Capítulo 0005
Patrícia ainda estava semi-curvada. Esse anel havia sido projetado por ele pessoalmente, de acordo com as preferências dela. Não era extravagante, mas tinha um design único, sendo a única peça no mundo.

Desde o momento em que ele o colocou em seu dedo, Patrícia só o retirava para tomar banho, nunca o tinha tirado em nenhuma ocasião.

Se não fosse por sua desesperada necessidade de dinheiro, ela nunca teria recorrido a essa medida extrema. Mas o que ela considerava tesouro era considerado lixo aos olhos dos outros.

Ele não estava pisando no anel, mas em todas as memórias preciosas que ela guardava.

Mariana se aproximou, sorrindo, e explicou para ele:

- Teófilo, que bom que você chegou. Acabei de ver a Sra. Patrícia vendendo o seu anel enquanto eu escolhia joias.

A expressão fria de Teófilo não mostrava emoção. Seu olhar gélido pousou no rosto de Patrícia, que estava reprimindo sua raiva, e ele perguntou com frieza:

- Você quer vender esse anel?

Patrícia lutou contra as lágrimas, apertando os lábios para não chorar:

- Sim, Sr. Teófilo, você quer comprar?

Um sorriso sarcástico brincou nos lábios de Teófilo.

- Lembro-me de você, Sra. Patrícia, dizendo o quanto esse anel era importante para você. Parece que seu amor não passava de palavras vazias. Coisas sem coração são lixo para mim.

Patrícia estava prestes a responder quando uma dor ardente em seu estômago ativou seus nervos. À medida que o tumor crescia cada vez mais, a dor, que antes era leve, se transformava em uma dor lancinante.

Ela observava o par perfeito em preto e branco sob a intensa luz branca, como um casal idealizado. Um homem e uma mulher feitos um para o outro.

De repente, ela perdeu a força para argumentar. Um homem que mudou de coração não se importaria, mesmo que ela arrancasse o coração do próprio peito e o entregasse a ele.

Patrícia suportou a dor e pegou o anel, retornando calmamente ao balcão para pegar a caixa e o recibo.

Diante de Teófilo, ela não queria parecer fraca. Mesmo que estivesse quase desmaiando de dor, ela ainda mantinha passos firmes.

Ao passar pelo lado de Teófilo, ela soltou uma frase sem emoção:

- Assim como o Sr. Teófilo, eu costumava considerá-lo precioso. Agora é apenas uma pedra que pode ser trocada por dinheiro.

Teófilo percebeu que algo não estava certo. O suor escorria da testa lisa de Patrícia, e seu rosto estava pálido como papel, como se estivesse se esforçando para conter a dor.

De repente, sua mão grande agarrou o braço dela, e sua voz soou baixa:

- O que está acontecendo com você?

Patrícia afastou a mão dele com um movimento brusco:

- Não é da sua conta.

Ela não olhou para trás novamente e, em vez disso, ergueu a coluna com determinação, desaparecendo de sua visão.

Teófilo continuou olhando fixamente para a figura dela se afastando. Mesmo que tivesse sido ele quem a deixou, por que seu coração ainda doía?

Patrícia encontrou um canto vazio e, com pressa, tirou um analgésico do seu bolso.

Ela sabia que todos os tratamentos e medicamentos contra o câncer tinham efeitos colaterais, então ela só tinha comprado alguns analgésicos e remédios para o estômago, que teriam pouco efeito. Mas, eram melhor do que nada.

Olhando para a chuva torrencial lá fora, ela pensou se só havia aquela opção.

Era a última pessoa que ela queria encontrar, mas por causa de seu pai, ela tinha que arriscar.

Patrícia voltou para casa primeiro e se arrumou, já que estava um pouco desalinhada. Então, ela pegou um táxi até a Mansão da Oásis.

Mais de um ano atrás, ela havia feito uma ligação para si mesma no país, após mais de uma década sem contato. Ela não sabia como ela estava agora.

Observando a suntuosa mansão, parecia que ela estava indo bem nesses anos.

Após explicar sua visita, um dos empregados a levou até a sala de estar. Sentada ali estava uma mulher elegante, tão bela quanto Patrícia se lembrava.

- Paty. - Os olhos bonitos se voltaram para ela.

Mas a palavra "mãe" simplesmente não saía dos lábios de Patrícia.
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