- Bom dia Ardhie! O que é tão importante que não pode esperar eu descansar um pouco? E o que eu faço na cena do crime? Pelo que sei não posso estar aqui.
- Bom dia, percebe-se que não dormiu ainda! Sua transferência chegou. Preciso da sua ajuda aqui, encontrei mais dois e-mails, mas ainda não são suficientes.
- Onde encontrou isso? O Luidi disse que não tinha mais nenhum equipamento.
- Depois que você saiu, encontraram jogado atrás do muro dos fundos no meio de um mato.
- AAAH! Faz sentido. O que quer que eu faça?
- Mexa nele, você parece que tem uma mão mágica.
- Não, eu tenho os programas certos!
- O que podemos fazer depois que você terminar aqui?
- Você irá trabalhar e eu dormir.
- Nossa! Está precisando mesmo...
- Ardhie, por que eu?
- Como assim? Não entendi.
- Não foi só por eu ser quem eu sou, teve algum motivo para o Geissom ter pedido para eu vir para cá. Qual foi?
- Não começa Nia! Sabe que a sua técnica de interrogação não funciona comigo! Trabalhamos tempo suficiente para eu te conhecer também.
- Não, não estou interrogando. Quero saber como amiga, você falou alguma coisa?
- Não. Foi o diretor, eu só confirmei o que ele falou de você. Não está feliz aqui? Quer voltar?
- Não, eu não quero voltar. Só achei que fosse ser igual à Nova York, lá eu fui a campo.
- E quase tomou um tiro!
- Cara, eu fui preparada para trabalhar no México... Acha que isso me assusta?
- Devia! Aqui não é tão fácil assim.
- Bom dia Luidi!
- Achou algo mais?
- Ainda não, estamos esperando recuperar os arquivos deletados. Irá levar mais uma hora.
- Irei dar uma olhada melhor lá na rua. Quando terminar me chame.
- Nia, quando trabalhamos em Nova York era diferente, estávamos sob responsabilidade do FBI, agora é da inteligência. Veja, você ainda tem tempo de sair do laboratório.
- Eu não quero sair do laboratório, sei que nosso trabalho é tão importante quanto o deles. ACHEI!
- Não perdeu isso ainda? Que susto.
- Encontrei, por isso não encontramos, está no celular dele. Imaginou que destruir o celular iria impossibilitar de encontrarmos. Há! Não conseguiu... - Virei de frente para ele. - Ardhie, eu quero ir a campo para que as coisas não se percam você sabe muito bem que um HD pode estragar com uma simples batidinha, um pen drive pode sumir e um celular pode ser destruído. Eu não quero dar chance para essas coisas acontecerem!
- Eu adoro o jeito que você pensa e trabalha, mas aqui é diferente. Terá que acostumar. Um conselho de amigo, não espere elogios, o Geissom é igual a você, só não é tão arrogante, isso você ganha dele, acho que só não ganha do Roger mesmo... Mas pode tentar competir com ele, vocês se dariam bem neste ponto...
- Sai daqui, vai chamar o Luidi!
- Também te amo querida!
Trabalhar com uma pessoa que conhece você é bom, mas tem horas que isso importuna. Luidi chegou.
- Ótimo, irei levar para o laboratório, vamos Ardhie! E você, irá dormir, hoje a noite ajudará na interrogação!
- Que? Irão deixar? Eu?
- Seu currículo diz que tem um jeito incomum de fazer isso quando encontra as evidências necessárias. O Geissom disse para colocá-la junto na sala que saberá quando e como agir.
- Ela tem um jeito bem incomum... Essa é a descrição? – Ardhie começou a rir.
- Fica quieto. Certo, irei me preparar para isso então.
- Tudo bem, irei pedir para um dos policiais te levar em casa.
- Obrigada.
- O que? Ela agradeceu?
- Tchau Ardhie!
- Se cuida, come algo antes de dormir...
Chegou a bendita hora do interrogatório, eu estava ansiosa para entrar na sala. Tudo corria dentro do normal, Kathiane e Luidi estavam conduzindo a entrevista enquanto eu aguardava o tropeço dele para entrar na sala. Pouco mais de uma hora... Agora. Entrei divando na sala com meu chapéu e meu salto doze, interrompendo tudo que estava acontecendo... Depois me pergunto o motivo de não ir a campo e me quererem dentro do laboratório, será que eu ser excêntrica ajuda? Enfim...
- Boa noite! Eu me chamo Lavínia, irei fazer algumas perguntas para o senhor! Na verdade irei começar com uma afirmação. - Blefe é um dos meus maiores aliados, passaria em um detector de mentiras sem ele mexer, nem mesmo se eu ficar pulando e respondendo ao mesmo tempo. – Eu acredito que é inocente! - Kathiane e Luidi me olharam, foi quando minha expressão mudou. – Eu só gostaria de saber, onde está seu celular?
- Pois já disseram, está com vocês!
Puxei um celular destruído e coloquei na mesa. – Este é seu celular?
Cheguei a ver o brilho nos olhos dele quando avistou. – Não, não é este!
- Pois bem, então estamos com o celular errado, de quem é este? O senhor sabe me dizer?
- É, eu não faço ideia.
- Não mesmo? Este é o celular da vítima!
- Não é não, jogu... – Ele parou subitamente.
- Jo... O que? Não precisa parar de falar.
- Quero meu advogado...
- Pronto! É com vocês, só arranquem a confissão!
Os dois se olharam enquanto eu saia.
- O que foi aquilo?
- Meu jeito de interrogar!
- Você não interrogou, você o encurralou.
- Não gostou Greg? Na próxima vez você vai no meu lugar! – Certo, tenho que admitir que sou um pouco arrogante, mas acho que não tanto quanto acham que sou.
- Desculpa, é que você faz muito diferente.
- Vai para o México que você aprende.
Sentei na minha sala e achei uma barra de chocolate do Ardhie, ele não ficará bravo, troquei por um bilhete. Tirei meu sapato, meu chapéu e joguei no sofá.
- Como fez aquilo?
- Estudando ele enquanto os dois o interrogavam, percebi que sendo direta eu conseguiria mais em menos tempo.
- Não aprendeu isso nas suas faculdades, como aprendeu?
- Com um dos melhores agentes que o FBI já teve, desde meu estágio, meu pai, morto junto com minha mãe por um maldito assassino que o juiz disse não ter provas suficientes para prendê-lo. Tendo em mãos a arma, testemunhas e as digitais nos óculos da vítima. O desgraçado foi subornado. Não descansei enquanto não consegui provar. Meu irmão e eu não conseguimos nos conformar com isso.
- Seu irmão está em Nova Jersey?
- Sim, ele pediu transferência para lá, a namorada dele é de Jersey.
- Entendo... Bom trabalho!
- Geissom. – Ele parou e virou para mim. - Obrigada!