CAPÍTULO SETE — Ethan Carter

O resto do dia passou como um borrão, entrando um cliente atrás do outro, até o horário de fechamento da cafeteria.

Quando o relógio bateu 18:00 horas cravadas a Heather quase arrancou o avental e se jogou na cadeira do salão principal, que ficava na frente do caixa.

— Porra! Havia me esquecido o quanto era corrido em época de confraternização de fim de ano. — ela reclamava enquanto eu terminava de fechar o caixa. Contando nota por nota para ver se batia com o valor em sistema. Era a parte que eu menos gostava de fazer.

Enquanto a respondia, senti seus olhos sob mim, me avaliando e eu daria tudo para saber o que se passava na cabeça dela. Não me imaginava me envolvendo com a Heather, por mais que as vezes batia aquela atração. Eu sabia que nosso envolvimento não daria certo, no fim ela sairia magoada e eu pediria demissão da cafeteria, pois não teria clima para continuar trabalhando no mesmo local.

Ethan Carter não era homem de uma mulher só.

Terminei de fechar o caixa e no caminho para a saída resolvi oferecer uma carona a ela. Sabia que a volta de Manhattan para o Brooklyn era longa, ainda mais nesse horário. Ela ponderou se aceitava ou não, dava para ver a dúvida em que ela estava só pelo vinco se formando entre suas sobrancelhas.

— Ta bom. Eu aceito! — ela pegou suas coisas da mesa e veio em minha direção.

Assim que virei a chave na ignição e liguei o rádio, a voz do The All-American Rejects tomou conta do ambiente, enquanto cantavam Dirty little secret. Dei ré para pegar a 7th avenida sentido a casa dela.

Ela cantarolava a canção enquanto seus dedos tamborilavam sob sua perna. Com a capota aberta, o vento batia em seus cabelos recém desfeitos do coque de trabalho e o cheiro de baunilha mais a brisa da noite, invadiam novamente meus sentidos, deixando meu corpo entorpecente pelo aroma. Era como um balsamo para os Deuses.

Abri a camisa até a altura do abdômen, deixando a mostra uma parte da águia que eu tenho tatuada no abdômen.

— O que significa essa tatuagem que você tem no peito? — ela se virou para mim, curiosa com o desenho.

— Águia significa coragem e força. Ela é considerada a “rainha dos céus” ou “rainha das aves” e na mitologia grega é o símbolo de Zeus. O mais poderoso dos Deuses. — olhei de canto para ela. Ela tinha os olhos concentrados em mim, ouvindo cada palavra que eu dizia. — Então resolvi tatuar, não tenho muitas tatuagens com significados. Boa parte delas eu fiz porque achei bonita, quando você faz uma acaba viciando e querendo mais. — soltei uma risada baixa.

— Ela parece ser muito bonita. — ela tinha o lábio inferior preso nos dentes e um meio sorriso sexy na boca, fui obrigado a desviar o olhar dela, para tentar diminuir a tensão sexual que estava sentindo.

— E essa aqui? — fui pego desprevenido ao sentir seus dedos passarem levemente pelo meu antebraço, me causando um arrepio por todo local. Balancei a cabeça de um lado para o outro, tentando afastar a sensação de mim. Seus dedos ainda pairavam sob a extensa tatuagem que eu tinha ali.

— Isso é um microfone prop, mais conhecido como vintage, um microfone antigo. Tatuei pois sou apaixonado por música desde novo. — eram três tatuagens ligadas uma na outra, o microfone, um desenho de um coração, como na anatomia mesmo e um caminho de cifras musicais que pegava a parte superior do microfone e quase dava a volta ao redor do meu braço. — Por isso as três tatuagens, tem o mesmo significado.

— Bonito o desenho... — ela finalmente tirou os dedos dali, deixando uma sensação de formigamento sob a pele.

O que está acontecendo com você Ethan?

Assim que passamos pela ponte de Manhattan a voz de Bruno Mars ecoou pelo carro, cantando Young Girls. Heather começou a tamborilar os dedos novamente enquanto cantava cada estrofe. E pela primeira vez eu notei o quanto sua voz era bonita, como um canto de sereia a hipnotizar qualquer pessoa. Suas bochechas coraram ao notar que estava sendo observada por mim, ambos desviaram o olhar no mesmo instante. Meus lábios subiram num sorriso sereno enquanto eu a contemplava ainda cantando, só que dessa vez ela tinha o rosto virado para o lado de fora do carro.

Recostei a cabeça no banco, ainda sem entender o que de fato estava acontecendo naquele momento. Tentei ocupar a cabeça com outros pensamentos que não fosse sobre ela. Mas como uma tortura, toda vez que eu tentava a brisa trazia seu doce cheiro de baunilha para minhas narinas, me lembrando que ela era alguém do qual eu nunca poderia ter. Meu estilo de vida não me permitia isso.

Estacionei o carro na frente da sua casa com o relógio batendo 19:00 horas.

— Obrigada pela carona Ethan. — ela agradecia, seus braços estavam recostados na porta e sua camisa estava com os dois primeiros botões abertos, deixando seu decote visível e a pequena parte de sua lingerie preta bordada também. Respirei fundo e desviei os olhos dela, olhando para cima. Eu já conseguia sentir uma leve ereção pressionando entre a calça.

— Foi um prazer Heather... — ela se afastou do carro e eu apertei fundo o pé no acelerador, cantando pneus e deixando ela para trás. Junto com seu cheiro e sua língua afiada.

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