Capítulo 08

Peter Snow

— Philip, eu preciso saber como esse incêndio se deu início.

— Estamos trabalhando nisso Sr. Snow.

— Trabalhando nisso e até agora não tem nenhuma resposta?! Só sei que minha empresa por pouco não foi totalmente incinerada.

— O Bruce e a equipe dele estão trazendo os últimos relatórios, mas parece que tudo aconteceu na sala dos servidores.

— Como essa pessoa entrou na sala dos servidores? Essa sala é restrita, apenas três pessoas têm acesso à mesma. Além do código para acessar a empresa, também precisa de um código específico para entrar na sala dos servidores.

— Sr. Snow, o senhor sabe que eu estava fora essa semana, então não sei dizer quem teve acesso. Os registros foram apagados, estou tentando restaurar, mas está difícil; as câmeras também foram espelhadas por 20 minutos. Toda a segurança ficou vendo uma imagem gravada, sendo repetida até que a pessoa que invadiu fizesse todo o trabalho.

— Descubra. Não me interessa como, mas me traga algo útil. Quero saber quem do inferno veio até minha empresa e quase destrói o trabalho de uma vida. Você tem noção do que poderei ter acontecido se esse incêndio tivesse tido êxito?

— Sei sim Sr. O Sr. fez bem em adquirir o novo sistema que contém argônio. Tenho certeza que se não fosse isso teria sido um desastre total.

Fiz essa mudança durante essa semana, apenas Bruce e o seu técnico sabiam. Quase ninguém na empresa sabe o que Bruce e Walter estavam fazendo. Será que essa pessoa teve ajuda de alguém aqui de dentro? E se teve, quem foi esse infeliz?

— Quero o relatório de todas as pessoas que tiveram acesso à sala do servidor ainda hoje em minha mesa. — Digo sem nem piscar.

Estou exausto, não dormi nada, não comi e já são quase 12h00. Minha cabeça parece que explodirá. Maldito seja esse desgraçado. Mas descobrirei quem foi, e ele, ou eles vão me pagar.

Aperto a ponta do meu nariz e fecho meus olhos quando Philip sai fechando a porta logo atrás de si.

Eu estava tão bem lá em San Diego, estava deitado fazendo planos de como passar meu domingo com Vicktória. Há tempos, eu não me sentia tão bem ao lado de uma pessoa. Ela me faz querer compartilhar com ela coisas que eu jamais fiz, mas o que ela não sabe é que sou um fodido desgraçado, que não passo de uma casca de homem, meu coração já foi tão esmagado, que os poucos pedaços que sobraram se solidificaram.

Não sou material bom para o amor. Não sou merecedor de amor. As pessoas que deveriam me amar incondicionalmente me largaram. Minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos, um inferno de uma depressão pós parto que nunca se curou e que levou minha mãe a beber até não aguentar mais, ficando assim só eu e meu pai. Esse que logo arrumou uma segunda esposa. Renata, aquela cobra, sempre foi horrível comigo. Na frente do meu pai era de um jeito e por trás era de outro. Infernizou tanto até conseguir fazer a cabeça do mesmo para irem embora para seu país. Meu pai era um engenheiro de renome no ramo imobiliário, tínhamos uma boa vida. Mas ele vendeu tudo que tinha para assim começar sua nova vida em outro lugar como sua nova esposa queria, contudo, nesses planos o bastardo aqui não estava junto.

Fui deixado em um orfanato, porque sua esposa estava grávida e não tinha condições de cuidar de uma criança de 7 anos, que era revoltado e ante social.

Eu só queria a atenção do meu pai, só queria seu carinho. Eu nunca soube o que era isso enquanto vivia com eles.

Com dois meses no orfanato adoeci, peguei uma virose que quase me mata e foi assim que conheci a Aretha, minha mãe. Ela foi a primeira pessoa que me deu carinho, me tratou bem sem nem me conhecer. Eu só tinha 7 anos, mas sabia ser seu trabalho, mesmo assim, cheguei a pedir a Deus para não ficar bom. Queria ficar ali onde estava sendo bem cuidado, onde aquele anjo sentava comigo e me contava historinhas até eu dormir.

Foi uma surpresa quando eu soube que seria adotado e que meus pais era aquele anjo que tão bem cuidou de mim e seu esposo. Descobri que eles já tinham outros filhos. O Rainer e o Raiff de 9 anos e a Lena de 5. Gostei deles, mas tinha muito medo. Medo de mostrar gostar, medo de me apegar e eles depois partirem e me jogarem fora como um saco de lixo.

Cresci em uma boa família, uma família que cuidou de mim, me educou, ensinou bons valores e até mesmo aceitar o amor. Minha vida estava ótima, fiz tudo que um adolescente gostava de fazer. Namorei, até cheguei a ficar noivo. Era uma felicidade única, enfim eu estava tendo aquilo que sempre quis, minha família.

Estava começando minha empresa, ainda não era ninguém, mas sabia que seria os planos estavam feitos, o que eu não sabia era o que o destino traçara para mim.

Quando voltei para casa de uma viagem de negócios antes do esperado tive a grande surpresa. Uma surpresa que eu no fundo, esperava. Sempre espero que aconteça e mais uma vez meu pobre coração já ferido e ainda cicatrizando, foi esfaqueado e dessa vez a faca estava enferrujada. Mais uma vez fui tratado como lixo e aquela a quem dei o que restava de um coração, me apunhalou sem dó, nem pena.

Ruth e Ivo seu primo, o rapaz que era meu gerente e que cresceria na empresa junto comigo o meu melhor amigo se é que um dia tive um.

Naquele dia, eu jurei nunca mais amar. Nunca mais me permitir depender de alguém, nunca mais deixar que seja lá quem for, se aproxime de mim.

Mudei com minha família, mantive meus irmãos e meus pais a distância de um braço, para que assim não venha a sofrer quando ambos decidirem também me descartar.

Sei que eles sofrem com meu jeito frio e ausente, mas esse foi o único jeito que encontrei de me manter são. Sofro todas as noites com pesadelos e muitas das vezes acordo chorando ou sem ar, sempre é a mesma coisa, sou largado sozinho, horas Velho e doente, horas sangrando em uma vala, mas sei que esse será meu fim. Eu não deveria ter nascido. Mas sou insistente demais e não me permito desistir.

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