Queres dizer que vieste assim do cemitério, foste ressuscitado? – Inquiriu o Ulika.
- Sim.
- Mas tu não és diferente dos homens comuns.
- Porque não eu não existo há mais de dois séculos.
- Dois séculos!? Quer dizer que já tens mais de 50 anos?
- Sim, mais de cem anos de vida.
- E achas que existem pessoas que existem há mais de duzentos anos?
- Não só acho, mas conheço muitas, espalhadas por esse mundo fora. Normalmente é gente indiferente, que não fala e não convive com estranhos. Temos tido encontros para falar dos problemas da nossa natureza.
O Ulika calou-se, como que meditando, antes de voltar a questionar.
- E como se explica que tenhas decidido me recolher da rua, já que não é da vossa natureza conviverem e falarem com estranhos?
- Tu não és estranho, Ulika; eu te reconheci logo no primeiro dia em que te vi. Tu és produto de um bilhão de gerações e todas essas gerações estão visivelmente contidas em ti. Eu não te vi