O QUARTO DA COMIDA

                                            SEGUNDO CAPITÚLO

                                          

O Doutor Helio esta as voltas com o pequeno Jhoni, quando é chamado urgente para atender sua outra paciente que esta muito mal.

Ele apressado vai até o quarto, onde se encontra Maria.

Seu quadro se agravara, pois tivera algumas infecções provenientes dos machucados que sofrerá. Ela esta gemendo muito forte e dá impressão que sua vida esta se esvaindo a cada segundo.

O medico entra em pânico e a transfere para UTI.

Como não há vaga na de adulto ele acaba improvisando na UTI infantil que por obra do destino, ela acaba do lado de seu filho. Ele esta perplexo, pois depois de haver examinado detalhadamente o menino percebe que o estado da criança é bem grave,

Devido á maus tratos, má alimentação, nota-se que á aparência da criança se identifica com a daquela jovem. Mas como perguntar se os dois estão totalmente fora do mundo.

Em um estado deplorável, de inconsciência que os direciona para a morte.

Ele precisa reverter este quadro, conversa com Deus pedindo que o ajude e avisa no hospital que mesmo sendo sua noite de folga, vai passar ali do lado dos dois pacientes. 

Ele não pode perdê-los e para isso toda dedicação é pouca.

Senta em uma cadeira entre os dois leitos e fica de prontidão para qualquer emergência.

A noite parecem calma e tranqüila, tudo transcorre normalmente os pacientes parecem reagir, de vez enquando se posiciona examinando-os e fica feliz com o resultado.

O pequeno Jhoni começa a dar sinais de vida, seus sinais vitais parecem estar ótimos, até seus olhos estão mais brilhantes , quando consegue abrir rapidamente , Doutor Helio sente que o menino esta reagindo muito bem.                                   

Acomoda-se na cadeira e tenta tirar um cochilo, pois o dia vai ser longo, terá muito trabalho pela frente. Mal adormece é acordado num sobressalto, pois Maria se contorce de dor, vai ate ela rapidamente e sente seu pulso se esvaindo.

Apavorado aperta a companhia pedindo ajuda.

A enfermeira chega bem rápido e o ajuda a controlar a pressão trazendo de volta os batimentos cardíacos da jovem ao normal.

Doutor Helio soa frio, seu coração esta acelerado teve medo por um momento de perder a paciente, isto e totalmente contra tudo que ele espera. Aquela jovem o encanta, balança seu coração e o faz sonhar com um mundo colorido e um futuro feliz.        

Sim, ele tem que confessar para si mesmo que esta amando aquela jovem, não sabe explicar o que o faz sentir isto, mas sabe que á ama.

Mergulhado em seus sentimentos não percebe quando a enfermeira lhe pergunta.

Doutor posso ir agora?

Após alguns segundos percebendo que ele não á ouvira ela torna a perguntar.

Doutor posso ir agora?

A paciente esta melhor e já verifiquei o garoto, parece estar respirando muito bem, e tenho outros afazeres.

O Doutor olha para ela meio incrédulo de tudo que aconteceu e fala.

O que foi que disse! 

O que foi que disse?

Se posso ir embora agora, já que esta tudo calmo.

Sim, sim pode ir que vou terminar a noite aqui.

Alina que havia agitado as dependências do orfanato estava sendo procurada por Dona Leopoldina que nervosa á chamava.

Alina, Alina, onde você esta?

Alina se esconderá á um canto nos fundos do jardim e sorria da mulher que gritava seu nome há alguns minutos.

As crianças corriam de um lado a outro, interpelando a mulher que furiosa gritava. Vou pegar vocês, e vão se arrepender de tudo que estão fazendo. Vão ficar sem comida uma semana, para aprender a não rir de mim.

Sai esbravejando do quarto e Alina que havia se escondido vem ate as crianças e abraçando-as diz;

Não se preocupem que sei onde tem comida, e ninguém mais aqui vai ficar sem comer. Vai ate o esconderijo e apanha refrigerantes que havia trazido da geladeira de Dona Leopoldina e distribui a elas. As crianças que há muito não sabiam o que era tomar um copo de refrigerante, quase não acreditam no que esta acontecendo.

E perguntam á Alina.

Ei Alina tem comida, bolacha, pão alguma fruta, qualquer uma, faz tanto tempo que sequer vemos algo assim

Depois saem do quarto e vão brincar no jardim, pois o quarto é imundo e fedorento, janelas trancadas sem nenhuma ventilação, camas sem lençol e sujas, pois as crianças menores faziam xixi às vezes e ninguém limpava.

Deixavam tudo do jeito que estava nunca era colocado um lençol, o ar era totalmente poluído, pelo mau cheiro da sujeira acumulada.

Alina sai com as crianças e as convence que de agora em diante irá cuidar delas e não deixará que ninguém as maltrate.

Olhem prestem atenção aquele medico que veio aqui prometeu que vai voltar e que com certeza vai nos ajudar.

Confiem em mim e facão tudo que lhes m****r.

Os garotos concordam com um belo sorriso, e um pequenino de olhinhos arregalados, mas muito raquítico corre ate Alina e lhe dá um abraço.

Alina fica encantada com a reação do garotinho e o pega no colo perguntando;

Qual o seu nome?

O garoto bem moreninho de pele negra, cabelos encaracolados e com seu jeitinho franzino lhe diz;

Meu nome é Mauro, mas minha mãe me chamava de Maurinho.

Mas o que houve com sua mãe Maurinho?

Minha mãe, o garoto não consegue terminar e começa a chorar.

Acalme-se Maurinho fala Alina;

E me conte o que houve com sua mãe.

Maurinho soluça por alguns segundos ainda, depois toma fôlego e continua. Minha morreu!

Mas como sua mãe morreu?

Eu e minha mãe estávamos dormindo num casarão abandonado, onde já algum tempo a gente costumava ficar, pois não tínhamos para onde ir. Então durante o dia andávamos pelas ruas pedindo, roubando mendigando até não agüentamos mais.

Então íamos para o velho casarão abandonado para nos abrigarmos da noite.

Mas o que aconteceu pergunta uma das meninas que estava ali junto com Alina e as crianças.

Porém o pequeno Maurinho retorna.

De repente apareceram uns homens estranhos e sem que a gente percebesse, pois estávamos dormindo eles agarraram minha mãe e judiaram muito dela.

Um de cada vez, depois batera tanto nela que ela não conseguia se mexer.

Então ela me disse:

Vá filho, vai buscar ajuda, pois acho que não agüentarei muito tempo.

Abracei minha mãe e sai correndo pela noite escura pedindo ajuda.       

Gritava feito louco, mais ninguém me ouvia, pois era de madrugada e não havia ninguém nas ruas, encostei a um canto da calçada, onde havia muitas caixas de papelão e acabei dormindo.   Acordei na manhã seguinte com pessoas que recolhia caixas e me encontraram.

Então uma moça perguntou o que fazia ali?

Contei a ela o que havia acontecido e ela foi comigo até onde estava minha mãe; Mas infelizmente ela já estava morta, a moça então pediu a algumas pessoas para chamar a policia e cuidarem do enterro de minha mãe e depois de tudo isto estava sozinho jogado no mundo, por isto me trouxeram para cá. Pois devido à morte de minha, não tinha parentes, nem amigos, ninguém para cuidar de mim. 

Não tive para onde fugir, porque na rua sozinho e pior ainda.

Aqui pelo menos tenho um teto e uma cama fedida para dormir, comida de vez enquando consigo pegar alguma coisa para não morrer de fome. Alina e Ana e o nome da outra garota estavam com os olhos cheios de lagrimas, após ouvirem a história do menino. Abraçaram o pequeno e afagaram seu rostinho franzino por algum tempo e disseram ao mesmo tempo.

Que tal se de agora em diante a gente ser amigo e um cuidar do outro.

O garotinho sorriu e agradeceu.

Eu queria tanto que minha mãe conhecesse vocês! Alina então comovida com a dor daquela criança que parecia com a dela, só que com uma diferença a mãe dele morrerá e a dela simplesmente a abandonará. Afaga novamente o garoto e completa dizendo:

Não se preocupe meu pequeno de hoje em diante eu e a Ana vamos cuidar de você e dos outros menorzinhos.    

Não vamos deixar que ninguém os maltrate nunca mais.

Ana corre até o outro pequenino que acaba de cair e se machucar, e esta aos prantos, pega o no colo leva para dentro e limpa o machucado, depois vai à busca de algo para passar no ferimento que estava bem feio.

Além do corte na perna, fizera vários arranhões no joelho.

Ma parece inútil Dona Leopoldina começa a gritar e diz;

Aqui não é hospital para fazer curativos em criança, e tem mais, se ele se machucou é problema dele, ninguém mandou ficar correndo, agora que se vire não tem remédio nenhum para fazer curativos.

E continua, nem vou m****r buscar.

Ana fica revoltada e vai saindo, quando Alina entra e ouve o final da conversa , então apenas diz.

A senhora tem certeza que não vai providenciar o remédio que ele precisa?

Dona Leopoldina arregala os olhos e pergunta?E sem reclamar muito fala.

Esta bem do que vocês precisam?

Precisamos de água oxigenada para lavar o machucado e outro anticéptico para passar. Há tem, mais precisamos também de um analgésico para dor.   

Esta bem vou apanhar os medicamentos para vocês

Alina então fala

Quer dizer que a senhora tem tudo isto ai, e deixa as crianças feridas e não faz nada para ajudá-las.    

A Senhora é muito má, mas isto não vai ficar assim. Apanho o medicamento das mãos da mulher e volta correndo junto com Ana para perto do garotinho que continuava a chorar. Seu ferimento ainda sangrava e o corte estava aberto. Precisando urgente de uma atadura que o cubra para livrar das infecções.

Cuidam do garoto com todo carinho, depois o colocam na cama e ficam por perto prestando atenção.

Ana sai e vai buscar Maurinho que havia ficado no jardim, e estupefata se assusta ao ver os garotos maiores batendo no menino.

 E o pior que havia dois funcionários assistindo tudo e sorrindo da cena. 

Ana que também viverá nas ruas era boa de briga, chega atropelando os dois garotos dando golpe de pernas e jogando os no chão.

Depois se levanta e grita.

Vocês querem brigar, venham brigar comigo que sou do tamanho de vocês, não com um garotinho deste tamanho. Vocês não têm vergonha não!

E o senhor o que faz ai;

Não esta vendo que estão fazendo com o pequeno.

O homem sorri e sai deixando a menina com muita raiva.

Os garotos desistem e vão para outro canto, desistindo de brigar com Ana e de bater em Maurinho.

Alina se aproxima e abraça a amiga com carinho e fala;

Não se arrete guria, que tão cedo não voltar á nos importunar e muito menos querer bater nos menorzinhos.  

Alina continua, de hoje em diante vamos tomar as dores dos pequeninos e não vamos permitir que ninguém mais, faça qualquer maldade com eles.

As duas pegam o garotinho ferido no colo e segurando Maurinho pela mão vão para dentro para cuidar do menino.

O quarto continua uma bagunça, sujo, imundo e fedorento, não consegue encontrar um lugar limpo sequer para colocar o menino.

Como vão cuidar do menino em meio aquela sujeira toda.

Alina pensa, pensa e de repente grita!

Ana já sei aonde vamos.

Pega os meninos pelas mãos e segue para o quarto de Dona Leopoldina.

Ana assustada pergunta?

Que lugar é este?

Não se preocupe Ana, fala Alina.  Este é o quarto que vamos ficar ate limparem o nosso.

Não se assuste, fique calma que tudo vai ficar bem.

Colocam o pequenino na cama e começam a limpar os ferimentos, quando ouvem passos se aproximando.

A porta se abre e Dona Leopoldina praticamente surta ao vê-los ali.

O que fazem aqui?

A mulher grita desesperada, esbravejando alguns palavrões que é de seu costume e parti para cima do menino que se encontra em sua cama;

Opa, opa, opa, pare ai.

Grita Alina tomando a frente.

Quem a senhora pensa que é para retirar uma criança machucada de cima de uma cama.

Esbraveja Alina e parte para cima da mulher.

Quem eu penso que sou?

Dona Leopoldina se adianta e grita sem parar.

Este quarto é meu, esta cama é minha, e você não tem nada que estar aqui.

Como não, fala Ana!

Alina então acrescenta é que lá no salão não tem como ficar.

Aquele lugar e muito fedido, portanto não vamos sair daqui, enquanto não tivermos um lugar descente para ficar.

Eu não posso fazer nada, fala Dona Leopoldina.

Como não se á responsável pelo lugar.

Ana e Alina se posicionam e juntas falam ao mesmo tempo.

Não vamos sair daqui, enquanto não limparem tudo e arrumarem as camas com roupas limpas e descentes.

E tem mais, queremos banheiros para meninas e meninos separados, até lá vamos ficar aqui.

A mulher ameaça, mais uma vez, mas é interrompida pela voz de Alina que fala;

Tenho o telefone do Doutor Helio e vou ligar para ele, e contar tudo o que acontece aqui;

A não ser que a senhora mude de idéia e faça o que estamos pedindo ou me mate para ficar calada.

A mulher vira as costas e se afasta bufando de raiva e gritando.

Você vai se arrepender, isto não vai ficar assim.

Espera para ver, sua garota intrometida.

Alina e Ana e o garotinho ferido se esbaldam na cama e depois atacam a geladeira e o armário se alimentando do bom e do melhor.

Aproveitam salgados, queijos, pães, bolachas e depois comem algumas variedades de doces, tomando refrigerantes, coisas que há muito não sabiam o gosto.

À noite tomam um gostoso banho, como há muito tempo não faziam, pois tinham nojo de entrar no banheiro, e em seguida se acomodam os quatros na cama macia e aconchegante de Dona Leopoldina e adormecem.

Mas são acordados, já altas horas da noite por dois homens que trabalham ali no orfanato e que não estavam ali à tarde.

Os quatros são arrancados da cama como se fossem objetos não crianças e atirados de um lado a outro sem dó nem piedade, depois os homens apanham uma cinta e os esfolam com duros golpes sem se preocupara com as condições das crianças.

Em seguida são atirados no antigo salão e suas camas todas molhadas que jogaram baldes de água dizendo;

Vejam aqui é o lugar ideal para crianças como vocês.

Em seguida dirigem se Ana que esta toda ensangüentada, pois foi a que mais apanhou e falam em alto e bom som. Vê se aprende garotinha que quem manda aqui é-nos.

Vocês só sobrevivem aqui se deixarmos do contrario vocês já sabem, o que acontece.

Portanto comportem-se ou seu fim estará próximo

Saem do quarto em seguidas deixando as crianças ali jogadas, sangrando e sem condições sequer de deitar, devido aos ferimentos que tinham no corpo e a cama toda molhada.

                                 

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