Eric ouviu o grito de sua mãe ecoando pelos corredores de Hellmand Hall, a casa ancestral de sua família, e ele saltou da cama porque havia jurado que da próxima vez não deixaria que isso acontecesse.

Eric não era mais uma criança, e não tinha mais medo de seu pai. Ele empurrou a porta para seu quarto com seu ombro e a dor do golpe desapareceu quando viu sua mãe enrolada no chão, enrolada em uma bola machucada entre as pernas de seu pai.

O punho de Eric foi direto ao queixo e ele o viu rolar para o chão. Ele tinha crescido para ser um homem diferente, ou assim ele queria acreditar, mas vê-lo bater na mãe já era mais do que ele podia suportar.

Ela o alcançou no chão, o encostou, e descarregou seu punho contra o nariz dele. Tormen Hellmand era um homem grande, mas estava muito bêbado, como sempre. Se sangue estivesse saindo de seus nós dos dedos, mais sangue saía do nariz de seu pai. Cada vez que sua mão batia contra seu rosto, sua cabeça batia no chão com força. Uma e outra vez.

Ele era cego, sabia disso e não se importava, então ele o atingiu com toda a raiva que tinha acumulado ao longo dos anos, bateu nele até que sentiu os nós dos dedos se desdobrarem, até que os braços de sua mãe, abraçando-o por trás, conseguiram detê-lo.

Ele olhou para baixo como se estivesse acordando de um sonho e viu o sangue correr da cabeça de seu pai.

-Eu o matei? -se murmurou, tremendo, e sua mãe o forçou a se levantar.

-Vai embora", disse ela com lágrimas nos olhos. Vá embora, Eric.

-Não..." Ele olhou para a figura ensanguentada de seu pai e depois para ela, que estava soluçando desesperadamente. Mãe... venha comigo!

-Não posso sair..." ela respondeu, "Não posso sair! Ele virá atrás de nós...!

-Então, deixe-me matá-lo! -se rosnou para ela.

-Nãoooooo! Por favor, não, filho! -O apelo nos olhos dela foi tão grande que o estômago de Eric se virou. Como ela pôde defendê-lo depois que ele a maltratou tão mal? Eu não posso sair, mas você pode, filho! Por favor, vá! Se você ficar, ele o colocará na cadeia, você sabe o poder que ele tem! Vá, Eric!

Ela o empurrou em direção à porta e ele correu. Ele fugiu do lugar onde nasceu. Ele fugiu do pai que deixou meio morto. Ele correu até que, com o único dinheiro que tinha no bolso, comprou um bilhete no primeiro trem que saiu e entrou nele.

E enquanto fugia para algum país desconhecido, sem um tostão, sem amigos, indefeso... ele, Eric Hellmand, herdeiro legítimo de Hellmand Hall, prometeu que um dia voltaria para se vingar.