Acabamos ficando mais tempo que o normal, parados e abraçados, só precisamos nos afastar quando as forças de Peter acabaram e a dor sobrepôs qualquer momento bom. Neste instante, estou terminando de enfaixar as costas dele, após limpar o máximo que podia de suas feridas. Amarro, volto a me sentar e ele se vira, me encarando. Isso faz com que minhas bochechas fiquem bem quentes, semelhante a quando limpei o rosto dele e ele ficou me encarando durante todo o tempo. Levo minhas mãos ao rosto, dando batidinhas para tentar apaziguar essa sensação. Desvio o olhar pro lado, isso me faz lembrar do que peguei antes de vir para cá. — Você deixou cair isso ontem enquanto estava sendo… como posso dizer? Espancado. — Entrego a ele a caixinha. — Pensei que tinha perdido, mas parece que ele estava com a dona. — Abre um sorriso enquanto me encara. É estranho ver o rosto dele tão inchado e não tão bonito como normalmente é. — É para você. — Estende para mim a caixinha. — Feliz aniversário, princes
Faço careta assim que recobro a consciência, estou sentindo tanta dor que é difícil pensar em alguma coisa. Me sento, apesar da dor e olho ao redor, tentando lembrar de tudo que aconteceu. Meu sangue ferve no momento em que meus olhos param no rei, que um dia chamei de pai e lembro de tudo que ocorreu. O dia está claro, por isso, levanto apesar do que sinto e isso chama a atenção do homem que olhava para fora. Preciso descobrir como Peter está, se ficou muito machucado, se está preocupado comigo e, mais importante, preciso sair de perto desse homem antes que cometa alguma atrocidade ao qual me arrependerei depois. — Filha… — Não me chame assim. — Sibilo com raiva e desvio de seu toque, acabo caindo sentada na cama por isso. — Perdeu esse direito quando não me ouviu e me machucou, mesmo depois de todos os meus alertas. — Eu não sabia. — Choraminga. — Existe uma grande diferença entre não saber e ignorar a verdade. Você escolheu ignorar por causa do ódio que sentia, ignorou a ver
°•° Peter °•°•Meu corpo está péssimo, não consigo nem ficar com os olhos abertos. Sinto uma dor forte no coração, como se ele estivesse dilacerado e isso tem a ver com o corpo da princesa desfalecendo antes. Fiquei em desespero, mas não pude fazer nada além de ver outros homens a levando daqui, levando para longe de mim.Choramingo quando tento sentar, meu corpo também está moído e sinto que posso desmaiar a qualquer momento pela fraqueza. Puxo o ar com força, tento ficar de pé, mas não consigo. Me arrasto para frente até a grade, seguro com força e consigo me levantar enquanto seguro. — Ela precisa de mim. — Algo arde em meu coração machucado, uma necessidade e sensação de perda. Alguma coisa está acontecendo com ela.“Peter, me ajude.”Olho ao redor, tentando encontrar o local de onde a voz dela saiu. Parecia tão perto, mas não vejo nada, somente a escuridão que me lembra que estou preso e a dor, que me faz entender que estou pagando pelo que fiz a ela. “Por favor, me salve.”Me
••°• Mellany •°••Tento olhar ao redor, mas não consigo, está tudo preto. Estou assustada e com frio, onde estou? Meu corpo está arrepiado, sinto alguém me espiando à espreita, mas não consigo saber de onde vem essa sensação. É horrível. Meu desespero me faz chorar, quero sair daqui, mas não sei como. “Não sei como farei isso, mas vou te proteger e te trarei de volta.” — Peter? — Me viro ao ouvir a voz dele. — Onde você está? Me ajuda. — Suplico.“Mellany, me escute. Estou aqui e vou te proteger, irei cumprir minha promessa e não vou te abandonar nunca.” Começo a correr na direção que sua voz parece estar vindo, uma pequena luz branca cresce da escuridão e isso me deixa feliz. Acho que ele está conseguindo me ajudar, vou sair daqui e poderei viver em paz. — Não. — Paro de correr quando a luz desaparece, me deixando novamente na escuridão.Estico as mãos e tento me orientar conforme ando, parece que meus olhos foram cobertos com algum pano escuro e não posso mais enxergar. Me agach
Me afasto de Peter, só então percebo que ele está sem roupa, somente com um pano enrolado no corpo. Meu rosto começa a queimar no mesmo momento, tento disfarçar, mas não consigo esconder. — Ah, é verdade. Já volto. — É tudo que o homem diz antes de sumir do quarto em sua velocidade.Olho ao redor, meu quarto está destruído e não sei como permanecerei aqui. Creio que não tenha como e não é só pela destruição, é por tudo que aconteceu e pelo fato de que não sou mais criança para obedecer meu pai. Foram tantos anos me tratando bem e cuidando de mim com zelo, pouco tempo foi necessário para que jogasse fora todo o cuidado. Seu jeito cruel foi um baque e não sei se o perdoarei agora, mas tenho certeza que futuramente o perdão pode acontecer. Não sou uma pessoa ruim, afinal, perdoei o Peter depois de tudo que aconteceu. Só preciso organizar os sentimentos embaralhados dentro de mim e tudo ficará bem.Me viro para fora, o tempo está agradável e bonito, parece que o caos estava acontecendo
Desperto, mas não sinto vontade de acordar. Estou tão cansada, queria dormir mais, porém quem me balança impede isso.— Acorda, minha querida. — Nana diz, ela é minha babá, cuida de mim desde o meu nascimento.— Não, deixe-me dormir só mais um pouquinho. Ontem fiquei até tarde acordada, olhando as estrelas. — Digo, puxando o cobertor até tapar a cabeça.— Ninguém mandou ser tão sonhadora. — Nana disse puxando o cobertor e dobrando. — Seu pai vai viajar hoje, você deveria se despedir, não? — Dou um pulo da cama assim que ela termina de falar. — Venha, seu banho já está pronto.— Claro, claro. Como pude esquecer que meu pai viajaria hoje? Queria tanto ir com ele, mas, por algum motivo ele não quer deixar. — Falo tirando o pijama e indo me banhar.Terminei de tomar banho, coloquei a roupa que Nana havia escolhido para mim e ela penteou meu cabelo. Hoje ele está especialmente vermelho, por isso falei para ela deixar solto, após muita insistência de que o correto é preso. O que não ligo mu
"Desperto, mas a umidade que toca meu corpo, me deixa confusa. Abro os olhos e me sento, estou no meio da floresta. O que está acontecendo? Alguém me tirou do castelo? Será que foi a pessoa que estava me observando? Pensei que era coisa da minha cabeça.A sensação volta, fico de pé e o nervosismo toma conta de mim. Olho ao redor, está escuro demais, somente a lua ilumina o pouco que consigo ver. Vejo a silhueta de um homem vindo em minha direção, não vejo suas feições ou corpo, apenas um contorno preto que se aproxima cada vez mais. Meu peito sobe e desce pelo nervoso. Reprimo um grito quando a silhueta humana vira a de um animal, um lobo. Ele é enorme, maior do que o humano era. Seus pelos são pretos como a noite, quase se perde em meio a escuridão, mas ainda vejo que está vindo por conta dos olhos azuis cintilantes.Quando seus olhos ficam vermelhos, tento me virar e correr, mas meu corpo fica preso ao chão. O que parecem raízes de árvores começa a me prender, olho para baixo e tent
A hora do baile se aproxima, termino de me arrumar, dessa vez meu cabelo está preso em um coque muito bonito com uma tiara ornamentada. Não quero esse cabelo todo me atrapalhando na hora da festa. Dispensei a maquiagem, só o vestido e meu cabelo bem vermelho chamam a atenção. O vestido é marfim, tem o corpete bem apertado com pontos brilhantes e a parte debaixo aberta em camadas. Foi amor à primeira vista.Sigo em direção a carruagem que me levará, Nana vai comigo como acompanhante. Ela também está linda em seu vestido de baile. Assim que entramos, o cocheiro já se põe a conduzir nosso transporte.O reino vizinho não é tão longe, mas demora um pouco até chegar. Escuto o galopar de mais cavalos que o normal, abro uma fresta na janela e vejo o tanto de guardas em cavalos ao nosso redor.- Por que tantos guardas? - Volto a me sentar direito, para olhar Nana.- Precaução. O caminho entre os reinos tende a ser muito perigoso ao entardecer. - Responde, mas sinto que não é só isso. Não irei