~ Summer ~
Os últimos dias têm sido uma montanha-russa de emoções. Meu corpo está exausto, a irritação surge do nada, e a tensão entre mim e Lucca chegou ao limite hoje. Preciso colocar tudo para fora, mesmo que isso signifique arriscar tudo o que construí até agora.
— Lucca! — grito, entrando em seu escritório sem bater.
Ele ergue os olhos dos papéis, visivelmente irritado com a interrupção, mas seu olhar se suaviza levemente quando percebe que sou eu.
— Summer, o que foi agora? — pergunta, suspirando pesado.
— O que f
~ Lucca ~As luzes da sala de reuniões lançavam sombras sutis pelas paredes decoradas com madeira escura, criando um clima quase claustrofóbico. O ar cheirava a uísque caro e intenções perigosas, carregado pela conversa baixa e cuidadosa dos homens sentados ao redor da mesa. Mas nada naquela sala capturava mais a minha atenção do que a mulher sentada à minha frente.Summer está deslumbrante. O vestido vermelho, justo e com uma fenda lateral provocante, parecia ter sido feito para ela. Cada movimento revelava mais do que escondia, e eu tive que me esforçar para manter a concentração enquanto discutíamos as rotas de contrabando no Mediterrâneo. Meu olhar, porém, traía meu esforço, voltand
~ Lucca ~ O sol invade o quarto através das cortinas entreabertas, mas não é isso que me acorda. É o calor suave do corpo de Summer junto ao meu. Minha mão repousa em sua cintura, e um sorriso involuntário surge em meus lábios antes mesmo de abrir os olhos. Ainda é surreal tê-la aqui comigo, depois de tudo que passamos.Abro os olhos lentamente e a observo dormir. Ela está tão tranquila, tão serena, como se o peso do mundo tivesse lhe concedido um raro momento de paz. Seus cabelos escuros se espalham pelo travesseiro, e eu poderia passar horas apenas admirando essa cena.Mas, de repente, seu corpo se agita ao meu lado. Ela geme baixo e, em seguida, se senta rapidamente, levando a mão ao estômago.— Summer? — pergunto, imediatamente alerta.Ela não responde. Apenas empalidece e, num piscar de olhos, salta da cama, correndo para o banheiro.Levanto-me num impulso e a sigo. Quando chego, encontro-a ajoelhada diante do vaso sanitário, vomitando. A cena me faz sentir impotente.— Bella mi
~ Lucca ~O som metálico do isqueiro ecoa pela sala quando acendo o cigarro, o olhar fixo nos mapas espalhados sobre a mesa. A fumaça sobe lenta, misturando-se à luz dourada que entra pelas janelas altas do escritório. O ambiente deveria trazer paz, mas a tensão paira no ar, densa, como um presságio sombrio.Elza entra sem bater, os saltos estalando no chão de mármore. Sua expressão séria me faz arquear uma sobrancelha. Ela nunca demonstra preocupação à toa. Caminha até a mesa e desliza um envelope grosso sobre os papéis espalhados. Não preciso abrir para saber do que se trata.— Recebemos o convite — ela anuncia, cruzando os braços. — O encontro das Famiglias será na Sicília, em duas semanas.Trago o cigarro aos lábios, inalando a nicotina, antes de esmagar a brasa no cinzeiro. Não demonstro reação, mas minha mandíbula se contrai levemente.— Já era esperado — murmuro, deslizando os dedos pelo papel grosso do convite. — Não podemos recus
~ Summer ~Acordo cedo, sentindo a suavidade do sol filtrando pelas cortinas. Meu corpo ainda se acostuma com as mudanças sutis da gravidez, mas hoje algo dentro de mim diz que é o momento certo. Vou contar para Elza. Ela merece saber que será avó.Levanto-me com um sorriso, mais leve do que nos últimos dias. A casa está em silêncio, e decido preparar um café da manhã especial. Penso que o bolo de cenoura seria o toque perfeito. É simples, mas cheio de significado, e tenho certeza de que Elza vai adorar. Enquanto a massa bate na batedeira, o cheiro doce e acolhedor começa a preencher a casa, e, em um impulso, começo a cantarolar baixinho.Quando o bolo está no forno e o cheiro já começa a se espalhar pela casa, sigo para o escritório de Lucca, animada para dar bom dia ao amor da minha vida. Ele acordou cedo, como sempre, e imagino que está ocupado com algum dos seus compromissos. Quero surpreendê-lo, fazer algo bom para ele também. Mas, ao chegar, encontro o escritório vazio.Franzo
~ Summer ~Acordo com o toque delicado de algo roçando meu rosto. O calor dos lençóis ainda me envolve, e o aroma inconfundível de café fresco invade meus sentidos. Abro os olhos devagar e encontro Lucca sentado na beira da cama, com aquele sorriso preguiçoso e apaixonado, segurando uma bandeja de café da manhã digna de novela.— Bom dia meu amor — ele murmura, com a voz ainda rouca de sono.Sorrio ao ver os detalhes: pães douradinhos, frutas cortadas com capricho e minha xícara de café favorita, fumegando do jeitinho que gosto. Me sento devagar, a seda da camisola deslizando pela pele, e Lucca se inclina para me dar um beijo lento, cheio de ternura.— Isso tudo é pra mim... ou tem alguma intenção escondida aqui? — brinco, com um sorriso malicioso.— É pra você. E pro... nosso bebê — ele responde, pousando a mão suavemente sobre minha barriga ainda discreta.— Ah, então agora você já sabe que é um menino? — digo, arqueando uma so
~ Lucca ~Os dias passam voando. Cada amanhecer traz consigo um peso maior nos ombros, e a ansiedade se torna uma sombra constante. Faltam apenas três dias para o evento. Três dias para encararmos o passado e garantirmos que o futuro não seja definido por Gael.Vamós viajar hoje, para termos tempo habil de nos instalar e conhecer o território inimigo e isso me deixa tenso.Summer percebe minha tensão. Não preciso dizer nada; ela sempre sabe. No fim da tarde, quando estou sentado no sofá do nosso quarto, massageando minhas têmporas, ela se aproxima e desliza as mãos pelos meus ombros.— Você está tenso — diz suavemente, iniciando uma massagem firme.— Difícil não estar — respiro fundo, fechando os olhos ao sentir seus dedos percorrerem minha nuca.— Vai dar tudo certo, Lucca. Nós estamos prontos.Viro-me para encará-la. Seus olhos são determinados, sem hesitação. Isso me dá forças.— Eu só quero garantir que você
~ Summer Monteiro ~Vivo em Petralia Soprana, um pequeno vilarejo na Sicília que parece parado no tempo. A cidadezinha era tranquila até ser descoberta pela máfia, que a transformou em uma rota discreta e conveniente. Dizem que há um homem que governa a região com punhos de ferro, mas isso pouco me importa. Vivo isolada na fazenda da minha família e raramente saio, exceto para visitar o túmulo da minha mãe no cemitério local.Hoje é mais um dia comum, acordo às 06 da manhã com o cantar dos galos, faço minha higiene matinal e tomo um café rápido antes de encarar as tarefas do dia. Tudo na fazenda é responsabilidade minha, já que meu pai só sabe beber e, pelo visto, nem dormiu em casa esta noite. Alimentar os animais, consertar cercas, colher o que a terra dá — tudo isso cai sobre mim.Depois de alimentar os bichos, selo meu cavalo, Príncipe, e vou ao cemitério. É o único lugar onde sinto que realmente posso respirar. Passo horas conversando com minha mãe, contando a ela sobre os dias m
~ Gael Martinez (Hades) ~O mundo da máfia não espera ninguém crescer. Ele te engole antes que você tenha a chance de entender quem é. Eu fui tragado por ele antes mesmo de aprender a amarrar meus sapatos. Aos dez anos, ainda um moleque, meu pai colocou uma arma na minha mão e apontou para o homem que supostamente nos devia algo.— Puxa o gatilho, garoto. — Ele disse, a voz fria e sem emoção. — Ou morre como um inútil.Eu puxei. Não hesitei.O som do tiro ainda ecoa na minha mente às vezes, mas não sinto remorso. Nunca senti. Foi ali que comecei a entender como o mundo funciona: ou você