Capítulo 4
Eu estava quase tentando me explicar quando a Kitty começou a se jogar no chão, fazendo um escândalo porque queria ir para o segundo andar ver desenho animado.

Sam largou o garfo e a faca na hora.

— Vou levar ela lá para cima.

Assim que eles saíram, Lily enxugou as lágrimas de repente e me encarou com um olhar frio e sarcástico.

— E então, Echo... Como é viver cinco anos fingindo ser companheira de mentira? — Ela se inclinou na minha direção, provocando com voz baixa e venenosa. — Ah, e por sinal, a Kitty é minha filha. Aposto que você não sabia disso, né?

Num piscar de olhos, ela desapareceu para surgir bem diante de mim.

— O certificado de companheiro verdadeiro é meu e do Sam. Se eu fosse você, criava um pouco de vergonha na cara e sumia daqui. Ninguém te quer mais aqui.

Assim que terminou de falar, esfregou com força um pedaço de pão na minha boca.

— Você não passa de uma coisa imunda, merece mesmo comer pão com erva venenosa.

O gosto amargo da erva começou rapidamente a entupir a minha garganta. Caí sentada, lutando para respirar.

Com uma velocidade assustadora, Lily transformou a mão em garra e fez um corte fundo no próprio peito, deixando o sangue escorrer e manchar sua camisa branca.

Gritando em desespero dramático, ela chamou a atenção:

— Echo, não me machuca! Eu não devia ter vindo morar aqui, vou embora. Me perdoa por favor.

— Lily! — Sam desceu correndo do segundo andar, pálido de pavor. Pegou a Lily ensanguentada no colo, e olhou para mim como se fosse me matar com o olhar. — Você perdeu o juízo de vez, Echo? A Lily só queria fazer um carinho para você, fica algunas dias para ajudar a Kitty, e olha o que você faz! Não tem limite mesmo. Quando a gente voltar, quero que peça desculpa para ela.

Enquanto Sam me acusava, Lily se fingia de fraca em seus braços, mas me lançou um olhar triunfante, como se tivesse vencido uma guerra que só ela enxergava.

Eles saíram, e nem uma única vez Sam olhou para mim. Fiquei ali, com o rosto queimando e a garganta ardendo por causa da maldita erva.

Cada passo era uma dor. Mesmo assim, fui para o quarto cambaleando. Procurei o antídoto ao lado da cama e tomei. Os sintomas foram passando devagar.

Meu coração já estava em ruínas.

Olhei para foto do nosso casamento e comecei a tirar tudo da gaveta. Eram fotos, presentes, lembranças... O anel de companheiro, o colar feito com presa de lobo, a bolsa de pele de raposa, pedra da lua, as esculturas...

Destruí um por um, até o jardim de rosas que o Sam plantou para mim lá no quintal eu arranquei e queimei.

Não queria mais nada daquilo, nem do Sam.

A partir daquele momento, ele estava morto para mim.

Mal o sol se pôs, gente da minha família apareceu para me buscar. Resolveram todos os documentos e me tiraram da Alcateia Lua Branca de vez.

No hospital dos lobisomens, Sam passou a noite inteira sentado ao lado de Lily, sem conseguir dormir. Ela o chamava e ele nem ouvia.

— Sam, meu peito dói, mas não culpe a Echo. Ela só ficou magoada, deve estar com ciúmes porque eu fiquei com você e a Kitty...

Antes que Lily terminasse a frase, alguém bateu apressado à porta.

O beta de Sam surgiu esbaforido, avisando com uma voz nervosa:

— Alfa, a Echo sumiu! O pessoal já confirmou que ela saiu oficialmente da Alcateia Lua Branca hoje à tarde!
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App