almocei na empresa mesmo, já que precisava terminar aquela imensa papelada. Violet acabou fazendo companhia. Segundo ela, queria mostrar o máximo de dedicação possível para conseguir uma vaga de secretária em um dos setores da empresa, o que lhe daria um salário melhor e mais regalias dentro da Black. Estou torcendo muito para que ela consiga. Cá entre nós, minha amiga merece. O resto da tarde foi em minha mesa, preenchendo papéis e mais papéis. Thomas havia mandado cancelar todas as reuniões, o que, de certa forma, me deu mais tempo para finalizar os documentos, já que eu não precisaria acompanhá-lo. O relógio na parede oposta à minha mesa marcava 18h35. Estávamos nos últimos preparativos para a viagem que será em algumas semanas, e por isso precisei ficar até mais tarde. Thomas não saíra do escritório o dia inteiro, nem para almoçar. Passou o dia trancado lá dentro, o que era estranho. Desligo o computador, organi

EMMA NARRANDO. Foi necessário algum tempo para que o fogo finalmente fosse controlado. Thomas permaneceu comigo dentro do carro sem dizer uma única palavra mas a presença dele se fez reconfortante em um momento como esse. Quando as coisas se acalmaram finamente criei coragem para sair e ver no que tudo havia se transformado, o cheiro de fumaça e cinzas, misturado com o cheiro da terra molhada. A casa ainda estava de pé, mas... Era como uma casca vazia daquilo que já foi um dia. Um dos oficiais que ainda estavam na área se aproxima ao me ver parada em frente do que já foi meu lar. — Com licença senhorita. — Ele me chama. — A senhorita não deve se aproximar tanto. — Era minha casa.— digo tentando não deixar transbordar oque estava aqui dentro. — Sinto muito por isso. — ele diz naquele tom profissional. — Achamos que talvez tenha sido criminoso já que seus vizinhos relataram ter visto um homem rondando a casa ao decorrer do dia a senhorita poderia nos dizer se... — Com lic