Por um instante, Benjamin sentiu como se tivesse levado um tiro no peito. A dor era tão intensa que fez seu corpo rígido estremecer.— Na família Marques, a Samara nunca teve um senso de identidade. Ela vivia sempre à sombra dos outros, e isso a fazia infeliz. Agora, com você, ela se tornou a mulher que você mantém ao seu lado, vivendo uma vida moldada pelas suas escolhas e pelos seus gostos. Ela é obediente demais, faz tudo o que você quer, e isso também não é saudável. — Charles abaixou os olhos, tomou um gole de vinho e continuou. — Acho que seria bom vocês se separarem por alguns dias. Isso vai ajudar a acalmar os ânimos e a refletir sobre como essa relação deve ser daqui para frente.— Charles... Você está ouvindo o que está dizendo? Isso é coisa que se diga? — Benjamin gritou, batendo as duas mãos na mesa com tanta força que o decantador de vinho balançou, fazendo o líquido rubro oscilar como sangue. Seus olhos estavam tão vermelhos quanto o vinho. — Quando você estava desesperad

Olhe só… O que ele tinha feito? Se ao menos tivesse tido um pouco mais de paciência… Se ao menos tivesse pensado um pouco mais nela…— Sr. Benjamin, calma. Vá com calma. — Stéphanie murmurou em um tom tranquilizador, dando um passo para sair do quarto. Mas, de repente, ela foi surpreendida por Samara, que a abraçou por trás com força, chorando desesperada:— Stéphanie! Não vá! Por favor, não vá!— Senhorita, não precisa ter medo… É o Sr. Benjamin, não outra pessoa. Stéphanie tentou acalmá-la, mas Samara continuava suplicando:— Não vá… Eu te imploro… Por favor…— Tudo bem, eu não vou. Eu fico aqui com você. — Stéphanie respondeu, lançando um olhar para Benjamin, que estava pálido como um fantasma. Seu coração apertava ao ver a situação, mas ela não sabia o que fazer.Benjamin ajoelhou-se de um lado da cama, apoiando-se em um joelho. Ele tentou segurar a mão delicada de Samara, mas ela se afastou, como se temesse o toque dele.— Eu sei que errei… Prometo que nunca mais vou falar com v

Joaquim, com mais de trinta anos nas costas, ainda corria para pedir proteção ao pai quando as coisas davam errado. Era quase impossível não rir disso.— Hebe e eu nos amamos de verdade! Tudo o que você está dizendo não passa de mentiras e calúnias! — Breno estava indignado, mas sua voz era firme e carregada de razão, como se os dois estivessem novamente em um tribunal debatendo ferozmente. — Tudo o que faço, faço por minha própria vontade. Ninguém me forçou! Eu apoio a Srta. Olívia e o Sr. Charles porque eles lutam pelo que é justo, porque defendem os mais fracos, porque seguem um caminho de luz e dignidade! Diferente de você, que sempre defendeu o que há de pior, que sempre se vendeu pelo lucro! O que você está passando agora é o resultado das suas escolhas. É o preço das suas ações, Joaquim!— Pai! Mãe! Vocês estão ouvindo isso? O que ele está dizendo? — Joaquim, que até então mantinha um tom agressivo, agora se fazia de vítima. Sua postura mudava completamente em frente aos pais, n

Hebe sentiu como se tivesse sido jogada em um poço gelado. Um frio cortante subiu pelo peito, tomando conta de todo o seu corpo. O rubor que antes tingia suas bochechas pelo constrangimento agora dava lugar a uma palidez que partia o coração de quem olhasse.Ela encarou os olhos de Gilda, que brilhavam com lágrimas calculadas, mas que não conseguiam esconder o desprezo que sentia. Hebe via além daquela encenação. Via a aversão crua que a mulher tinha por ela.No passado, talvez ela já tivesse dado as costas, procurado um canto escondido para chorar sozinha, se afogando em autopiedade. Mas dessa vez, algo diferente brotava dentro dela. Uma coragem inesperada, uma força que a fazia encarar a família Vieira de frente.Ela amava Breno. Amar era errado? Por que ela deveria se curvar diante deles?Se ela recuasse agora, se saísse cabisbaixa e derrotada, não estaria confirmando que tudo o que Gilda dizia era verdade?— Hebe, você entendeu o que eu disse? — A voz de Gilda continuava doce por f

Aquele momento de pesadelo, aquela noite que ela tentava esquecer, voltou como uma enxurrada, inundando sua mente com uma dor sufocante que parecia arrancar-lhe o ar.— Você é uma Bastos, uma herdeira de uma das famílias mais respeitadas de Matear. Todo mundo sabe da conexão entre a família Bastos e a família Moura, décadas de amizade. Gael te forçar? Acho que ele nem teria coragem! — Joaquim disse, transformando o quarto do hospital em um tribunal improvisado, completamente alheio à sua própria situação miserável. — Vocês dois, sozinhos em um quarto durante o baile, e depois aquela história toda se espalhou. O que a sua família fez? Jogou a culpa inteira na família Moura para salvar sua própria pele. Você sabia que sua reputação estava arruinada, que não teria mais chances no círculo da alta sociedade. Então, decidiu se rebaixar, usou o Breno como um idiota, como um joguete. Você é esperta, Hebe. Suas artimanhas não ficam devendo em nada às da sua irmã, Olívia.— Seu desgraçado! — Bre