Sophie Narrando
Acordei com o som do meu próprio silêncio. Um silêncio tão profundo que era quase estranho. Passei o dia inteiro dormindo. Literalmente. Meu corpo parecia ter desligado, como se dissesse: “Chega. Você precisa parar.” E eu parei. Chris tinha saído cedo, foi trabalhar, e eu fiquei aqui sozinha, no canto do apartamento que ele gentilmente dividiu comigo nesses últimos dias.
Quando abri os olhos, o relógio já marcava quase seis da tarde. Dormi mais de dez horas seguidas. Isso nunca aconteceu comigo, pelo menos não desde que minha vida virou esse turbilhão. Me levantei com certa preguiça, os músculos pesados, mas o alívio de finalmente ter descansado um pouco era maior que qualquer peso no corpo.
Fui direto pro chuveiro. A água morna me acordou de vez, e fiquei ali um tempo, deixando a água cair, escorrer por mim como se lavasse tudo o que ainda me restava de mágoa, tristeza, medo. Respirei fundo, me enxuguei e me vesti com uma roupa confortável.
Na cozinha, abri a geladei