80. O NOVO AMANHECER
CLARIS:
Parecia estar presa numa espécie de neblina, um espaço onde apenas existiam as sensações. Não tinha qualquer memória da minha vida; a minha mente era uma tela em branco, um manto limpo e sem marcas. Desde que acordei, têm desfilado médicos a entrar e sair, conversando entre si, raramente dirigindo-se diretamente a mim, como se eu não fosse mais do que um objeto em estudo.
Depois veio aquela mulher… A que chegou com a cabeça enfaixada e garantiu ter-me encontrado na reserva Nox Venators. Nem isso conseguiu ressoar na minha mente; as suas palavras foram quase como ecos vazios. Tudo era tão confuso, tão distante. Mas o que realmente me perturbava era essa sensação de estar constantemente vigiada. Era como se alguém, ou algo, estivesse sempre a observar-me, ainda que eu não pudesse ver. E tinha a voz… aquela voz na minha cabeça que, entre murmúrios, me dizia para não me preocupar, que tudo ficaria bem.
Houve outro incidente: o colar. Tinha um colar no pescoço, algo que perce