Cidade A, prisão.
- Ao sair, não olhe para trás, viva bem.
Carolina se virou e se curvou, ficou tremendo no vento frio.
Cinco anos.
Quando foi presa, tinha apenas 21 anos.
- Entre no carro.
Ao lado da estrada, estacionava um Maybach preto, e a voz do homem era fria.
Ele era o irmão de Carolina, a quem ela chamou de irmão por 21 anos, até descobrir subitamente que não tinha laços de sangue com ela.
- Irmão... - Carolina disse com a voz rouca, olhando para baixo de forma desconfortável.
- Não sou seu irmão, não me enoje. - Rui Silva ficou sério e verificou o relógio. - Você roubou vinte e um anos da vida de minha irmã, a fez sofrer abusos naquela casa, como ousa me chamar de irmão.
Carolina mexeu os lábios rachados, mas não conseguiu dizer uma palavra.
A Silva de Cidade A tinha apenas uma filha, Carolina, filha do empregada, enquanto a verdadeira herdeira da família Silva havia sido secretamente substituída pela filha do empregada.
- Desculpe... - Carolina murmurou com a voz rouca após um longo silêncio.
Incriminada por extorsão e chantagem, nos cinco anos de prisão ela aprendeu a se submeter, a se desculpar.
A fim de sobreviver, estava até disposta a implorar de joelhos a qualquer momento. Antes, ela era a querida filha da família Silva, mimada pelo irmão, a jóia preciosa nos olhos dos pais.
Mas de repente, a verdadeira herdeira da família Silva entrou em sua vida maltrapilha em uma noite.
Em um instante, sua mãe biológica se tornou uma criminosa, ela se tornou a vida roubada de uma socialite, uma palhaça desprezada por todos em Cidade A.
Ninguém se importou quando foi trocada por sua mãe biológica ainda bebê, sem chance de escolha.
- Desculpe? Um simples desculpe por cinco anos de prisão apagaria todo o dano que vocês fizeram a Luana? - A voz de Rui era fria, olhando para Carolina com desprezo.
- Entre no carro. - Ele disse, achando Carolina repugnante, evitando até a tocar. Aquele que costumava abraçá-la e dizer que ela era a mais bonita de todos na família, agora a desprezava até a morte.
- Estou suja... - Carolina sorriu amargamente, recuou, com medo de entrar no carro. Rui franziu o cenho e olhou para Carolina.
Antes, Carolina tinha vivido uma vida de riqueza e luxo na casa deles por vinte e um anos, tão preciosa como uma pérola na palma da mão, brilhando e deslumbrante aos olhos de todos.
Agora estava empoeirada, pálida e frágil, parecendo miserável até a alma. Claramente, ela não estava bem lá dentro.
- Não me faça repetir, entre no carro! - Rui olhou para Carolina com um olhar cheios de ódio. - Luana teve um acidente e você deve estar feliz? Vá comigo para o hospital, devolva o que deve a ela!
Carolina ficou atônita com o olhar oco, de repente sentindo medo.
Ao sair da prisão, ela pensou que estava tendo uma alucinação, como seu irmão poderia estar lá para buscá-la, sabendo que a família Silva a odiava. Mas Rui veio. Ele veio, é claro, não para buscá-la.
- O que você quer dizer...? Carolina estava tremendo.
- Luana teve um acidente de carro e precisa de um transplante de rim, você deve a ela. - Rui franziu o cenho, falando com seriedade. Carolina respirou fundo, deu mais um passo para trás, com medo repentino, o instinto básico de sobrevivência fazendo-a querer fugir.
- Carolina, você ainda é tão venenosa quanto antes.
Antes de dar dois passos, Caroline foi agarrada com força pelo pulso e jogada ao chão. Caindo no chão em desabrigo, a testa de Carolina bateu em uma pedra na beira da estrada, o sangue escorrendo.
Aquele som... frio e familiar.
Ela olhou para trás com medo, encolhendo as pernas. Pedro Santos, seu ex-noivo, também um dos homens que a enviou para a prisão com provas falsas de extorsão.
- Este é o que você deve a Luana. - Pedro disse com frieza, arrastando Carolina de volta para o abismo do inferno.
Ela pensou que, saindo da prisão, estaria livre.
No tribunal, ela não se defendeu, nem teve forças para fazê-lo. Ela pensava que, admitindo a culpa e cumprindo cinco anos de prisão, poderia expiar todos os seus pecados, mas estava longe de ser suficiente.
- Leve-a logo para o hospital, Luana está esperando. - Rui estava um pouco impaciente.
- E se ela não concordar? - Perguntou o motorista.
- Não concordar? A vida dela pertence à Luana, quem ela acha que é para não concordar? - Pedro riu maliciosamente, segurando o queixo de Carolina. - Sua mãe biológica diabólica continua na prisão, se você quer que ela viva, se comporte, leve seu rim como pagamento.
O corpo trêmulo de Carolina gradualmente se tornou rígido, confirmando que, depois da prisão, o que a esperava ainda era o inferno.
Para sobreviver nas mãos desses demônios, ela teria que lutar para subir.
Em toda Cidade A, o único homem que poderia mantê-la viva era José Santos, o presidente dos Santos Group, o irmão mais velho de Pedro.