Eu não sabia o que eles estavam conversando. Uma parte de mim-curiosa, inquieta-queria desesperadamente ouvir, mas a outra lembrava que era errado. Tentei, com todas as forças, focar em outra coisa desde que eles foram para o jardim atrás da casa, aquele espaço quase mágico onde o mundo parecia mais calmo, mais simples. Um refúgio de paz. Mas desde que pisei naquela casa, minha mente parecia embaralhada, como se alguma coisa ali tivesse bagunçado meus pensamentos. Eu não conseguia pensar direito, muito menos agir como deveria.Então ela apareceu-sua mãe-exatamente como ele havia dito. E os dois seguiram para o jardim. Um incômodo cresceu dentro de mim. Eu tinha quase certeza de que estavam falando sobre mim. Nunca fui o tipo intrometida, mas quando o assunto era eu, era como se a curiosidade ganhasse vida própria. Depois de andar pela sala tantas vezes que parecia que eu ia abrir um trilho no chão, decidi. Bem devagar, caminhei até mais perto da porta de vidro. Ela poderia me denuncia
Não dava para acreditar no que tinha acontecido - no que eu aceitei fazer. Era como se uma parte de mim estivesse em choque, tentando entender onde tudo aquilo começou a mudar. Talvez o mais difícil fosse justamente separar as coisas. Porque, em qualquer momento, em qualquer lugar, eu sabia que veria aquele homem com outros olhos. Ele não era só meu chefe agora. Ele era meu namorado.Ele me pediu em namoro. Com aquele jeito calmo, aquela voz baixa que fazia meu coração falhar uma batida. E eu disse sim.Mas o quanto isso era errado?Se as pessoas soubessem... Meu Deus. Se a mãe dele soubesse - embora, pela forma como ela me olhou, como sorriu, eu quase podia jurar que ela aprovava. E isso só tornava tudo mais confuso. Porque por mais que eu quisesse me convencer de que estava tudo bem, uma parte de mim insistia em questionar: como eles iriam me ver? Como uma oportunista? Uma mulher se aproveitando da bondade de um homem que... que só sabia amar.Eu me importava demais com esses detalh
Eu poderia ter deixado tudo o que a Jessica disse entrar na minha cabeça, mexer comigo, me manipular... como se eu já não estivesse morrendo de medo de tudo desmoronar. Mas eu escolhi não deixar isso acontecer. Eu estava feliz. A Aurora estava feliz. Era como se... o Noah fosse uma espécie de fada madrinha. Sim, soa bizarro. Quase surreal. Parecia um sonho - e sonhos, eu sei, sempre têm um fim.Mas dessa vez, eu decidi viver esse sonho. Me permitir. Por um tempo, pelo menos. Porque eu precisava disso. Precisava relaxar, respirar fundo e acreditar que alguém estava do meu lado. Que alguém gostava de mim. Que cuidava de mim... mesmo eu sabendo me virar sozinha.Ainda assim, lá no fundo - bem lá no fundo - existe um medo. Uma sombra que insiste em sussurrar que tudo isso pode acabar. Mas eu não vou deixar que ela me consuma. Preciso me concentrar. Precisamos manter os pés no chão, não misturar as coisas.E eu vou lutar com tudo o que tenho para não deixar isso se perder.É claro que, às
Minha vida virou de cabeça para baixo desde o momento em que conheci aquele homem. Sim, houve momentos difíceis - dias em que me perguntei se tinha feito a escolha certa ao aceitar esse trabalho. Mas, por mais que existissem sombras, as luzes sempre foram mais fortes. E isso se tornava mais claro a cada dia.Nunca fui tão bem cuidada. Nunca me senti tão protegida. E minha Aurora... minha Aurora nunca foi tão feliz.Ele fez questão de contratar uma babá só para ela - uma mulher que, curiosamente, também cuidou dele um dia. E isso... isso não tem preço. Esse gesto, esse cuidado com os detalhes. Não era como se ela fosse apenas a filha de uma funcionária. Noah nunca a tratou como mais uma criança. Talvez essa seja a essência dele: um homem atento a tudo, que cuida de cada coisa como se fosse a mais importante.Se era bom para ele, era bom para todos ao redor. Não havia distinções. E quanto mais eu o conhecia, mais essa verdade se revelava. E mais eu me apaixonava.Engraçado pensar que nu
Noah não sabia como conseguia fazer aquelas coisas. Nunca teve um relacionamento de verdade. Já tinha saído com algumas mulheres, claro, mas nenhuma delas tinha sido especial. Nenhuma tinha mexido com ele daquele jeito. Nunca tinha planejado um jantar - nem mesmo em sua própria casa. Nunca tinha sentido esse nervosismo no estômago, esse frio na barriga que vinha do nada e o fazia se sentir vivo.E ali estava ele, com os nervos à flor da pele. Por causa de uma mulher. Uma mulher que ele pediu em namoro em menos de um mês. Às vezes, se achava louco. Um completo maluco. Mas a paixão tinha esse poder estranho, mágico e perigoso - fazia as pessoas perderem o controle, agirem sem pensar, sentirem demais. E, de algum modo, aquilo era bom.Emma tinha despertado algo nele. Algo que ele nem sabia que existia. Ele não se importava mais com suas vulnerabilidades. Só queria estar ali. Só queria mais um pouco dela.E então havia Aurora. A garotinha que, em tão pouco tempo, já corria em sua direção
Tudo parecia um sonho.Por alguns instantes, Noah quase acreditou que o passado nunca existiu. Eles estavam sorrindo, como uma verdadeira família. Emma, radiante, segurava Aurora nos braços enquanto conversava com Rosa. A casa era grande, confortável e segura, mas mesmo assim, Noah via nos olhos de Emma uma certa inquietação. Algo sutil, mas presente.Talvez estivessem ali há tempo demais.Foi por isso que ele decidiu sair um pouco da rotina. Planejou um passeio longe dali. Um piquenique num campo ensolarado, com vista para um pequeno lago, onde o céu azul se estendia como um cobertor sobre suas cabeças. Um lugar onde pudessem respirar outro ar, ver outras pessoas, dar um pouco de mundo à pequena Aurora, que agora começava a dar seus primeiros passos sozinha, como se esperasse secretamente que a liberdade a tornasse adulta.- Vai gostar - disse Noah, olhando para Emma com aquele meio sorriso que a desmontava por dentro. Ela sorriu de volta, desconfiada. - Pedi que a Glória preparasse
Tudo isso parece um sonho, essa frase martelando na minha mente. Será que tudo isso, algum dia, vai acabar?Bem, eu espero que não, pois nunca me senti tão feliz antes. Noah parece um príncipe. A cena agora parece um verdadeiro filme de romance. Ali, deitada com Aurora, que sorria dando risadinhas, tudo parecia em câmera lenta. Estávamos em um dos parques mais lindos de Nova York. Sentados em cima de um grande pano quadriculado vermelho, deitados sobre a grama.Eu não consigo parar de sorrir vendo isso acontecer. Tudo o que eu mais queria era que essa sensação e felicidade nunca mais fossem embora. Sei que, por questões, a rotina recomeçará. Noah era meu chefe, entretanto, fora daquele escritório, era a pessoa mais doce e amorosa que eu já conheci.- O que está pensando agora? - Ele percebeu que eu estava longe, voltando à realidade e abandonando os pensamentos idealistas. Quando fico em silêncio assim, provavelmente estou pensando em diversas formas de isso dar errado.Dei um sorriso
Depois do que aconteceu, foi difícil voltar ao que se poderia chamar de normal. Mas, pensando bem... normal? Como se minha vida ainda conhecesse esse conceito. Patrick apareceu do nada e estragou tudo. Eu estava feliz - genuinamente feliz - vendo a conexão que Aurora tinha com Noah. Aquele momento em que ele disse que não queria ir embora, que não queria estragar o nosso dia, parecia sincero. Mas a presença de Patrick, mesmo tendo sido levado, mesmo tendo ido embora, tirou de mim qualquer traço de conforto.Eu sei que o problema está em mim. Algo interno, enraizado, que não consigo controlar. E eu odiava isso. Odiava parecer fraca. Odiava sentir medo. Eu sempre me orgulhei de ser forte, de ser firme. Mas quando o assunto era Patrick - e Aurora estava no meio disso - tudo mudava. Eu mudava.Era instintivo. Um impulso de proteção. Eu precisava manter Aurora longe dele, longe daquele monstro, mesmo que isso me custasse a paz.Noah estava fazendo tudo o que podia. Ele tentava nos proteger