O tempo parecia rugir, correndo como um louco enquanto eu respirava fundo com milhões de pensamentos girando em minha mente. Eu precisava encontrar Alissa, a loba branca e fazer com que ela inocentasse Marius do massacre. Contudo, onde estava Marius agora? E se Devon estivesse mentindo sobre ter algo para me ajudar a encontrá-la? Eu estava com tantas dúvidas, parecia que cada decisão que eu tomava, alguém saia machucado. “Não seja tola, Jane, alguém vai se ferir de qualquer maneira. A dúvida é qual dos dois irá sofrer.” Selene me alertou em minha mente, eu podia sentir o tom de julgamento em sua voz, seus olhos amarelos me fitando enquanto me censurava por não me decidir. Mas como eu poderia tomar uma decisão agora? Eu não podia me precipitar assim, mesmo que o príncipe estivesse me pressionando. “E se ele nos machucar por acreditar que estamos usando o nosso companheiro?” Selene me alertou novamente, sua voz era temerosa e eu odiei isso. “Ah, por favor, você não deveria ser mai
DEMÉTRIUS Uma parte de mim sabia que o macho a minha frente não era o meu inimigo. Não era dele que eu estava com raiva, não era ele que eu desejava desesperadamente que estivesse morto. Ainda assim, suas palavras eram como facas enfiadas lentamente em meu coração. Como se houvesse uma ferida aberta bem ali, e ao invés dele deixar que se curasse, Zephyrus a estava cutucando-a, fazendo-a sangrar ainda mais. Eu não queria de maneira alguma acreditar que Jane escolheria aquele lobo negro maldito, que me rejeitaria assim depois de meses comigo. Depois de tudo. Mas esse era o meu maior medo, o que era estranho porque eu nunca tinha experimentado essa sensação. Medo de perder alguém. Eu era um príncipe. Eu não perdia fêmeas, eu me cansava delas e as dispensava. Mas com Jane, tudo era tão incerto. Ela devia ser minha por direito. Eu tinha todos os direitos que a deusa concedeu, eu tinha todos os recursos para cuidar dela, dos nossos filhotes. Ela nunca mais teria que se preocupar com nad
KILIAN Fenrir não estava mentindo. Eu podia farejar mentiras quando as ouvia, ele estava dizendo a verdade. Marius estava amaldiçoado a não procriar e isso enfraquecia o meu poder. Engoli em seco, observei os olhos dos lobos ao meu redor, dos meus lobos. Eles sabiam que Tristan havia feito algo grave para que não estivesse comigo, contudo, poucos sabiam o que ele realmente havia feito. Eu havia escondido o fato de que aquele filhote fraco matou um dos nossos melhores lobos. — Ele não serve de nada para você. — Fenrir continuou, se aproveitando do meu silencio. Aquele verme acreditava que eu estava cedendo a ele. Eu, Kilian Hawthorn Alfa da alcateia Garras sombrias estava cedendo a outro macho. Aquilo me insultava, fazia com que meu sangue fervesse dentro de mim de uma forma que eu não sabia como sequer explicar. Me virei para Fenrir, que continuava falando o quanto Marius era inútil para mim. — Meu irmão fez um acordo com as deusas, ele deve cumprir 50 anos em total exilio, pe
MARIUS Quando menciono o nome de Karen, vejo lentamente sua expressão mudar. Kilian estava afetado emocionalmente. Mesmo que seus lábios dissessem que fêmeas não possuíam utilidade a não ser a servidão e submissão, eu conseguia ver como Karen não era meramente um objeto para ele. — Me afetou? Eu mesmo a matei por ousar tramar para me deixar. — Ele respondeu, sua voz estava distante e ele encheu mais o seu copo, bebendo um longo gole da bebida ardente. Ele estava afetado, seus olhos não eram mais os mesmos. E fazer uma aliança com um lobo Eldryn era a maior prova disso. Ele se orgulhava de conseguir tudo sozinho, derramando todo o sangue possível, mas agora estava fazendo alianças? Colaborando para um novo rei Alfa? — É verdade o que aquele merdinha disse sobre você? — ele me questionou de repente. O macho se virou segurando ainda seu copo e se sentou em sua cadeira. Seus dedos batucaram a mesa de mogno impaciente. Não respondi, apenas virei as costas para sair, mas sua voz me fe
— Jane do orfanato de Delister está inocentada das acusações contra a alcateia de Delister. — A voz do juiz soou alta e imponente, eu havia me levantado para receber a sentença, mas no instante que ela foi proferida, os gritos da Luna Clarisse que havia perdido seu único filho no massacre romperam o silencio no tribunal. — Não! Ela não pode ser inocentada. Ela ajudou a matar o meu filho naquela clareira! Ele foi despedaçado pelo lobo negro namorado dela! — A Luna gritou, seu rosto estava com uma máscara de dor e ódio. Seus cabelos sempre tão impecáveis estavam secos e sem vida, seus olhos inchados. Aquele julgamento havia sido rápido, não passando de duas semanas. Quando ouvi a sentença, não senti nada. Não senti alívio, nem preocupação em ser executada. Uma parte de mim queria a execução. A Luna tentou avançar em minha direção mesmo estando no tribunal e os guardas e o Alfa tiveram que conte-la, enquanto eu sentia mãos ao meu redor tentando me amparar, como se eu tivesse que ser a
Suas palavras não tiveram o efeito que no passado haviam tido sobre mim. A palavra “órfã” já não me afetava mais como antes. Enquanto eu olhava para aquele macho, para aquele Alfa dos lobos negros tudo que eu sentia era raiva e repulsa. Ele havia tratado Marius e a todos a sua volta como lixo, havia tratado a mim como lixo. Um lobo cruel e sanguinário. Kilian se levantou da poltrona com sua postura ereta e orgulhosa, seus olhos fixos em mim como se eu não passasse de um gatinho assustado. De uma presa fácil para ele. Seu olhar de Jasper desceu para a faca de prata que eu empunhava de modo defensivo e ele sorriu. — Isso é para mim? — ele perguntou, quase como se sentisse lisonjeado. — O que você acha? — respondi entredentes. Eu ainda estava parada a uma distância particularmente segura dele, mas sabia que ele poderia diminuir aquela distância em um segundo. “Não temos chance contra ele, devíamos fugir.” Selene anunciou em minha mente. “Eu não vou fugir nunca mais.” rebati. Se
Demétrius entrou no pequeno apartamento como um furacão, derrubando em seu caminho até mesmo um vaso de planta que ficava no corredor. Seus passos rápidos e ao mesmo tempo pesados, seu corpo enorme com seus músculos tensionados, seus ombros tensos e seus punhos fortemente cerrados. Eu arfei atrás dele enquanto seu olhar vasculhava a sala e para meu choque estava vazia. Uma das janelas estava aberta deixando que a brisa noturna entrasse, apenas o abajur ligado. O olhar de Demétrius recaiu imediatamente para os rastros de sangue no chão e ele quase que imediatamente se virou na minha direção. — Não estou ferida. —falei e ele caminhou até a sala, seu olhar analisando tudo ao seu redor. Era como se ele esperasse que a qualquer momento um macho pularia atrás dele. Com cautela, caminhei até a janela e assim que coloquei o rosto lá fora eu o vi. Parado no acostamento do outro lado da rua, o sangue em sua perna já havia cessado e estava apenas uma mancha em sua calça, não havia sinal d
Todo o meu corpo estremeceu. Abri os olhos que nem sequer havia percebido que estavam fechados e no instante que meu olhar se cruzou com os do príncipe, ele percebeu o aroma. O macho se afastou repentinamente olhando ao redor e procurando a origem do aroma de Marius, assim como eu. E tão repentinamente como surgiu, ele desapareceu. O macho olhou em minha direção, sua expressão um misto de emoções e eu reconheci todas elas. Incredulidade, em seguida raiva e finalmente, ciúmes. Demétrius estava se sentindo traído. — Isso não é possível. Ele... — suas palavras morreram no ar. Mas eu sabia que era possível. Marius estava vivo e estava perto daqui. Tão perto que eu desconfiava que por um instante, ele estava aqui. Meu coração batia descompassado e naquele momento tudo que eu ansiava era estar sozinha. Estar sozinha para que ele viesse até mim, para que eu o abraçasse, que o beijasse. Mas o que eu mais desejava era seu perdão. — Eu não irei com você. — falei. Seu olhar se voltou