Simplesmente Nós
Simplesmente Nós
Por: Escritora Kayrolayne Perpétua
Capítulo 1

Que lindo, mais uma semana que começa, mais uma vez está na hora de levantar e fingir que está tudo bem. Mas não está. Não pense assim Clara, dizia para mim mesma.

Essa semana será nova, meu melhor amigo, Igor, volta para Goiânia, estou morta de saudades. Ele é meu amigo desde quando eu tinha cinco anos. Então é muito tempo, após a aula irei buscá-lo com minha mãe, mal posso esperar.

...

— Clara — minha mãe Vânia me chama de longe, ela está vestida com um vestido justo lindo, esse vestido fica lindo nela — vamos, estamos atrasadas.

— Já estou indo mãe — estou toda simples, um short jeans, uma havaiana, meu cabelo está uma bosta, então fiz um coque e pronto, não sinto aquela necessidade de me arrumar toda, é só meu melhor amigo.

— Estou com tanta saudade dele, Clara, — disse minha mãe. Ela sempre foi a mãe que recebe meus amigos em casa como se fosse os amigos dela, ela nunca teve muitos amigos na época de adolescência, então ela acaba roubando os meus um pouco.

— Eu também farei muitas festas… — fiquei imaginando muitas coisas que eu poderia fazer, sempre fomos aqueles amigos bagunceiros, de ficar até tarde acordados fofocando, ou simplesmente rindo.

 ...

Chagando no aeroporto Igor me liga.

“Oi maninha!”

“Oi maninho! Já estamos chegando calma aí!”

“Ok maninha, estou com saudades, e muita viu”.

“Também estou. Cheguei me espera na entrada. Beijos.”

Quando chego… Nossa como ele está bonito, somos muito parecidos, só os olhos que são diferentes. O dele é azul meio verde, nem ele sabe. Corro ao encontro dele, saio do carro gritando, e pulo nos braços dele, estava com saudades. Parece que ele cresceu caramba! Voltamos para minha casa e minha mãe fez lasanha, prato preferido do Igor, ele comeu duas vezes. Conversamos o restante do dia todo, foi ótimo estar com alguém que eu realmente gosto de conversar, não sou uma garota de muitos amigos, mas os amigos que tenho são suficientes.

Terça de manhã, não é uma segunda mais ainda é chata, sabe aquela vontade de fingir uma dor de cabeça só para não ir para aula? Então, quase fiz isso, vesti meu uniforme, e uma calça jeans, nunca gostei muito de maquiagem só passo um gloss e pronto, logo enfrentaremos mais amigas que me criticam, só ficam perto de mim para pegar respostas das atividades, isso é complicado viu? Não é que eu seja antissocial, mas vejo que muitas vezes elas se aproximam por interesse, e sou aquele tipo de pessoa que faz as coisas só para a pessoa sair logo dali, confesso que já passei a resposta errada, só para ver a cara delas de raiva. Mas hoje, estou empolgada para terminar de ler pela centésima vez o livro A hospedeira, não sei como, mas esse livro me inspira, as garotas normais reclamam que eu deveria sair para festas com elas, como uma garota normal de 17 anos, mas cá entre nós, não sou normal, no padrãozinho, gosto de ler, de ficar em casa vendo filmes, só isso, curto uma boa tranquilidade.

Meu melhor amigo, Igor, também fala que tenho que sair um pouco, mas eu não quero. Ir para balada nem posso, não tenho idade suficiente para isso, cinema não é para mim, tem muita gente junto, então não curto, shows nem pensar, adoro ver os shows pelo YouTube, dançar, berrar, cantar feito uma louca em casa, muita gente empurrando, bebidas, barulho, não, prefiro ficar em casa, no meu conforto, isso é bem melhor! Não tem comparação.

— Clara de novo você está lendo esse livro — disse Vanessa, era uma das poucas meninas da sala que eu tentava conversar, ela era de boa, então valia a pena ainda, mesmo que para mim não fizesse diferença.

— Gosto de ler, me traz paz, e eu sempre preciso, já estou quase terminando ele, então com licença antes que o sinal toque — digo dando um sorrisinho que ela odeia. Fico rindo sozinha dela.

A professora passa uma redação sobre literatura, essa faço algo com facilidade. Falo sobre como a literatura é importante desde uma criança até um idoso. Tenho um bom embasamento sobre isso, até porque vivo lendo, então sei dizer o quanto é importante e o quanto traz uma mudança a vida de quem lê. Eu sou a única que realmente gosta de ler nesse colégio, isso é chato, sempre que você quer conversar sobre o livro não tem ninguém.

Mais tarde, estou sem fazer nada e mando mensagem para o Igor.

“Oi, maninho… Tudo bem? Estou com vontade de ver um filme sobre um livro que li de novo, o que você acha?” Digito e envio para Igor.

“Oi, maninha… Claro já estou indo, a pipoca é por minha conta”.

Mal posso esperar. Depois de muito ler A Hospedeira, consegui baixar para assistir e verei com meu melhor amigo, e também preciso conversar com ele.

— Clara, — ele grita do portão.

— Já vou, — ele andou rápido, nossa.

— Entre, — digo abrindo o portão, — tenho que te contar uma coisa maninho, porém, eu não sei bem como te explicar.

Ele me olha, com os olhos arregalados de preocupação.

— Diga logo Clara, o que houve… — neste instante senti que ele leu dentro da minha alma, ele sempre foi o que desabafa e não eu, então quando falei que precisava contar uma coisa, ele já me olhou estranho.

— Estou gostando de um garoto lá da sala, conversamos tem pouco tempo sabe? A nossa conversa fluiu muito bem, temos uma boa ligação sabe? Mas não sei se dará em algo. Ele vai passa para de noite e eu continuarei de manhã, não acredito que dará em algo, justo agora no fim do ano, já estamos em novembro e, nessa altura começo a gostar dele, — digo segurando para não começar a chorar, falei tão rápido que nem vi quando terminei e comecei a chorar muito, isso nunca aconteceu, esse lance de gostar de alguém é novo para mim, pode parecer clichê, mas de tanto ler parei de acreditar na magia do amor, pelo simples fato de sempre ler, e sempre saber como terminará, então a surpresa do amor para mim não existe.

— Calma! Você ouviu o que disse? Ele mudará de turno, então para que essa neura? Relaxa, que é o melhor, vai por mim, homem é muito complicado, vamos deixar esse sofrimento seu para depois pode ser? Não quero te ver triste, principalmente por alguém que você sabe que vai parar de ver, e pelo visto você só está apaixonadinha, — sei que ele sabe lidar com Homem, mas qual é? Só porque ele é mais vivido, me peguei rindo disso, depois do choro todo que eu tive.

Vimos o filme todo, eu chorei feito uma idiota, e ele ficou rindo de mim. Ainda acharei um filme que ele vai chorar e muito. Foi um dia totalmente lindo passei o dia com o meu melhor amigo. Ele me deixava bem, sabendo que tudo no final daria certo. Depois do filme ele me contou como foi sua viagem, ele foi para Londres, fez intercâmbio, me mostrou as fotos, os vídeos, e também um dos gatinhos que ele pegou durante a viagem, queria eu um assim. Tinha cada um mais lindo que o outro, como ele consegue fazer isso? Sinceramente não sei, mas adoro as histórias dele.

 ...

O ano terminou, passei para o terceiro ano do ensino médio, seria o último ano, mas não estava pensando em faculdade, já havia pensado em trabalhar em editora, sei que existem pessoas que ficam responsáveis só para ler, isso me deixava louca, por que assim, junta ler, algo que eu amo, com o trabalho, essa ideia não saiu da cabeça. Continuei a conversar com Lucas, entretanto ele trabalha o dia todo, e parecia que ele me ignorava, então foi certo eu não insistir. Mas tem algo me dizendo que isso não acaba aqui. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. Ele passando para o turno noturno será algo bom, eu realmente espero, e ficar sem ver ele às vezes ajuda também a esquecer, falam que a distância ajuda a esquecer, bora ver se é verdade mesmo.

A virada do ano passei com minha família, fomos para a casa da minha tia na fazenda, foi até legal, depois da queima de fogos, fui para meu celular e fiquei procurando música para ouvir, acabei ouvindo pop internacional, fui de Katy Perry, coloquei no aleatório, e acabei dormindo, tenho esse dom para dormir rápido.

Minhas férias foi uma chatice, minhas primas por parte de mãe se acham melhor do que eu, só por que são mais novas, e já pegaram a cidade inteira ou quase isso.

Acredito que tudo tem o momento certo. Fico rindo disso, minha criação foi muito tranquila, foi bem aberta e sincera, tenho uma ligação muito boa com minha mãe. Nunca fiquei na casa de ninguém, sempre tive minha mãe ao meu lado, principalmente quando meu pai e ela se separam, eles ainda conversam, mas só sobre minha educação, eles não se suportam tanto como antes. Ficava rindo muito sobre as brigas deles, eram brigas bobas de verdade, ainda bem, mas eu ria muito, escondido é claro, pensa se eles me pegam rindo, estava lascada.

...

Quando começa as aulas, não estou muito animada, mas lá vamos nós outra vez, terceiro ano me espera, até que fim né por que demorou muito. Sei ser exagero tudo isso, gosto de escola, mais do que as pessoas normais gostam, se brincar gosto mais que os professores, mas para mim, demorou e muito. Sinceramente espero que esse ano tenha só coisas boas, ano passado foi meio que estranho. Paixão não correspondida, separação de pais, viagem de amigos, amigos começando a namorar e as namoradas me odiando. Foi uma loucura, espero que seja totalmente diferente, e que meus desejos e sonhos se tornem realidade.

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