CAPÍTULO 3

— É muito bonita, não é, mamãe? — diz uma voz pequena e doce. — É tão bonita quanto ver a lua cheia.

O toque suave daquela mão pequena em sua bochecha a tira da sonolência, abrindo os olhos suavemente. A forte luz no quarto é a primeira coisa que percebe, e depois de um momento, consegue focar sua visão, vendo uma pequena menina sorridente.

— Oi! — ela cumprimenta animada. — Mamãe, venha rápido, ela acordou! — chama enquanto mantém a mesma emoção. — Eu sou Ellen, e mamãe diz que você é minha nova tia.

— Ellen! — ouve uma segunda voz chamando. — Venha aqui, deixe-a descansar tranquilamente.

Sentando-se na cama, Anne observa o espaço, e a pequena esperança de que todas as suas memórias recentes fossem apenas um pesadelo enquanto está sob os cuidados de um médico desaparece quando ela reconhece aquele espaço como a cabana onde acordou da última vez. Em um rápido escaneamento do ambiente com seu olhar, percebe que, desta vez, as únicas pessoas presentes são a pequena menina e uma mulher.

— O tio Lían teve que ir se encontrar com os anciãos, mas ele disse que voltaria logo, — comenta a pequena no mesmo tom feliz. — ele nos pediu, a mamãe e a mim, para cuidarmos de você enquanto ele e o tio Allan voltam.

— Pela Lua! — exclama a mulher. — O tio também disse para você não ser travessa. — Com passos suaves, aquela pessoa se aproxima da menina e a pega no colo. — Meu irmão estará de volta muito em breve, então você não precisa se preocupar, está bem?

O irmão dela? Então, se aquele homem que a trouxe até ali era o irmão dela, e aquela mulher está tão tranquila ao dizer isso, não há esperança de que ela aceite ajudá-la a sair dali.

— Água — pede em um tom baixo. Não esperava que sua garganta estivesse tão seca ao tentar falar.

— Claro, que rude da minha parte, — responde rapidamente a mulher. — Você deve estar com fome também. Ellen, por favor, traga um pouco de fruta, eu vou preparar algo leve para você, não é bom comer pesado quando passou tantos dias sem comer corretamente.

— Dias? — não pode ser que novamente estejam usando essa medida de tempo.

— Sim. — se aproximando com a água, aquela mulher senta-se na cama enquanto entrega a água. — Lían disse que você acordou há três dias, mas desmaiou novamente, aparentemente seu corpo precisava de muito descanso. — Deixando um leve carinho em sua mão, a mulher se afasta para começar a se afastar. — Mas agora que você está acordada, tudo ficará bem.

No momento em que a pequena menina abriu a porta da casa trazendo uma cesta consigo, e sua mãe entrou em um espaço que ela não havia notado antes, que rapidamente deduz ser a cozinha, Anne viu sua oportunidade de sair dali. Não sabe em que momento exato tirou o cobertor do corpo ou saiu daquela casa, mas quando percebeu o que estava acontecendo, já estava correndo em direção à espessura da floresta enquanto ouvia a voz da menina chamando por sua mãe.

Aonde você está indo? Volte!

Não, não de novo aquela voz em sua cabeça. Embora, desta vez, seja uma voz diferente da que ouviu antes. Aquela voz pede que ela pare de correr, mas em seu íntimo, está totalmente ciente de que, se parar, não terá outra oportunidade como essa novamente, razão pela qual seu bom senso luta contra o estranho instinto que lhe diz para voltar e parar de se afastar.

O uivo de um lobo ao longe faz reviver o medo que sentiu algumas noites atrás, e assim como naquela noite, pode sentir seu peito se contrair e seus pulmões doerem com a entrada de oxigênio, sabe que seu coração está jogando contra ela, mas não pode parar, precisa encontrar uma maneira de voltar para seu pai e sua irmã.

— Droga! — quando seu vestido fica preso na saliência de uma árvore, sent

e a adrenalina crescer ainda mais dentro dela, imaginando que assim devem se sentir os coelhos quando ela os caçava. No momento em que o tecido do vestido se rasgou devido à força com que puxava, mãos fortes a agarraram firmemente pela cintura, evitando que ela caísse de bruços nas raízes salientes.

— Eu tenho você, pequena. — diz a pessoa atrás dela.

Ao levantar o olhar, depara-se com um homem mais velho, suas mechas grisalhas, rugas e marcas em seu rosto mostram as dificuldades que teve ao longo de sua vida, mas, mesmo assim, seu olhar é suave e caloroso, tanto que Anne lembra do olhar de seu próprio pai e pode jurar que seus medos se dissipam, mesmo que seja por um momento.

— Ajude-me, por favor — é a primeira coisa que diz quando consegue organizar seus pensamentos. — fui sequestrada.

— Calma, tudo ficará bem. — é a resposta que recebe. — Você não deveria fazer um lobo começar a caçá-la, ainda mais se for um alfa tão obstinado quanto o que em breve terá em seus calcanhares.

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Lían não está muito feliz por ter sido convocado pelo conselho de anciãos. Além da animosidade que sente por eles, seu descontentamento real se deve ao fato de saber que o assunto daquela reunião é referente à aparição de sua Lua. Quando o médico foi à cabana para avaliar o estado de saúde de sua Lua e informou não apenas sobre o delicado estado em que o coração de sua pequena parceira está, mas também sobre sua origem. Ele sabia que não demoraria muito para que todos soubessem que a Mãe Lua o havia destinado a uma humana.

— Não entendo por que não arrancou a língua de Brendan — são as palavras de Allan, seu irmão mais novo. — aquele idiota nunca soube manter a boca fechada e nunca perde a oportunidade de irritar os outros.

— Não é como se eu pensasse em esconder a origem da minha Lua por muito tempo. — é a simples resposta.

Ao entrar na sala do conselho, tanto Lían quanto Allan mantiveram-se altivos diante da presença dos anciãos, um gesto que deixou claro o descontentamento na maioria dos rostos, muitos dos presentes odeiam a forma como os dois jovens lobos se mostram diante deles.

— Por que fui convocado pelo conselho? — ao falar, Lían deixa que seu tom hostil mostre seu desagrado por ter que estar presente naquele lugar.

— E ainda é capaz de perguntar? — responde um dos principais anciãos do conselho. — Acaso, não sabe que é obrigatório que cada Alfa apresente sua Lua à sua matilha e ao conselho assim que a encontra. Então, como é possível que, depois de sete dias, o Alfa da Matilha do Sul ainda não tenha tornado público o encontro com sua Lua?

— Dado que foi um terceiro quem veio até vocês para informar sobre a aparição da minha Lua, parece estranho que o amável informante não tenha lhes dito que neste momento minha Lua está indisposta.

— Suficientemente indisposta para não poder comparecer a uma apresentação formal? — pergunta de volta o ancião.

— Isso vocês deveriam perguntar ao amável médico, não é? Afinal, foi ele quem informou sobre a aparição da minha Lua.

— Isso é bastante estranho, não acha, Alfa Lían? — Com a menção ao médico, Olaf, o ancião representante da Matilha do Norte, não hesitou em intervir. — Não é normal um lobo apresentar uma condição de saúde fraca.

— Não precisa fingir! — diz abruptamente a voz de Allan. — Todos que estão aqui sabem a verdadeira razão desta reunião.

— Sugiro que acalme seu temperamento, sentinelas, — intervém novamente o ancião Olaf. — A única razão pela qual permitimos sua presença nesta reunião é por fazer parte do círculo interno de sua matilha, mas não confunda sua posição.

— Poderia dizer o mesmo. — rebate. O olhar de desprezo dado por Allan ao anci

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