Uma esposa por contrato para o cafajeste de Hollywood
Uma esposa por contrato para o cafajeste de Hollywood
Por: Danny Veloso
Prólogo

Era inegável, para quem estava de fora, que tinha algo rolando. Eles se olhavam com tanta emoção, que mais pareciam conversar. O sorriso que ele deu ao encará-la, no ensaio, foi genuíno. Assim, pôde deixar escapar o quão feliz estava em fazer aquilo.

Por dentro, Soph quis bater nele e sentir o ardor em sua mão ao esbofeteá-lo, mas se segurou, limitando-se a esconder seus sentimentos e continuar com a sessão de fotos.

A aproximação, o momento olho no olho e os toques a deixavam com o coração na boca. Como, depois de tudo que ele já tinha feito, seu coração ainda teimava em gostar do cafajeste?

— Você está furiosa — ele disse, tirando-a dos pensamentos.

Ela piscou e achou que tinha imaginado as palavras, no entanto notou que ele a olhava, surpreso. O fotógrafo parou de tirar as fotos. Encurralada, Sophia se viu confusa e com vergonha.

— O quê? — fez-se de desentendida.

— No início a Alex odiava o Christophe, mas não precisa trazer tudo isso de volta. Podemos ficar com a parte boa da coisa. — Aí estava o sarcasmo.

— Acho que essa posição não os favorece — falou o outro homem, que foi até eles e os posicionou como queria. — Sabem aqueles olhares cheios de paixão que fizeram no set? Podem trazê-los de volta.

Como se fosse fácil. Não era uma filmagem. Naquelas situações os dois não estavam tão ligados assim. Ainda mais depois daquele pedido, das palavras e das provocações que aconteceram após as câmeras pararem de gravar.

— O coitado nem sabe que você me odeia — comentou Chris, sussurrando, assim que ele saiu.

Sophia o fitou com os olhos cerrados e percebeu os deles se distanciando até a loira com quem ele conversava antes.

— Quer chamá-la para o ensaio? — Ela ia dizer a si mesma para não demonstrar que estava odiando a troca de olhares e os sorrisos que os dois trocavam, porém foi maior que ela. — Talvez tenha mais clima.

— A culpa não é minha. — Ele não sabia que iria gostar tanto de provocá-la. Sabia que era contraditório. Soph dizia uma coisa, entretanto fazia outra. Ciúme? Ele iria gostar de esfregar isso na cara dela. — É você quem está me olhando como se estivesse magoada.

— Você que está me ignorando — ela finalmente disse.

— Quer saber? Vou dar um tempo para vocês dois. — O fotógrafo bufou, desistindo naquele momento.

Os dois não se importaram. A discussão acalorada era bem mais divertida.

— Não estou ignorando você. — Ele franziu o cenho. — Você me disse para ficar longe. O que quer que eu faça?

— Eu não falei nada disso. — Soph se arrependeu de ter dito aquelas palavras, pois foi aí que ele a pegou desprevenida. — Está com raiva porque eu disse “não” a você?

As coisas estavam ficando realmente boas. O sorriso safado saiu dos lábios dele, causando raiva e arrependimento em Soph.

— Raiva? — Ele se segurou. Tinha que fazer isso. — Querida, não tenho que me rebaixar a isso. Eu fiz uma proposta, você disse não, eu pulei para a próxima.

Ela ficou chocada.

Fui descartada?

Quem via de longe, notava um casal discutindo. Alguns prestavam atenção neles sem ouvir ou saber o que diziam, outros tentavam ignorar.

— Então é isso. — Cruzou os braços. — Pulou para os braços, ou melhor dizendo, para os peitos de uma loira qualquer que conheceu há minutos?

Ela diria: “Controle-se, Sophia. Não deixe ele a provocar. Por que está tão irritada com isso?”

— Conheço a Scarlet há mais tempo que conheço você. — Era uma mentira, ele nunca a tinha visto na vida. Mas estava bom provocar sua colega. — Estou com uma dúvida pertinente. — Chris se aproximou dela, pôs o rosto a centímetros do seu, sentindo o seu perfume, olhou-a nos olhos e sorriu. — Por que você está com ciúme, ou melhor, irritada, por eu ter entendido o seu recado e pulado para outra? — Ela se desmontou. Notou quão ridícula estava parecendo e descruzou os braços, tímida. — Afinal, eu ainda preciso de uma namorada. Falando nisso, quero que, por favor, não comente com ninguém essa informação, ou iria estragar tudo.

— Então... Como estão as coisas? — a voz de Donald congelou Sophia.

Ela se lembrou da noite passada, de quando estava em um evento como os vários dos quais já havia participado. Ele era um produtor famoso, e ela estava escalada para um curto papel em uma série que ele produzia. Na ocasião, Donald se aproximou demais dela, puxou-a, fez perguntas intimidadoras e quase a beijou.

Ela disse, por um equívoco, porém justificável, que estava em um relacionamento sério. Nem se lembrou da proposta absurda de Chris, só queria sair dali. Nunca tinha sofrido um assédio como aquele. Sentiu que ele usava da sua posição, importância e poder sobre o seu trabalho para tirar uma casquinha dela. Sophia não contou isso a ninguém além da sua assistente pessoal, que falou que Donald era um dos grandões e que o chatear seria um erro.

Erro seria ser assediada e ficar calada.

O homem estava conversando com os que ali estavam e a observou. Ela sabia que ele se aproximaria dela, portanto olhou para Chris, que apesar de ser um safado, era uma pessoa de confiança. Eles tinham esse lance de amor e ódio, contudo, se algo ruim acontecesse, ela sentia que ele ficaria do lado dela. Ainda mais com o segredo que eles compartilhavam.

— Christian — ela chamou a sua atenção antes de puxar sua roupa e lhe tascar um belo beijo na frente de todo mundo.

Primeiro foi tímido e inesperado, algo que impressionou Chris. Depois, quando ele a puxou pela cintura, foi bom e acalorado. Era o início de uma história maluca. Ele nunca a tinha beijado de verdade, e provar isso foi impressionante. Foi difícil se lembrar da realidade.

Ela se afastou, olhou em seus olhos azuis confusos e pediu:

— É só temporário. Não diga para mais ninguém, ou eu mesma mato você.

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