Capítulo 12MilenaNão sei ao certo em que momento tudo começou a mudar, talvez tenha sido apenas o vinho, ou talvez fosse algo que já estava no ar, preso entre nós três, esperando apenas uma brecha para explodir, sei dos meus sentimentos, mas não sabia que era recíproco...O toque de Caio na minha perna acendeu algo em mim que eu nem sabia que existia dentro de mim. E o sorriso de Willian, cúmplice e tão quente, me deu a coragem que me faltava.O coração disparou no meu peito quando vi os dois se inclinarem em minha direção. Meus olhos piscavam entre eles, sem saber o que esperar, mas sentindo, no fundo, que eu queria isso... Queria tudo...Willian foi o primeiro a me beijar. Seus lábios tinham gosto de vinho, doces e firmes contra os meus, enquanto suas mãos seguravam meu rosto com delicadeza, algo que nunca senti antes, delicadeza no sexo. Fechei os olhos e me entreguei àquele beijo quente, sentindo todo meu corpo derreter sob seu delicioso toque.Senti outra mão deslizar pela minh
Capítulo 13Milena Depois de repetir com Caio, e dos dois me levarem ao prazer quase a noite inteira adormecemos exaustos, jogados na minha cama. Quando os primeiros raios de sol atravessaram as cortinas da sacada do quarto, flashes da noite anterior começaram a invadir minha mente como um sonho fresco. Sorri, ainda de olhos fechados, achando que tudo não passava de uma fantasia criada pelo excesso de vinho... mas o peso deles, um de cada lado meu, me trouxe de volta à realidade.Abri os olhos devagar, como se temesse confirmar o que suspeitava, e lá estavam eles: completamente nus, adormecidos ao meu lado. Eu estava deitada no braço de Caio, que me envolvia com força, e Willian, do outro lado, tinha uma das pernas jogada sobre mim, como se quisesse me prender ali para sempre.Meu olhar percorreu, meio assustado, meio fascinado, cada centímetro daqueles corpos esculturais. Meu coração batia acelerado, enquanto minha mente gritava para que eu fugisse daquela loucura em que me enfiei.
Capítulo 14MilenaOs dias seguintes passaram como um borrão.Desde aquela manhã em que acordei entre Caio e Willian, fiz de tudo para me manter afastada deles. Inventei desculpas para não ficar muito tempo no mesmo ambiente, me tranquei no quarto quando estavam em casa e saí para “resolver coisas” com algum segurança, sempre que eles tentavam se aproximar.A vergonha me consumia. Era como se minha pele queimasse só de lembrar do que fizemos.Como pude ser tão imprudente?Eles eram meus patrões, mesmo que fossem amigos... ou ao menos eram até aquela noite. Agora, qualquer toque, qualquer olhar, carregava uma tensão palpável que eu não sabia lidar. Eu me sentia errada. Indigna.Passei horas encarando meu reflexo no espelho, tentando encontrar a mulher que eu era antes, aquela que sobrevivera a tantos anos de abusos, humilhações e manipulações nas mãos de João. Essa Milena teria mais juízo, pensei.João, meu ex-marido, tinha me destruído de todas as formas possíveis: emocionalmente, fis
Capítulo 15João GoulartO salão da prefeitura estava cheio, música ambiente misturada a conversas animadas. Eu fingia prestar atenção nos discursos e sorrisos forçados, até sentir a aproximação indesejada de Jéssica. Ela deslizou até mim como uma serpente, sabendo que o marido, Júlio, estava distraído do outro lado do salão.— João, João... — cantarolou ela, com aquele tom provocativo. — Encontrei alguém hoje. Não sei se vai querer saber...Revirei os olhos, já imaginando mais uma de suas provocações inúteis.— Sinceramente, Jéssica, acho que nada que venha de você me interessa...— Ah, mas dessa vez vai interessar sim.Ela se aproximou ainda mais, o perfume forte invadindo meu espaço pessoal. Eu gosto do perigo, mas mulher fácil demais me enjoa. Não era o tipo de desafio que me atraía.— Encontrei sua amada Milena!As palavras dela bateram como um soco no estômago. Antes que ela pudesse se afastar, segurei seu braço com força.— Do que você está falando? — rosnei entre os dentes.—
Capítulo 16MilenaQuando vi Caio enfrentando o João, me defendendo, toda a ideia, a vontade de fugir deles desapareceu. Ver ele disposto a qualquer coisa para me proteger algo que nunca vi ninguém fazer me fez perceber que o que os outros pensam de nós não importa. Os outros nunca estiveram ao meu lado quando precisei, todos viraram as costas.Quando ele arrancou com o carro, parou um pouco mais à frente, próximo a um ponto de ônibus, e segurou firmemente o volante antes de falar:— Você pode ir se quiser. Não vou te segurar se não for isso que deseja, Milena.Senti o amargor em sua voz, e meu peito se apertou.— Não, eu não quero ir. Eu só estava com medo...Ele se virou para mim, com um semblante um pouco mais suave.— Eu já disse que vamos te proteger, cuidar de você. Nada de ruim vai te acontecer.Engoli o choro que estava entalado e o abracei. Ele demorou um pouco para corresponder, mas logo me abraçou de volta. Deitei no seu ombro durante o trajeto de volta, até chegarmos em ca
Capítulo 1Milena SilveiraNão aguento mais. Meu corpo inteiro dói, e, mais uma vez, acordo em um hospital. Isso está me destruindo...Olho para o lado ainda zonza: flores como sempre, um quarto moderno, cheio de aparelhos. Qual será a mentira no prontuário desta vez? Com dificuldade, a vista ainda turva li..."Paciente queda, caiu da escada."Moro em uma cidade do interior do Paraná. Quando conheci João, nunca imaginei que, ao assinar os papéis do casamento, estaria selando minha possível sentença de morte. Tudo mudou depois que meus pais morreram. Sem ninguém no mundo, tornei-me prisioneira dele. O filho que eu não podia lhe dar era sempre a desculpa para as surras no começo, raras, mas agora quase diárias. Mas João é o prefeito da cidade, um exemplo de cidadão de bem. Eu? Apenas uma mulher desastrada, que vive se machucando sozinha...— Ah, meu amor, você acordou. — Sua voz melosa me enoja. — Quando cheguei em casa, você estava caída aos pés da escada. Foi desesperador, meu amor, o
Capítulo 2Milena SilveiraEstava extremamente sonolenta, os remédios são fortes, queria acreditar que foi apenas um pesadelo, que meus olhos e mente me pregaram uma peça. Escutei o barulho do chuveiro e, logo depois, ele se deitou ao meu lado. Apaguei novamente...Quando acordei, ele estava em um sono pesado, me levantei, e vi que infelizmente nada daquilo, foi um pesadelo, as camisinhas abertas, e uma usada no lado do chaise me deram a certeza que aquilo não foi um pesadelo, foi real, ele realmente fez isso.Com certeza mais um dos fetiches nojentos do João, me humilhar é o hobby favorito dele...Me vesti e fui até a cozinha, eu me sentia suja só por ele ter deitado ao meu lado depois de ter feito isso, disquei o número de Ayla, que atendeu no segundo toque.— Ayla, sou eu. Preciso ser breve. Eu vou com você. Quando você vai?— Saio na sexta. Passo aí assim que ele sair para o trabalho.— Aqui não, é perigoso, te encontro na praça, da Arará, lá é mais afastado, as 10:00 estarei lá
Capítulo 3MilenaA ideia me pareceu uma loucura, mas Ayla estava certa. Era uma oportunidade que eu não podia deixar passar, liguei para ela:— Então, Mile, me fala, você aceita? É um bom recomeço para você, e não tem ninguém melhor pra esse cargo.Engoli em seco. O medo ainda me assombrava, mas eu precisava recomeçar. Respirei fundo antes de responder:— Eu aceito, Ayla. Eu aceito sim, parece realmente uma ótima idéia.— Perfeito! Vou te enviar o endereço e te espero aqui em meia hora.Com o coração acelerado, corri para me arrumar. Juntei minhas coisas e fechei minha conta no hotel. Agora era oficial. Um novo capítulo da minha vida estava começando, e vou enfim deixar o João e meu maldito casamento com ele no passado, escondido e enterrado, escrevi tudo no diário, coloquei na bolsa, e segui hora de recomeçar.Quando cheguei ao endereço enviado por Ayla, me deparei com uma mansão luxuosa. Era imponente, cercada por câmeras de segurança. Fazendo com que meu coração se acalmasse um po