Luiza abriu o tubo de pomada, observou a ferida e hesitou novamente.
A ferida se localizava em uma área delicada; para aplicar a pomada, precisaria afastar um pouco a pele ao redor.
Com uma expressão de preocupação, ela ponderou se deveria prosseguir.
Embora já tivesse visto a ferida várias vezes, a dinâmica entre eles estava agora tensa, o que tornava a situação embaraçosa.
- Ainda não melhorou? - Perguntou Miguel, abrindo os olhos.
Luiza se manteve em silêncio, sua expressão denotava incerteza.
Miguel olhou para si mesmo, compreendeu a hesitação dela e sorriu levemente.
Percebendo o sorriso dele, Luiza presumiu que ele não se importava, então, com coragem, pegou uma quantidade de pomada com o dedo e avançou a mão.
Ao contato da pomada, Miguel respirou profundamente e disse, com voz rouca:
- Seja cuidadosa.
- Cuidadosa com o quê? - Luiza ergueu a cabeça para olhá-lo.
Miguel a encarou intensamente e disse:
- Cuidado para não tocar onde não deve.
Luiza ficou sem palavras, envergonhada.