A garota da casa ao lado
A garota da casa ao lado
Por: aninha
Capítulo 1

O relógio no meu pulso marcava 06h da manhã. Abri a porta cuidadosamente, fazendo o mínimo de barulho possível. Não queria acordar a fera chamada dona Wanda.

Eu fugi de casa no meio da noite pra ir pra balada com o Bernardo e alguns amigos.

Até aquela chata da Camila foi. Ela pode até ser bonita, gostosa... mas é muito grudenta, e espera até hoje que eu assuma um namoro com ela. Eu. Que menina doida.

Meu nome é Heitor Aguiar, tenho 18 anos e sou o mais popular da escola. Modéstia à parte, beleza é o que não me falta.

Meu melhor amigo é o Bernardo, ele é quem sempre está do meu lado e sempre me ajuda quando eu preciso. Podemos discordar em algumas coisas, mas sempre damos um jeito de nos resolver.

Meu pai foi embora de casa quando eu tinha 3 anos, então eu mal lembro dele. E nem faço questão. Desde aí, minha mãe trabalhou duro pra conseguir me proporcionar uma boa vida. Eu posso até aprontar de vez em quando, mas sempre fui um bom filho.

— Heitor Aguiar! — Ouço a voz furiosa de minha mãe e paro imediatamente. Fecho os olhos com força, esperando o que vem pela frente.

— Oi, mãe! — Aceno pra ela assim que me viro. — Você acordou cedo.

— Posso saber onde você estava? Eu te liguei a noite toda preocupada.

— Eu... Eu dormi na casa do Bernardo. Nem imagina como ele estava, passou a noite com dor.

Disfarcei e fiquei aliviado quando vi o rosto dela mudar pra uma expressão preocupada.

— Porque, o que aconteceu?

— Ele teve uma crise de ...virose ...e ficou com muita dor de cabeça, eu fui lá dar uma força.

Ela me analisa por alguns minutos e começa a rir debochada. Fico confuso.

— Eu te conheço como a palma da minha mão, garoto. Admite logo que você passou a noite na farra.

Rio nervoso esperando um sermão.

— Tudo bem, filho. Da próxima vez, me liga avisando. Eu já disse que você pode sair quando quiser. Só precisa me avisar, tá bom?

Me jogo nos braços dela e começo a encher seu rosto de beijos.

— Eu já disse que você é a melhor mãe do mundo? — Ela ri descontrolada tentando se soltar.

— Garoto, você vai me derrubar!

Solto ela e dou um beijo em sua testa.

— Aproveita que esse é o seu último dia de férias, e vai dormir pra tirar essa cara de ressaca. — Ela me guia até a escada. — Amanhã começa seu último ano escolar, e você precisa estar bem.

— Pode deixar, dona Wanda. — Sorrio e subo pro meu quarto.

Nada como um bom banho e um dia de sono.

Acordo por volta das 16h da tarde. Ainda sinto uma leve dor de cabeça,  mas nada que um analgésico não resolva. Me levanto da cama, seguindo um som que vinha do outro lado da rua. Parecia um caminhão estacionando.

Caminho até a janela e vejo o grande caminhão de mudança. Parece que eu tenho novos vizinhos. Não dou muita importância e vou pra cozinha atrás de comida.

— Até que enfim, irmão, eu já tava indo embora! — Sou atingido em cheio por uma almofada.

— Nossa, Bernardo, como é que você consegue ter todo esse entusiamo depois de passar a noite bebendo? — Pergunto ao me sentar ao seu lado no sofá.

— Eu fiquei assim depois de ver a sua nova vizinha. — Ele sorri malicioso e eu reviro os olhos.

— Por que? Ela é bonita? — Pergunto sem muito entusiasmo.

— ELA É UMA DEUSA! — Ele grita e eu fecho os olhos com força, sentindo minha cabeça latejar.

— Cara, fala baixo, pelo amor de Deus.

— Quando você ver ela, vai me dar razão. — Ele fala em um tom mais baixo.

— Tá, tá. Cadê a minha mãe?

— Ela disse que tinha umas coisas pra resolver.

— O que você quer fazer? — Pergunto já sabendo a resposta. — Quer que eu vá lá dar em cima dela, né?

Vejo o sorriso dele se alargar e os olhos brilharem de ansiedade.

— Tudo bem, mas só porque você disse que ela é gata.

— Vai lá, irmão. — Ele me guia até a porta de casa.

Bufo e abro a porta. Assim que ponho os olhos pro outro lado da rua, vejo uma garota carregando algumas coisas.

Bernardo estava certo.

Essa garota é um arraso. Ruiva, pele clara, e que roupa hein. Com esse short que ela está usando, não tem como não chamar atenção.

Atravesso a rua e me aproximo. Ela está tão distraída com as caixas que não nota a minha presença. Fico por longos segundos apenas encarando.

— Ah... oi? — Sua voz doce me tira dos meus pensamentos.

— Oi... é... — Droga, o que eu falo? — Acho que você é a minha nova vizinha. Eu sou o Heitor, moro aqui na frente.

Estendo minha mão. Ela sorri de lado, e me encara com aqueles olhos azuis tão profundos. E o idiota continua com a mão estendida.

— Legal. O que você quer mesmo? — Ela arqueia a sobrancelha e eu perco totalmente a fala.

— Eu só vim me apresentar. — Digo com a voz irritada. — Sabia que você é muito linda? Não consegui parar de te olhar.

— Já se apresentou.

— Não vai me dizer seu nome? — Tento outra vez.

— Valentina! — Uma voz grossa masculina vem de dentro da casa.

— Tô aqui! — Ela responde.

Não demora muito e um homem musculoso e com os olhos tão azuis quanto os da ruiva aparece. Concluo que seja o pai dela.

— Já tá fazendo amigos, filha? — Ele põe a mão no ombro dela.

— Na verdade não. — Ela responde olhando fixamente pra mim. — Esse é o nosso vizinho. Helinor, né?

— Heitor. — A corrijo. Sei que ela está  fazendo só pra me irritar. — É um prazer, senhor...

— Leonardo. — Ele estende a mão e eu aperto. Esse é mais educado pelo menos. — Sou Leonardo Coimbra e essa é a minha filha. Valentina.

Valentina revira os olhos sorrindo.

— O Heitor... se ofereceu pra ajudar a gente a levar as caixas lá pra dentro, pai.

O QUEEE?

— Ham? — Resmungo incrédulo.

— Ah, então vem. — Leonardo me puxa pra onde estão as caixas. Tento me soltar, mas já é tarde demais.

Olho pra trás e Valentina está rindo de mim, debochando da minha cara.

Ah, ruivinha... você me paga.

Entro em casa soltando fumaça.

Bernardo está se contorcendo de tanto rir.

— Não tem graça, idiota.

— Tem... tem sim... — Ele tenta falar entre o riso.

— Ela brincou com a minha cara. Nenhuma garota nunca fez isso comigo. — Esbravejo indignado. — Quer dizer, olha pra mim.

— Ela te desafiou. Isso tudo é um joguinho. — Ele me explica como se fosse a coisa mais séria do mundo.

— Como assim?

— Vamos fazer uma aposta? — Ele joga seu olhar misterioso. — Eu te dou até o fim dessa semana pra ficar com ela. Seu ego de pegador vai continuar intacto, e sua teoria de que nenhuma garota pode resistir a você vai se comprovar.

— E o que eu ganho em troca? — Entro no jogo.

— Sua reputação intacta?

— Fechado. — Aceito sem pensar.

É só mais uma garota, ela vai ficar louquinha por mim.

Todas sempre ficam.

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