Capítulo 18
Ayla Costa
Quando chegamos em casa, tomei outro banho quente. A água escorria pelo meu corpo como se levasse embora os medos que ainda insistiam em me visitar. Liguei a chamada de vídeo para o Luan. Eu precisava vê-lo antes de dormir. Às vezes ainda me pergunto se tudo isso é real. Será que amanhã vou acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho?
Sempre amei o Luan. Desde criança. Mesmo naquela fase em que dizem que "criança não namora", eu já sabia. Sentia algo diferente. Algo que nem o tempo, nem a distância, conseguiu apagar.
Nunca me esqueço daquele dia, quando meus pais se separaram. Eu estava sentada na calçada, chorando em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo com a minha vida. Foi ele quem me encontrou. Me abraçou sem dizer uma palavra, e só aquele gesto já foi suficiente para me acalmar. O jeito carinhoso dele sempre me cativou.
Mas eu era uma menina negra, apaixonada por um menino branco, de uma família influente naquela maldita cidadezinha