Luna Narrando
Desde que voltei de Fortaleza, alguma coisa dentro de mim já dizia o que estava acontecendo. O corpo começou a dar sinais tão familiares que eu não podia ignorar. Os enjoos logo nas primeiras manhãs, aquele cansaço que surgia do nada, a sensibilidade que parecia maior que o normal, era como reviver tudo de novo. No fundo, no mais íntimo do meu coração, eu sabia: estava grávida. Só que eu não quis falar nada. Não quis fazer teste, não quis comentar com ninguém. Era como se eu precisasse guardar esse segredo só pra mim por um tempo, até o momento certo de revelar.
Os dias foram passando, e os sinais ficaram mais claros. Mas aí veio o pesadelo: o sequestro da Flora. A preocupação com a minha irmã, o medo, a angústia tomaram conta de mim de um jeito que nem consigo explicar. E os enjoos ficaram ainda mais fortes. Eu já não conseguia mais esconder de mim mesma nem do Marcos. Na noite, respirei fundo e chamei ele pra conversar.
— Marcos, eu acho que estou grávida — falei baix