Capítulo 3

DENISE ERA UMA MORENA de quarenta anos extraordinariamente bela e inteligente. Quando tinha quinze anos iniciou uma promissora carreira de modelo e conseguiu ser capa de diversas revistas especializadas.

          Mesmo nova, foi obrigada a se mudar para Nova York em uma colônia de garotas, também modelos, eram todas lindas e cheias de planos, porém, dia após dia, semana após semana, com a mesma intensidade em que garotas cheias de planos chegavam, outras ainda mais iludidas iam embora, muitas delas grávidas de celebridades e subcelebridades que lhes prometiam o mundo, mas depois que haviam conseguido o que queriam, simplesmente sumiam, mas Denise Richards nunca foi uma garota que caiu no canto da sereia, havia sido muito bem orientada quanto a isso.

          Para uma garota linda e talentosa, conquistar o mundo parecia uma tarefa doméstica simples, todos ao seu redor estavam sempre querendo agradá-la, faziam mil promessas em troca de sua vida ou de um momento, mas essa não era a vida que havia sonhado para si, era a vida que sua mãe havia sonhado.

    Caroline Richards foi uma garota que havia caído no canto da sereia, que orientara tão cuidadosamente sua filha, pois foi exatamente isso que havia acontecido, acreditou em um figurão do mundo da moda e se entregou de corpo e alma àquele romance, porém, quando a gravidez veio, ele simplesmente cortou todos os seus contratos e a deixou à mingua e nunca mais conseguiu se levantar no mundo da moda, até quando sua filha completou catorze anos de idade e tudo parecia novamente um conto de fadas, até que a vida quis lhe dar uma nova rasteira.

          Em uma bela tarde quando foi buscar sua filha e em um momento de distração, foi atropelada por um ônibus.

          A notícia chegou em Denise como se fosse o mesmo ônibus, porém, estava passando por cima de sua alma.

          Todos da agência fizeram uma vaquinha e pagaram o enterro de sua mãe, a partir desse momento, ela seguiu sem impedimentos em sua carreira, mesmo seu coração apontando em outra direção, mas ela sabia que seria questão de tempo realizar seus sonhos.

         

COM A VIDA AGITADA do marido, Denise se dedicava quase que exclusivamente à família, principalmente depois do nascimento de Wendy, a caçula do casal, pois ela havia ficado muito doente, mas graças aos melhores médicos do mundo a garotinha da família Spencer havia ficado curada e era a menina dos olhos do casal.

          Denise nunca se arrependeu de largar sua promissora carreira para se dedicar aos filhos, mas sentia um vazio dentro dela e sabia que esse vazio era a insatisfação pessoal por não conseguir realizar alguns de seus projetos pessoais, que ela tinha certeza absoluta que iriam frutificar.

          Mas assim, coo acontecia com todos ao seu redor, sua vida também girava em torno de Evan e suas mais banais e irrestritas vontades...

          Mesmo assim, com os milhões que o marido ganhava com seus livros ela pôde ingressar numa carreira extraordinariamente bem-sucedida de socialite onde promove inúmeras festas beneficentes das mais diversas causas, as preferidas dela são as festas onde ajuda crianças e animais desamparados.

          Jullian, o primogênito do casal, era vocalista e guitarrista de uma banda, mas nem seu pai, muito menos sua mãe, confiavam muito nesse talento, pois o garoto vivia sendo chamado pela diretora da escola, o que fazia Denise desconfiar de tudo o que o filho realizava.

DENISE, AO CONTRÁRIO do marido, não gostava muito da badalação que estava sempre rodeando o marido, ela o amava loucamente, tinham vivido uma história de amor que poucas pessoas tinham ousado viver, porém, em algum determinado momento de suas histórias tudo tinha mudado, ela sentia que continuava a mesma, seu marido por sua vez mudou em um aspecto estranho, era o Evan de sempre, porém, comparado com o Evan que conheceu, era uma pessoa completamente diferente daquela do parque.

O DIA ESTÁ PERFEITO... – pensou Denise enquanto estava sentada encarando as crianças brincando com seus cachorros.

          Um jovem músico estava correndo com seu instrumento a tiracolo, quando tropeçou e espalhou toda a comida que ela cuidadosamente tinha colocado ao seu lado.

          Os dois se olharam estranhamente, mas demorou poucos segundos até entenderem que suas vidas jamais seriam as mesmas.

          — Desculpe – disse o garoto que imediatamente tentou organizar a comida, porém, metade dela estava em sua blusa.

          Denise sorriu gentilmente.

          — Acontece... só estou preocupada, pois...

          Ela apontou para o peito dele, que estava repleto de comida.

          — Mas que droga... tudo está dando errado hoje...

          Ele percebeu a gafe que tinha cometido.

          — Quer dizer...

          — Relaxa...

          Ela tirou a blusa que era unissex, porém, de cor salmão e lhe entregou.

          Se você vestir isso vai conseguir ir ao seu concerto.

          Ele imediatamente tirou a camisa e ela pode contemplar um jovem atleticamente musculoso e ao vestir a blusa, que ficou colada, sentiu incomodado.

          — Não está estranho?

          — Digamos que está... diferente.

          — É isso ou nada... então... quer ir?

          Ele nem esperou a resposta dela, a segurou pela mão e saiu correndo segurando sua mão e quinze anos depois ainda estavam de mãos dadas.

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