Capítulo 03

No dia seguinte Beatriz foi surpreendida por uma ligação de Joana, a pedido de Jefferson. Ele queria confirmar se ela aceitava jantar com ele em um dos restaurantes mais caros do Rio de Janeiro.

Quem ele pensava que ela era? Uma garota de programa que acertava o encontro com o agenciador? Se ela queria jantar com ela porque ele mesmo não tinha ligado?

- Diga a ele que agradeço, mas não estou interessada

Dez minutos depois ela ligou de novo

- Ele disse que pode trocar de restaurante se isso for o problema

Beatriz respirou fundo.

- Não. O problema não é com o restaurante. Eu não quero jantar e pronto

Cinco minutos depois ela voltou a ligar

- E agora? Qual é o recado?

- Ele disse que vai até sua casa

- Pode passar o telefone para ele por favor?

Demorou uma eternidade para ele atender

- Olá Beatriz

- Não tem vergonha de fazer sua secretaria de garoto de recado não?

- Mulher difícil você hein!

- Desculpe, você deve estar acostumado com mulheres se jogando para cima de você o tempo todo

- É, nunca precisei insistir muito, principalmente depois que fiquei rico

- Ótimo, então procure outra que goste de homens noivos, ricos e sem vergonha

Ele deu uma gargalhada.

-Tudo bem, você que sabe. Eu acho que você deveria sair comigo

- Posso saber porquê?

- Se você viesse eu te mostraria

Ela se arrepiou dos pés à cabeça

- Vamos parar com esse joguinho, preciso sair para trabalhar, adeus.

- Até mais, gata selvagem, nos veremos quando eu voltar de Nova York daqui a quinze dias. Procure não sentir saudades.

Ela desligou na cara dele.

***

Os quinze dias teriam sido longos se ele não tivesse descoberto seu número de W******p e passado a enviar mensagens todos os dias.

No primeiro dia foi apenas um oi e ela não respondeu.

No outro dia ele mandou apenas uma figurinha e ela novamente não respondeu.

No terceiro dia ele perdeu a paciência.

- Porra Beatriz! Responde ai

Ela riu satisfeita.

- Oi

- Você ta se divertindo não é?

- Eu? Porque?

-Ta adorando me ver correndo atrás de você

- E você ta correndo atrás de mim é?

Ele riu maliciosamente

- Deixa eu te pegar que você vai ver...

Beatriz já estava ficando curiosa. O que um homem daquele tinha visto nela. Uma moça simples, nada requintada para o gosto dele. Ele queria na verdade, mais uma para a coleção de mulheres que diziam que ele tinha. E ela? O que tinha a perder? Nada. Poderia curtir alguns momentos bons com uma cara super lindo. O problema era a noiva dele. Ela não queria estragar o relacionamento de ninguém, mas se ele que era o noivo não estava se importando, não seria ela que se preocuparia com isso.

E assim, durante as semanas seguintes. Ele mandava mensagens todos os dias. Às vezes apenas dizia um oi ou boa noite, mas naquela quinta-feira ele não economizou nas tentativas de fazê-la enlouquecer de tesão. Porque ele não satisfeito em escrever, mandou uma mensagem de voz

- E ai minha gata selvagem? Estou chegando...daqui a dois dias poderemos nos falar pessoalmente. Falar e fazer... muitas coisas também.

Por que ele falava com aquela voz rouca e lenta. Seria proposital? Ela sentiu um calafrio que começou no pescoço e terminou dentro da sua calcinha.

Estou perdida!

Ela não respondeu a mensagem, mas ficou pensando no que faria. Deveria se render e transar com ele pelos menos uma vez para acabar com aquela agonia, ou deveria fugir logo enquanto era tempo?

***

Jefferson terminou a reunião com os funcionários de uma de suas lojas. Precisava deixar tudo certo antes de viajar novamente para o Brasil. Seria uma viagem rápida, mas cheia de compromissos entre São Paulo e Rio de Janeiro. E ainda precisava pensar em como encaixar Alana no meio daqueles compromissos. Precisava falar urgentemente com ela e terminar aquele relacionamento.

Feito isso precisava transar. Com Beatriz.

Nem precisava ser nessa ordem porque ele não sabia se encontrasse Beatriz primeiro se conseguiria resistir. Aquelas duas semanas tinham sido uma tortura para ele. Quando mais falava com ela ou olhava suas fotos no I*******m seu desejo aumentava. Não aguentava mais ficar pau duro e tomar banho frio. Naquele momento ele não queria outra mulher. Estava obcecado em levá-la para a cama e faria isso para saciar aquela fome que o consumia por dentro.

Por isso que ele não pensava em casamento. Como faria como um desejo daquele se estivesse casado? Ele estava bem daquela forma. Iria transar com uma mulher linda e depois cada um seguiria seu caminho e ele estaria livre para outra aventura. Murilo que era um romântico e vivia querendo amarrá-lo ao casamento. Não queria dividir seu coração e nem seu dinheiro com ninguém.

Como era de costume quando ele estava em Nova York ele saiu da lanchonete e foi andando para seu apartamento que ficava a apenas duas quadras da loja. No caminho foi pensando em como a vida fora generosa para ele. A dez anos atrás ele não poderia imaginar que   teria tudo que tinha hoje. Um apartamento muito bom em um dos melhores bairros de Nova York e uma mansão no Rio de Janeiro além de uma gorda conta bancária.  Não lhe faltava nada em termos de bens materiais, mas às vezes ele sentia-se meio angustiado, como se faltasse algo para completar aquela felicidade. Sentia-se sozinho, na verdade. Tinha poucos amigos e muitas mulheres fúteis e interesseiras.  Ainda estava bem viva em sua memória as lembranças da única vez em que ele pensara em casamento e tivera a brilhante ideia de propor separação de bens e sua querida e mal caráter noiva recusara, ou se casava com comunhão de bens ou não casava. Daquele dia em diante ele decidiu que não confiaria nas mulheres, mas a verdade é que já estava um pouco cansado daquela vida nômade, pulando de cama em cama e sempre dormindo sozinho.

Imerso em pensamentos nem percebeu que já tinha chegado em casa e passou pelo porteiro sem nem dar boa noite. Deixou-se cair no sofá e pegou o telefone olhando para o contato de Beatriz, então respirou fundo e gravou uma mensagem.

- E ai minha gata selvagem? Estou chegando...daqui a dois dias podemos nos falar pessoalmente. Falar e fazer... muitas coisas também.

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