— No dia seguinte, eu contei para a esposa dele. Pensei que ela me ajudaria. Que acreditaria em mim.
Engoli em seco, minha voz ficando ainda mais amarga.
— Mas ela me chamou de mentirosa. De pequena vadia, me bateu. E depois me devolveu ao orfanato como se eu fosse uma mercadoria defeituosa.
A sala ficou em silêncio, exceto pelos meus soluços. Nicolas se levantou e, em vez de falar algo, ajoelhou-se na minha frente. Ele não tentou me tocar; apenas ficou ali, com os olhos fixos nos meus.
— Você nunca contou isso para mais ninguém? — ele perguntou, a voz tão suave que quase doeu ouvi-la.
— Nunca. Ninguém quis saber. — Limpei as lágrimas com as costas das mãos, tentando recuperar o controle. — Eu tentei seguir em frente, mas...
Nicolas inclinou-se ligeiramente, os olhos cheios de algo que eu não conseguia identificar.
— Mas o quê, Jhulietta?
Respirei fundo, fechando os olhos por um instante antes de continuar.
— Eu nunca consegui ter... intimidade. — As palavras saíram