As bochechas de Walter ficaram vermelhas, e ele baixou os olhos. Para poupá-lo de mais constrangimento, me aproximei e coloquei uma mão em seu ombro, reconduzindo seu olhar para mim.— É muito gentil da sua parte oferecer isso, Walter. Mas está tudo bem. Vou me virar. Mesmo assim, obrigada. — Lhe disse.Ele sorriu e acenou com a cabeça em resposta.— Vou procurar meu lugar. — Anunciou Walter. — Acho que sento ao seu lado.— Vejo você lá em cima. — Eu respondi.Ele acenou com a cabeça e passou por mim em direção ao palco.Nan riu de novo, balançando a cabeça enquanto observava Walter se afastar.— Esse garoto está caidinho por você. — Brincou.— Nan, não está não. — Retruquei. — Walter é só um amigo.— Você pode achar assim, mas ele está a fim de você há muito tempo. — Ela replicou. — Um dia você vai entender exatamente o que quero dizer.Olhei para Walter, franzindo a testa; ele era um cara bonito, com seu cabelo castanho desalinhado e físico atlético. Sempre se vestia bem, e eu tinha
POV de Judy Quando percebi pela primeira vez que Carol não era mais minha amiga, lá no ensino médio, foram alguns dias depois do concurso de soletração. Ela errou apenas uma letra na palavra “Necessário” e isso a fez perder a competição. Era apenas uma pequena competição para alunos do ensino médio, mas ela levou isso a sério e nunca me perdoou por ter tirado o prêmio dela.Mas ela fingiu que ainda era minha amiga, me parabenizou e até me abraçou. A escola faria uma cerimônia de premiação simulada alguns dias depois. Minha mãe adotiva me fez vestir um vestido delicado e até me ajudou a escrever um discurso.Poucos sabiam disso sobre mim, mas tinha uma condição chamada dislexia. Ler e escrever sempre era difícil para mim. Costumava confundir as letras. Ler em voz alta durante as aulas era um verdadeiro pesadelo. A maioria percebia que eu tinha dificuldade em ler em voz alta, mas nunca entenderam o porquê. Escondi essa condição a vida toda.Me preparei por meses para esse concurso de so
— Ela realmente não merece a bolsa?— O silêncio dela diz tudo!— Por que ela não se defende?Minha cabeça se levantou ligeiramente quando passei pela Nan. Seus olhos estavam arregalados e cheios de preocupação. Quando nossos olhares se encontraram, ela me deu um pequeno sorriso confiante, e eu me senti um pouco mais leve sabendo que ela estava do meu lado.Fomos para fora e caminhamos em silêncio até o escritório da administração. O escritório do reitor ficava no último andar, então tivemos que subir as escadas.— Sentem-se, moças. — Disse o reitor enquanto se sentava na cadeira de escritório.Sentei-me ao lado de Carol, e ela rapidamente pegou o celular. Um sorriso sarcástico curvava seus lábios, e eu sabia que ela estava tramando algo que eu não esperava. Um nó se apertou no meu estômago, e meu coração batia rápido contra as costelas.Uma batida na porta desviou nossa atenção.— Pode entrar. — Respondeu o reitor, recostando-se na cadeira.Um dos meus professores entrou na sala. Ele
POV de Judy O rosto de Carol empalideceu imediatamente ao ouvir as palavras de Gavin.Eu conseguia ver o pânico em seu rosto enquanto ela tentava desesperadamente inventar uma história para justificar suas ações. Eu sabia que Carol tinha muitos defeitos, mas trair, mas uma traidora?Ela sempre trabalhou tão duro para chegar onde estava, e uma parte de mim ainda a admirava por isso, apesar do fato de não nos darmos bem desde o ensino médio. Mas agora eu a via sob uma nova perspectiva. Ela colou nos testes, forçando alguém a fazê-los para que pudesse passar.Mas eu não entendia o porquê.Carol era incrivelmente inteligente e mais do que capaz de fazer esses testes sozinha, e mesmo assim passou com louvor. Então, por que ela faria alguém fazer os testes para ela?— Eu... eu não entendo. — Disse o reitor, estreitando os olhos para Carol. — É verdade?— N... não. — Ela gaguejou, seu nervosismo era evidente. — Não é verdade. Eu juro! — Ela tentou explicar.Havia outro homem no escritório, q
Nan apenas revirou os olhos e se aproximou de mim, envolvendo-me em um abraço apertado.— Você está bem? — Ela perguntou, com a voz baixa, só para meus ouvidos.Eu assenti, sentindo a sensação ardente de lágrimas não derramadas nos meus olhos. Mas eu me recusei a deixá-las cair ali, porque não queria deixar meus colegas me verem quebrar.— Sim, foi só um mal-entendido. — Eu disse a ela.— Gavin fez algo para ajudar? — Ela perguntou.Levantei a sobrancelha, surpresa com sua pergunta.— Por que ele faria algo para ajudar? — Perguntei, tentando não soar muito estranha.Ela sorriu e cutucou meu ombro enquanto atravessávamos o refeitório em direção a uma mesa vazia.— Porque ele correu atrás de vocês tão rápido, dando ordens ao Beta dele para descobrir informações sobre a Carol. — Explicou ela. — Ele parecia irritado, e eu tenho a sensação de que era porque queria proteger sua querida Judy.Eu sabia que ela estava brincando, mas suas palavras provocaram um calor nas minhas bochechas.— Você
— Vou cuidar de você esta noite. — Me disse suavemente o Alfa Edward. — Não se preocupe com nada. Concentre-se apenas em se divertir e esqueça essa terrível cerimônia.Eu sorri, agradecida a ele.Depois da minha terceira dose de tequila, eu mal conseguia andar. Assim que desci do banco do bar, quase caí no chão. Felizmente, Alfa Edward estava lá para me segurar.Ele estava com os braços em volta do meu corpo e meu rosto estava pressionado contra seu peito enquanto ele acariciava minhas costas quase carinhosamente. Eu senti algo estranho no toque dele e não gostava muito, mas estava tão fora de mim que não conseguia fazer nada a respeito. — Vamos lá, você pode vir para casa comigo. — Ele sussurrou em meu ouvido.Eu mal conseguia sentir meus lábios, então permaneci em silêncio.Ele praticamente me arrastava para fora do salão de jantar. Eu não podia usar meus pés, então a maior parte do meu peso estava sendo sustentada por Alfa Edward. Por um breve momento, me perguntei onde Nan estava,
POV de GavinSeu perfume de lavanda e baunilha fresca era inebriante. Mesmo bêbada, ela era estranhamente cativante. Mas ela era jovem, quase da idade de minha filha, e eu não era o tipo de homem que se aproveitaria de uma garota jovem. Havia uma razão para ela ter bebido tanto essa noite e a última coisa que ela precisava era de alguém, velho o suficiente para ser seu pai, fazendo o que quisesse com ela. Eu já a salvei de um canalha, então me recusei a ser mais um.Quase fiquei grato quando meu celular tocou, interrompendo o que quer que estivesse prestes a acontecer. Mas quando vi quem estava ligando, internamente gemi. Empurrei Judy levemente para que ela me desse espaço enquanto eu deslizei a tela.— Sim? — Eu disse ao celular, ignorando a cara amuada de Judy.— Essa é a forma de cumprimentar sua mãe? — Perguntou minha mãe.— Estou meio ocupado com alguma coisa. — Respondi, ignorando comentário dela.— Você não está sempre ocupado? — Ela murmurou. — Demasiado ocupado para falar com
Amaldiçoei mentalmente enquanto caminhava até a porta da frente dela. Sua bolsa estava em seu ombro, então enfiei a mão para pegar chaves. Fiquei surpreso que a casa fosse tão escura. Parecia que ninguém outro morava lá, mas eu sabia que pelo menos a mãe dela deveria estar em casa a essa hora. A casa estava em um silêncio assustador, o que me deu uma sensação estranha.Não demorei muito para encontrar a escada para o andar de cima, e ainda menos tempo para encontrar o quarto dela. O cheiro de seu quarto me guiou na direção certa. Seu quarto era a representação perfeita de quem ela era. Seus prêmios acadêmicos estavam expostos na parede e suas conquistas esportivas estavam na estante do outro lado do quarto. As roupas estavam espalhadas pelo chão e sobre a cadeira da escrivaninha. Ela tinha um bom computador de mesa e vários livros didáticos e cadernos em sua mesa.Havia uma foto sua com os pais na mesa de cabeceira, e ela parecia muito feliz. Também havia uma foto dela com sua amiga Na