DOIS MESES DEPOIS
—Anja! —o grito do capitão do restaurante retumbou em seu cérebro como uma corneta.
Abbot tinha o tom mais estridente e desagradável do planeta Terra e o pior era que gostava de usá-lo, principalmente com ela.
Anja limpou os olhos vermelhos pelas lágrimas e saiu do refrigerador da cozinha. Aquele homem gostava de repreendê-la na frente de todos, fossem funcionários ou clientes, chamando-a de inútil e gritando que ela não gostava de trabalhar.
Isso era verdade em parte. Não era uma inútil, mas não queria trabalhar, só queria se enrolar em sua cama e morrer de fome e de tristeza, tranquilamente, como qualquer pessoa em luto. Mas infelizmente ainda existia um mínimo de sobrevivência nela, para sobreviver devia comer e, bem... para comer tinha que trabalhar.
Vocês dirão: E por que não procurava outro trabalho? Pois porque depois de três anos na prisão quase ninguém estava disposto a lhe dar trabalho. As pessoas fugiam dela como da peste e os que não, se achavam no direito