Capítulo 4

Letícia Fontenelle

    Cheguei em casa pela madrugada, entrei com o maior cuidado possível, para Naná não me ver naquelas condições. A primeira coisa que fiz foi tomar um bom banho, vesti minha camisola, tomei o remédio para dor de cabeça, que parecia estar me matando e me deitei. Não dormi quase nada, a m*****a lembrança do desgraçado, me dizendo horrores ainda habitava meus pensamentos.

Estava tão bom o nosso primeiro beijo, foi um sonho, mas depois, quando ele descobriu que eu era virgem, gozou que nem vi. Só lembro da dor quando ele enfiou aquele pau enorme dentro da minha intimidade. Não me contive e gritei de dor, mas quando ela passou, ficou bom, muito bom!!!

Até ele não me deixar gozar, o que minhas amigas diziam que era uma delícia.

Não senti nada, pois aquele cretino gostoso, tirou aquele pau de dentro de mim, sem ao menos esperar eu gozar.

O infeliz tem um beijo que nunca senti na vida, um beijo gostoso. Na verdade, ELE é todo gostoso.

Pena que foi um grosso comigo!!!

Eu errei muito em não ter dito nada, mas ele nem me deu tempo de falar uma palavra sequer, me agarrou forte e que pegada era aquela.

Meu Deus, que pegava magnífica!!!

Apesar de que nunca fui pega daquele jeito, só rolava uns beijinhos e nunca saia disso, mas bem que eu iria gostar se saísse, mesmo com meu coração pertencendo a ele.

Eu amo aquele homem, com todas as forças do meu coração, porém, é como eu já falei, vou esquecê-lo de qualquer jeito.

Juro que vou esquecê-lo!!!!

Sai do hotel que ele nem viu e sem avisar nada, comprei uma passagem e vim embora. Não queria olhar para cara dele, nem que me pagassem. Depois de ouvir tanta grosseria, eu nunca mais iria vê-lo. Nunca mais volto naquele trabalho, nem fodendo.

Acordei completamente sem vontade de me levantar da cama, mas infelizmente teria que fazer tal coisa. Fui até o banheiro para fazer minha higiene pessoal, vesti um vestido soltinho e fui para cozinha. Naná já estava lá e levou um susto ao me ver.

— Minha filha, o que você está fazendo em casa ? Pensei que você só voltasse de noite!

— É, eu ia voltar só de noite, mas voltei antes. Todo o trabalho já estava terminado e como não precisavam de mim lá, voltei. — ela me olhou duvidosa e não perguntou nada.

Já estava de manhã, mas assim como ontem, eu não iria trabalhar. Desci para tomar café e assim que Naná me viu, tomou um susto.

— Não vai trabalhar hoje não, minha filha? — pergunta curiosa.

— Não. Nem hoje, nem amanhã e nem nunca mais. Sai do emprego!

— Sério, minha filha ? — pergunta assustada.

— Sim, chega de trabalhar como secretária, cansei. — falei isso e mais nada...

Passaram-se os dias e as minhas duas e únicas amigas estavam estranhando não aparecer por lá, então ambas resolveram fazer uma visita surpresa. Quando dei por mim, as duas estavam dentro do meu quarto, sentadas na minha cama, lugar de onde eu não saia ultimamente. Só ficava deitada, não tinha mais ânimo para nada. Meu quarto era meu lugar preferido esses dias.

— Que merda está acontecendo com você, dona Letícia? — falou Rebeca, a mandona.

— Nada! — respondi.

— Como assim "nada"? Que nada o quê. Pode nos contando AGORA mesmo o que o canalha do seu chefe te fez e nem pense em mentir, pois você sabe que eu conheço uma pessoa mentirosa de longe.

— Ah, você agora é vidente? — falei com Rebeca, que mesmo casada ainda continuava doida como sempre. Ela ficou rica com suas pinturas e mesmo com bastante dinheiro, não deixava de ser a pessoa humilde que sempre foi.

— Fala logo! — disse a outra mandona.

— Porr@, a pessoa não pode nem ficar em paz. Não aconteceu nada, só não quero mais trabalhar lá com aquele homem. — falei isso com tanta raiva que as meninas logo perceberam.

— Me fala logo, o que aquele desgraçado fez? — eu falei a verdade só omitir alguns detalhes, não ia falar que o cretino me falou horrores.

Tentei ficar calada, mas por tanta insistência, acabei por contar. Falei que dormimos juntos e que estou com vergonha de olhar para cara dele agora e que não sou mais virgem e não gostei, pois senti foi uma dor horrível.

— Amiga, mas depois é uma delícia. — sorri com a cara da minha amiga louca.

Pelo menos elas me fazem esquecer a tragédia da minha vida, elas ficaram comigo o dia todo. Conversamos saímos e nos divertimos.

— Por que vocês não trouxeram as crianças? Elas me alegram e muito!

— Ah amiga, queríamos ficar sozinhas com você, nós bem que deveríamos combinar de ir a Lapa só nós três... — dei risada e falei:

— Você quer morrer, Rebeca? Vai sonhando que seu marido vai deixar você ir sozinha para a Lapa.

— Ele não manda em mim, vou se eu quiser, mas como não estou com vontade de ir hoje, vamos deixar para outro dia...

Já era bem tarde quando elas foram embora. Olhei para cara de Naná e falei:

— Quem mandou você falar alguma coisa para elas?

— Eu estava preocupada com você!

— Ok, mas não precisa se preocupar, estou bem!

Conforme os dias foram se passando eu me sentia cada vez mais estranha, tudo que eu comia colocava para fora, todos os dias eram assim. Acho que estou com algum problema no estômago, tenho que ir à minha médica.

***

Liguei para a doutoura Simone e fui para o consultório. Chegando lá, ela me perguntou o que eu tinha, falei tudo, sobre os enjoos e vômitos constantes, logo ela perguntou se eu tinha tido relação recentemente, falei que sim, ela mandou eu ir fazer o exame de sangue ao lado e o resultado saiu em algumas horas.

Letícia você não tem nada no estômago. — deu uma pausa. — Só está grávida. — disse sorrindo.

E eu? Bom, eu quase desmaiei.

— Como assim grávida? Não posso estar grávida! Ai meu Deus!!! — comecei a chorar ali mesmo.

— Letícia o que houve? — perguntou preocupada.

— Ele nem quer saber de mim, quem dirá do próprio filho e agora? O que vai ser da minha vida? Aquele desgraçado, me deixou grávida. Maldito... Infeliz. - eu chorava tanto que nem sabia o que estava falando.

— Se acalme querida, por que você não conversa com o pai do seu bebê?

— Nunca que eu vou falar com ele. O que vou fazer agora, com um filho sozinha? Meu Deus, por que isso foi acontecer comigo? Só com uma única foda, MINHA PRIMEIRA FODA e já engravidei. Estou lascada.

— Por isso mesmo, ele tirou sua virgindade e pode querer assumir você e seu bebê.

— Acredite, ele não vai assumir. Eu conheço aquele homem desde meus vinte anos de idade e nunca o vi com uma namorada na vida. Mal transamos e eu já engravidei. Ele me falou coisas horríveis e eu nunca mais, quero vê-lo de novo. Muito obrigada por me ouvir. — dei tchau e fui embora pensando, no que ia fazer grávida.

***

Oh, meu DEUS!!! eu estou grávida daquele babaca, o que eu vou fazer agora? Ele não pode sequer sonhar que estou grávida, tenho que fazer alguma coisa.

Cheguei em casa e fui direto para meu quarto, me deitei na cama e chorei muito.

O que eu faço da minha vida?

Como uma pessoa pode ainda ser tão azarada e engravidar de um babaca?

Mas eu terei esse bebê com toda a certeza do mundo, vou criar essa criança longe daqui. Pensei e pensei... passei horas pensando. Já havia escurecido e eu continuava no mesmo lugar, imóvel pensando para onde eu iria. De repente, pensei em um lugar que eu gosto muito e já estive muitas vezes, com meus pais. Na casa da minha tia.

Sei, que ela vai surtar quando eu falar que estou grávida, mas ela vai aceitar numa boa, sei que minha tia é uma ótima pessoa e ainda tem a minha prima. Depois vou ligar para elas, falando que vou passar um tempo com elas. Só não vou dar de bandeja a notícia de que estou grávida.

Eu sei que vou gostar de passar um tempo com elas, amo Londres e é uma cidade linda.

Não posso ficar tão perto desse homem, vai que ele me vê de barriga grande e pergunta quem é o pai?

Duvido que aquele canalha tenha algum sentimento por alguém e que queira ser pai.

Falei com Naná que iria passar um tempo fora, um tempo que ainda não sabia ao certo quanto, só queria sair daquele lugar, o mais rápido possível. Perguntei para ela se gostaria de vir comigo e ela aceitou na hora. Então, ela ficou arrumando tudo enquanto eu ia dar a notícia as minhas amigas, que obviamente não iriam gostar, mas como Rebeca está sempre viajando, pode muito bem ir à Londres.

Falei para Camila ir para a casa de Rebeca, pois eu tinha um comunicado a fazer. Cheguei lá, e elas estavam sentadas na varanda me esperando.

— O que aconteceu Letícia? O imbecil apareceu e te pediu em casamento foi isso? — só Rebeca para falar tanta bobagem

Essa aí é uma pessoa maravilhosa, uma grande amiga e só falta matar Rahmi do coração, quando fala que vai sair.

— Letícia está no mundo da lua, é?

— Meninas, vim dizer que estou grávida e vou embora... — elas deram um grito que quase fiquei surda.

— Como assim embora? Por quê? Você falou grávida? Ah, meu Deus!! Minha caçula vai ser mamãe e o pai já sabe? — disse tudo de uma vez, sem nem mesmo respirar.

— Não, nem quero que ele fique sabendo. Prometam que se vocês encontrarem com aquele desgraçado, não vão contar nada para ele? Me prometam, por favor!

— Tudo bem, mas eu quero saber o que Guilherme fez para te deixar com tanta raiva dele, pode contar tudo AGORA, Letícia. Isso está muito estranho, você perder a virgindade com o homem que você ama e de repente ficar com uma raiva mortal dele. — Camila fala.

— Ah, meu Deus! Ele não te pegou a força não, né? Pois, se ele fez isso, o coloco na cadeia.

— Ah, para de falar bobagem, lógico que ele não me pegou a força, né. — digo.

— Você vai para onde? — perguntou Camila e as duas já estavam em lágrimas.

— Aposto que é para um lugar que fique dois dias no avião, já que ela quer sumir, só para me enlouquecer quando visitá-la, né dona Letícia?

— Eu vou morar em Londres e quero que VOCÊ DUAS, me visitem. Principalmente quando meu bebê nascer. Prometam, que eu não vou perder minhas melhores amigas nunca, nem pela distância.

— Você está louca Letícia? A gravidez já está afetando seus neurônios? — diz Rebeca.

— Ficou louca? Nossa amizade vai durar para sempre. O grande problema é que eu não tenho muito tempo para viajar. — diz Camila com carinha e triste.

— Pois você vai arrumar um tempo! — estávamos chorando feito loucas.

— Vocês sempre vão ser as minhas irmãs.

— E Londres é mais perto que Istambul, né Rebeca? Você está sempre por lá. — nos abraçamos e eu fui embora para minha casa.

Já estou com saudade das minhas amigas, mas eu não posso viver no mesmo país que esse crápula, pois sou capaz de ir ao escritório dele, só para matá-lo.

Chega Letícia, você está proibida de pensar nesse homem, ele não merece e nunca vai merecer o que você sente por ele, falo comigo mesma.

Bom está na hora de dar a volta por cima, sacudir a poeira e recomeçar...

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