— Você está bem? — Ela perguntou.Piscando algumas vezes, ainda confusa com a mudança repentina, respondi:— Acho que sim. — Disse, hesitante. — Mas podemos ir?Ela fez uma careta.— Não até fazermos compras até o coração se contentar. — Disse, me puxando pelo braço. — Vamos mantê-los ocupados.Eu não queria ficar naquele lugar, mas não discuti. Uma hora depois, saímos carregando montes de sacolas. Felizmente, Leroy ainda estava lá fora, então conseguimos deixar as sacolas com ele enquanto continuávamos a comprar. Quando finalmente terminamos, eu estava exausta e faminta.— Vocês dois podem ir pra outro lugar por uma hora enquanto a gente come? — Ouvi Irene perguntar aos guardas.Eles se olharam, trocando olhares incertos.— Temos ordens para ficar com você… — Um deles tentou protestar.— Eu sei as ordens. — Ela disse, com um tom amargo. — Mas podemos fazer o jantar sem audiência. Por favor… eu só preciso de um espaço, e gostaria de comer em paz.— O que devemos fazer, então? — O outro
Ela levantou o olhar e encontrou o meu. Ficou me encarando por um longo tempo, como se tentasse descobrir se eu estava sendo sincera ou não.— Sério? — Ela perguntou, finalmente.— Sério. — Respondi. — Além disso, seu pai me mataria se eu passasse dos limites.Ela sorriu de canto e deu de ombros.— Ele é bem protetor mesmo. — Admitiu. — Só não entendo o que se passa na cabeça do Ethan ultimamente. Ele tá difícil de ler.— Pelo que me lembro, ele sempre foi assim. — Comentei. — Mas não leva pro lado pessoal, Irene. Ele te ama e quer ficar com você. Ele te escolheu.Ela pareceu relaxar, porque finalmente sorriu de verdade e assentiu.A garçonete trouxe nossos pratos, e conversamos coisas aleatórias enquanto comíamos. Apesar do tom leve, me senti meio vazia por dentro. Não gostei de mentir pra ela sobre meu passado com Ethan, nem sobre o fato de ele amá-la. Eu sabia que ele só estava usando Irene, e se ela descobrisse... isso a destruiria.Quando terminamos o jantar, Irene segurou meu bra
POV de JudyAcordei com o som de murmúrios próximos; minha memória sobre o que havia acontecido estava um pouco turva e minha cabeça doía como se eu estivesse de ressaca, mas não lembrava de ter bebido tanto assim. Eu havia tomado apenas água com alguns goles de vinho branco no jantar, mas não era o suficiente para me deixar com ressaca. Nem lembrava de ter adormecido.Meus dedos se mexeram quando fui voltando à consciência, e pude sentir o chão de concreto frio abaixo de mim. Isso explicava parte da dor no meu corpo. Então, senti as correntes de metal ao redor dos meus pulsos e o ardor que a prata causava. A prata era uma fraqueza dos lobisomens, e eu sabia, antes mesmo de abrir os olhos, que não conseguiria canalizar minha loba, nem enviar uma ligação mental para ninguém da minha alcateia.Também sabia que estava em perigo.Uma leve lembrança voltou à minha mente, e me recordei de estar correndo e rindo com Irene ao meu lado. Irene estava aqui comigo? Ela de alguma forma me traiu? Ta
— Elas ainda estão desmaiadas? — Um dos caras perguntou, espiando pela grade da jaula.— Parece que sim. — O outro murmurou. — Já tá tarde, podemos deixar isso pra amanhã.— Mas ele queria que fosse feito hoje à noite. — O outro rosnou.— Sim, mas ele deixou claro que queria que ela estivesse acordada... e soubesse por que ia morrer. Ele quer isso gravado, como prova. — Lembrou o colega.— E a outra?— Vamos chamar de bônus. — O primeiro riu. — Vamos dormir e voltamos amanhã.Eles se afastaram de novo. Assim que a porta se fechou, abri os olhos e soltei um suspiro trêmulo.Olhei para a Irene e vi que ela ainda dormia. Contei os minutos até que ela acordasse, e quando senti sua mão se mexer ao meu lado, soltei outro suspiro, dessa vez de alívio. Ela estava finalmente acordando; eu não estaria mais sozinha ali dentro, e juntas poderíamos encontrar uma saída.Puxei a cabeça dela pro meu colo enquanto ela despertava. Foi um processo lento, cheio de gemidos fracos. Eu tinha certeza de que e
POV de Judy— M… matar a gente?? P… por que eles iriam querer matar a gente? — Irene gaguejou, com o pânico evidente nos olhos. — O… o que fizemos?— Bem, Irene. Preciso que me ouça. — Disse, deslizando para mais perto dela, tentando não mexer muito nas algemas que queimavam meus pulsos. — Você precisa se acalmar. Se descobrirem que estamos acordadas, podem voltar mais cedo e nos matar imediatamente. Agora, temos o elemento surpresa. Eles não sabem que estamos acordadas.Sabia que estávamos no porão, mas não tinha certeza se eles podiam nos ouvir. Ouvi os sapatos deles rangendo nas tábuas do piso acima de nós e abaixei ainda mais a voz, preocupada com nossa segurança.— Então, a gente só fica aqui, fingindo que está dormindo? — Ela perguntou, as lágrimas ameaçando cair.— Até conseguirmos bolar um plano melhor, precisamos fazer o que for possível para sobreviver. — Respondi.Ela abraçou os próprios joelhos, mas imediatamente gritou quando as algemas se moveram, queimando seus pulsos. D
— Chefe. — Disse um dos homens ao atender a ligação. — O que posso fazer pelo senhor?— Me manda uma foto da Judy. — Ethan exigiu, sem paciência.— Judy? — O homem repetiu. — Judy Montague?A testa de Ethan se franziu.— Sim, a que vocês sequestraram hoje mais cedo. — Ele respondeu, a voz ficando tensa. — Quero uma foto dela. E nem pense em encostar um dedo nela.Houve um longo silêncio do outro lado da linha. Então o homem pigarreou e respondeu:— A gente não está com ela, senhor.— Como assim vocês não estão com ela?? — Ethan perguntou, rangendo os dentes. — Você deveria tê-la sequestrado na cidade antes.— Fomos enviados pra um local, via mensagem, pra encontrar a Srta. Judy, mas quando chegamos lá, ela nunca apareceu. — Explicou o homem. — Não questionamos, só fomos embora. Achamos que o senhor tinha mudado de ideia.— Você tá me dizendo que a Judy não tá com vocês?? — Ethan perguntou, sentindo o pânico crescer no peito.— A gente nem chegou a vê-la. — O homem confirmou.Ethan quas
Ponto de vista de Judy Hoje deveria ser o dia em que eu e meu companheiro de destino nos comprometêssemos. Mas agora estou vendo ele beijar outra mulher. Casar-se com ela poderia torná-lo o futuro Alfa, pois ela é a filha de Gavin Landry, o presidente Lycan mais poderoso do mundo. Alguns meses atrás, nosso Alfa morreu durante uma batalha e agora todos os candidatos estão competindo por essa posição, incluindo meu companheiro, Ethan. É sabido que os Lycans controlam a população de lobos. E Gavin? Ele poderia nomear o novo Alfa sozinho. Então, Ethan fez sua escolha. Ela, e não eu. — Traga-me um uísque e um martini para a dama — uma voz profunda soou perto. — É a futura noiva ou o futuro noivo que a deixou assim? — Eu simplesmente não gosto de festas. — Decidi dizer. — Eu também não — Ele murmurou. — Estou aqui por obrigação. O bartender colocou minha bebida na minha frente e eu imediatamente tomei um gole, suspirando de satisfação. Esperei o álcool fazer seu trabalho
Ponto de vista de JudyMeu coração afundou no estômago. — O que?! — Eu exclamei. Nós morávamos em uma casa razoavelmente grande; meu pai adotivo, sendo um empresário bem-sucedido e um Delta do clã Redmoon, tinha muito dinheiro. — Ele foi preso. — Ela explicou. — Ele fez um mau investimento para a empresa e acabou perdendo todo o dinheiro. Ele faliu completamente e agora deve muito dinheiro ao clã. Até que ele pague, eles o colocaram na prisão. — Eles não podem simplesmente vir e levá-lo dessa forma. — Eu disse, levantando-me, mal conseguindo conter minhas emoções. — Sem nenhum aviso? Isso não é justo! — Eles podem fazer o que quiserem. O Beta está sob a jurisdição dos Lycan, e essa foi a decisão dele. Os agiotas são impiedosos; ninguém quer se envolver com eles. É mais fácil simplesmente se livrar do problema e, neste momento... seu pai é o problema. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, meu telefone começou a tocar. Eu alcancei minha bolsa e o tirei. Eu franzi a test