Alycia Hernández sempre nutriu um amor platônico pelo filho dos patrões de sua mãe, Josh Kent, desde menina ela descobriu o amor na sua forma mais pura e inocente. Porém, a menina doce e ingênua se transformou em uma brilhante advogada, forte e determinada, mas numa dessas armadilhas da vida eles se reencontram em posições iguais, ou seja, dois advogados tendo que trabalhar em conjunto para conseguir vencer um caso complicado. Será que a atração que os cerca e o amor que Alycia ainda nutre por Josh será capaz de resistir às revelações que serão desencadeadas com a aproximação deles?
Ler maisDez anos antes.
Quando tudo começou...
Ao entrar na cozinha dos Kent, a procura de mamãe, parei abruptamente ao me deparar com um rapaz que jamais tinha visto, até então, nesta casa. Ele era, sem sombra de dúvidas, o rapaz mais bonito que já tinha visto em toda minha pouca existência, alto, cabelos negros como a noite e lindos olhos azuis, de uma tonalidade equivalente ao azul do mar.
Eu tinha doze anos de idade e mamãe era a cozinheira da família Kent há muitos anos e, segundo ela, sua mãe tinha exercido o mesmo cargo antes de lhe ensinar a arte da culinária, preparando-a para que ocupasse o seu lugar quando não mais estivesse entre nós, e assim foi, eu, apesar da pouca idade almejava um futuro diferente, queria exercer uma profissão e ganhar muito dinheiro para tirar mamãe e eu dessa casa.
- Tudo bem, Sr. Kent. - Volto dos meus devaneios ao escutar a voz de mamãe ao responder o rapaz que até então não sei quem é.
Permaneço no mesmo lugar, olhando fixamente o moço bonito que deve ter mais ou menos uns dezessete ou dezoito anos, apesar de ser bem grande e forte preenchendo a camiseta branca em que está vestido. Neste momento seus olhos azuis colidem com os meus, me trazendo falta de ar. Não sei o que é isso que está acontecendo comigo, mas parece que eu já o conhecia antes, não sei o que é esse sentimento forte que tomou conta do meu peito imediatamente ao olhá-lo, é como se fosse um reconhecimento, não sei, só sei que fiquei paralisada.
Mamãe, finalmente, percebe minha presença e vem até mim.
- Sr. Kent, está é minha filha, Alycia, e este, Alycia, é o filho do Sr. Kent, Josh Kent - Mamãe fala nos apresentando, porém fico ainda sob o efeito da letargia que me abateu e só faço piscar os olhos o encarando. Acho que ele deve ter estranhado meu estado de torpor, mas sequer deu atenção. Vira-se para minha mãe e fala:
- Não sabia que a senhora tinha uma filha, dona Eva, porém isso não vem ao caso no momento, porque sua vida privada não me diz respeito, só peço que a senhora ensine desde logo a sua filha qual o lugar dela nesta casa e que não deve ficar perambulando pelos cômodos sem autorização - dito isto, se virou e foi embora me deixando ainda sem entender o que tinha acabado de acontecer e por qual motivo ainda estava em estado de choque, tanto por sua visão, como pela grosseria de suas palavras.
Desde esse dia em diante eu não conseguia mais parar de suspirar toda vez que via o filho do dono da casa em que morávamos. Pelo que mamãe me falou a seu respeito, ele vivia em um colégio interno e ao terminar os estudos tinha conseguido passar no curso de Direito em Harvard e que por esse motivo tinha retornado para cursar a faculdade, iria seguir pela carreira jurídica, creio que por influência do seu pai o famoso juiz Kent, mas apesar das semelhanças na escolha da profissão, parece que esse era o único ponto em comum entre os dois, pois eles viviam em pé de guerra. Brigavam constantemente e a senhora Kent sempre tomava as dores do filho, mas de maneira que não contrariasse totalmente o seu marido, mais em cima do muro impossível. Eu sequer entendia o que se passava naquela casa, mas de uma coisa eu tinha certeza, a senhora Melissa Kent, me odiava e não fazia questão de esconder isso de ninguém, inclusive de minha mãe, que apesar de não gostar da forma com que eu era tratada por sua patroa, não podia fazer nada, pois ambas dependíamos do salário que ela recebia e da casinha que ocupávamos no fundo da propriedade dos Kent's.
Por esse motivo evitava ao máximo entrar na casa, apesar da vontade enorme de ver meu príncipe, é assim que me refiro ao Josh, filho dos Kent, desde aquele dia, há uma semana atrás, não o vi mais de perto, só conseguia vê-lo de longe, sempre estava acompanhado de uma moça loira da mesma idade que a sua, ao que me parece, porém eu jamais me aproximava com medo de sua reação ao me ver.
Observava-o de longe e toda vez que o via meu peito se enchia do mesmo sentimento forte que senti ao vê-lo a primeira vez, desenhava seu nome no meu diário e sonhava que um dia, quando estivesse grande, iríamos nos casar e morar numa casinha branca, ter dois filhos e um cachorro. Estava perdida nos meus sonhos de menina e não percebi quando se aproximaram de mim, estava sentada na grama do imenso jardim da mansão escrevendo em meu diário, só percebi quando ouvi a voz grave bem atrás de mim e que me fez arrepiar da cabeça aos pés, me fazendo virar imediatamente.
- O que você está fazendo sentada aí menina? -Era Josh com a moça loira pendurada em seu pescoço, e que me olhava como se eu não fosse nada menos do que um inseto, tamanha era sua expressão de nojo ao me fitar.
- E-eu estou es-escrevendo, senhor -gaguejei ao responder sua pergunta, baixando a cabeça na mesma hora, envergonhada, pois tinha certeza que minhas bochechas estavam vermelhas, pois sentia-as arder. Escutei a loira rir de mim, seguida pelas risadas do meu príncipe, o que fez meu coração doer e as lágrimas correrem soltas por meu rosto.
- Parece um bichinho assustado -foi a loira nojenta que falou ainda gargalhando de mim.
- Pensei que você não soubesse falar menina, desde o dia que a conheci não te vi falar uma única sílaba até este momento -olhei para ele embasbacada por ele ter prestado atenção em mim, ao menos um pouquinho, para ter percebido que no dia que nos conhecemos eu sequer pronunciei uma única palavra.
- Quantos anos você tem? -Eu mais uma vez levantei a cabeça e olhei no mar azul que era os seus olhos e por pouco não me perdi neles mais uma vez, porém consegui responder à pergunta dele.
- Tenho doze anos, senhor. -Ele me olhou, por um longo tempo até que a loira aguada pendurada em seu pescoço, resolveu falar mais uma vez, tirando sua atenção de mim.
- Vamos logo Josh, não estou a fim de ficar o dia todo aqui brincando de casinha com essa pirralha. Prefiro brincar de coisa bem melhor, vamos -ela sorriu para ele que sequer voltou a me olhar e foram para dentro da casa.
Eu permaneci no mesmo lugar, sonhando com o meu príncipe e com o nosso futuro juntos, além de escrever inúmeras frases de amor para ele.
Josh Kent meu primeiro e único amor.
JOSHPor causa da minha arrogância e prepotência, acabo de perder a única mulher que já amei na vida. A fiz sofrer de tal maneira que se houvesse justiça realmente, eu é que deveria estar sofrendo e não ela.Quando esse plano todo começou, a princípio não quis participar dele, pois achava, Alycia Hernández, muito pouca coisa para mim, pois eu, Josh Kent, advogado conceituado e com um dos sobrenomes mais imponentes do Estado, quiçá do país, jamais me envolveria com a filha da empregada, ainda mais aquela que sempre me perturbou pela maneira com que me perseguia quando ainda era menina e mais ainda quando se tornou adulta e passou a frequentar a mesma faculdade que eu. Quando a vi pela primeira vez na faculdade fiquei possesso, porque não entrava em minha cabeça como uma instituição de peso como Harvad admitiria uma filha de emprega
─ Na competência da nona vara judicial do Estado de Boston, contra Albert Thompson, na acusação de estupro impetrada pela senhorita Anny Bishop. Este tribunal decreta o réu inocente da acusação. Após o juiz ler o veredito, que lhe foi entregue por um dos membros do júri, comemoramos euforicamente com abraços e apertos de mãos, pois este é o resultado de meses de trabalho árduo e uma dedicação quase que total. Thompson é um dos mais eufóricos, também pudera, porque ele estava sendo acusado injustamente de algo que não cometeu. Saímos do tribunal direto para o escritório de Josh para uma pequena comemoração organizada por Thompson, regada a champanhe, bolo e salgadinhos. Tudo estava correndo maravilhosamente bem até Scott se aproximar de mim e puxar assunto, a princípio não vi mal algum em conversar com ele até porque somos colegas de profissão, porém ao sorrir de algo que ele comentou e levantar minha vista por sobre seu ombro vejo Josh do outro lado da sala com um ol
Os trâmites da audiência ocorreram de acordo com o previsto. Além do depoimento da vítima, foram ouvidos o senhor Thompson, o porteiro do prédio e alguns seguranças que estavam trabalhando naquela noite, mas nenhum desses teve relevância quanto as alegações impostas ao caso. ─ Mais alguma testemunha, senhores? – Questiona o juiz. ─ Sim, meritíssimo. Gostaria de chamar a testemunha, Consuelo Garcia Lopez. ─ Protesto, meritíssimo. Esta testemunha não estava atrelada ao rol de testemunhas, muito menos fui informado sobre ela, sendo assim, não me encontro preparado para interpelar a mesma. – O promotor manifesta-se indignado. ─ Protesto negado. Mas, faremos um intervalo para que o senhor se prepare adequadamente e depois do almoço retornaremos. – O juiz bate o martelo e sai em seguida da sala. Juntamos nossas coisas sobre a mesa e saímos, com o promotor a nossa frente resmungando sobre não estar certa a atitude do juiz e que ele deveria adiar o ju
Um mês após nossa viagem à Santa Mônica e com os Garcias devidamente alojados e seguros de qualquer mal que os possa atingir, principalmente agora que estamos na véspera do julgamento, tudo está uma confusão, a imprensa não fala de outra coisa, a não ser sobre o caso Thompson versus Bishop já que nosso cliente é um dos empresários mais conhecidos em nosso Estado. E como se não bastasse todo esse circo em torno do caso, ainda correm por fora inúmeras fofocas e insinuações em relação ao meu envolvimento com Josh, que só por ter esse sobrenome já é motivo suficiente para boatos, porque segundos estes mesmos sites ele abandonou a socialite e herdeira do Império da aviação por mim. Por causa desse tipo de exposição na mídia que o caso em que trabalhamos nos traz, decidimos não andar muito colados, para não chamar atenção demais para o nosso relacionamento, porém é muito difícil estar perto dele e não querer tocá-lo ou beijá-lo e num desses rompantes, Josh, ao saí
─ Podemos entrar para falar com a senhora? ─ A mulher olha de mim para Josh e vice- versa. Balança a cabeça num gesto afirmativo nos dando passagem. Quando entramos na pequena moradia é que percebo um senhor atrás da mulher, o que creio se tratar do seu esposo. ─ Sentem-se, por favor. ─ Ela nos indica um sofá no canto da sala. Caminhamos até lá e nos acomodados. O ambiente é bastante humilde, porém organizado. Após a senhora e seu esposo sentar-se em duas cadeiras a nossa frente Josh começa a falar. ─ Senhora Garcia,a doutora Hernández e eu viemos aqui falar com a senhora no intuito de tentar convencê-la a testemunhar a nosso favor no julgamento do seu ex-chefe. Sei que já tivemos esta conversa uma outra vez antes e nessa vez sua resposta foi negativa, porém preciso que a senhora compreenda que se não testemunhar uma pessoa inocente será punida e sua consciência não a deixará viver em paz. ─ A mulher olha, porém faz um gesto negativo com a cabeça e fala.
O som do telefone sobre sua mesa tocando preenche o ambiente, tirando nossa atenção dos papéis. Josh levanta e vai até lá atendê-lo. ─ Certo, senhorita Fisher. Dê-me dois minutos e pode mandá-lo entrar. ─ Ele termina a chamada e vira-se para mim. ─ O detetive que contratei está aí fora, ele havia me ligado mais cedo informando que tinha novidades sobre o paradeiro da Senhora Garcia. ─ Que ótima notícia Josh! ─ Exclamo com entusiasmo, pois saber que estamos próximos de encontrar o paradeiro da testemunha que é chave principal da nossa defesa é, com certeza, cinquenta por cento de chances da nossa vitória. ─ Vou ao banheiro e volto rapidinho. Vão começando sem mim. ─ Certo. Ao chegar no banheiro, faço xixi, lavo as mãos, confiro o visual e após checar que está tudo em ordem, saio. Entro na sala e vejo dois homens sendo cumprimentados por Josh com um aperto de mão firme. Assim que adentro ao recinto, seis pares de olhos me f
Último capítulo