POV de Judy— Não. — Ela me disse, sua voz suavizando. — Honestamente, eu queria passar um tempo com você porque queria conversar. Eu precisava de alguém para falar e preciso me convencer de que tudo isso é só coisa da minha cabeça.— O que está te incomodando? — Perguntei.Ela mordeu o lábio inferior e ficou olhando para as mãos.— Não aqui. — Disse ela finalmente, após um breve silêncio. — Vamos aproveitar a noite primeiro. Podemos conversar quando jantarmos.Fiquei olhando para ela por um momento mais, antes de ceder. Se ela não queria conversar agora, então não íamos conversar. Ela queria se distrair e aliviar seu desconforto.30 minutos depois, chegamos à cidade movimentada. Leroy estacionou o carro em frente a uma das lojas de departamento. Ele não desceu conosco, como eu esperava, mas os seguranças no carro atrás de nós saíram depois de estacionar. Eles estavam vestidos com roupas casuais, mas suas armas estavam claramente escondidas sob as roupas. Também tentavam não fazer com
POV de Judy— Ah, você trouxe sua amiga pegajosa com você? Aqui não é brechó. — A mulher sibilou. — Vou chamar a seguran…Antes que pudesse terminar a frase, o gerente a agarrou pelo braço e a puxou com força para longe de nós. Ela quase caiu no chão com o tranco.Os olhos dela, arregalados, vasculharam o ambiente até pararem no gerente.— S… senhor? — Gaguejou, tentando se recompor.— Você ficou maluca? — Ele rosnou. — Tem ideia de quem é essa?Irene se aproximou de mim; os braços cruzados sobre o peito e os olhos estreitados para os dois. Ela não parecia nem um pouco satisfeita, e por um segundo, quis dar um passo para longe dela, sem conseguir aguentar a intensidade da sua presença, mas permaneci imóvel.— Esta é Irene Landry. — Ele murmurou, forçando um sorriso na direção dela.Os olhos da mulher se arregalaram ao ouvir o nome de Irene. Rapidamente, se virou para ela e inclinou a cabeça em sinal de respeito.— Srta. Landry, me desculpe. Eu não a reconheci. É uma honra conhecê-la. —
— Você está bem? — Ela perguntou.Piscando algumas vezes, ainda confusa com a mudança repentina, respondi:— Acho que sim. — Disse, hesitante. — Mas podemos ir?Ela fez uma careta.— Não até fazermos compras até o coração se contentar. — Disse, me puxando pelo braço. — Vamos mantê-los ocupados.Eu não queria ficar naquele lugar, mas não discuti. Uma hora depois, saímos carregando montes de sacolas. Felizmente, Leroy ainda estava lá fora, então conseguimos deixar as sacolas com ele enquanto continuávamos a comprar. Quando finalmente terminamos, eu estava exausta e faminta.— Vocês dois podem ir pra outro lugar por uma hora enquanto a gente come? — Ouvi Irene perguntar aos guardas.Eles se olharam, trocando olhares incertos.— Temos ordens para ficar com você… — Um deles tentou protestar.— Eu sei as ordens. — Ela disse, com um tom amargo. — Mas podemos fazer o jantar sem audiência. Por favor… eu só preciso de um espaço, e gostaria de comer em paz.— O que devemos fazer, então? — O outro
Ela levantou o olhar e encontrou o meu. Ficou me encarando por um longo tempo, como se tentasse descobrir se eu estava sendo sincera ou não.— Sério? — Ela perguntou, finalmente.— Sério. — Respondi. — Além disso, seu pai me mataria se eu passasse dos limites.Ela sorriu de canto e deu de ombros.— Ele é bem protetor mesmo. — Admitiu. — Só não entendo o que se passa na cabeça do Ethan ultimamente. Ele tá difícil de ler.— Pelo que me lembro, ele sempre foi assim. — Comentei. — Mas não leva pro lado pessoal, Irene. Ele te ama e quer ficar com você. Ele te escolheu.Ela pareceu relaxar, porque finalmente sorriu de verdade e assentiu.A garçonete trouxe nossos pratos, e conversamos coisas aleatórias enquanto comíamos. Apesar do tom leve, me senti meio vazia por dentro. Não gostei de mentir pra ela sobre meu passado com Ethan, nem sobre o fato de ele amá-la. Eu sabia que ele só estava usando Irene, e se ela descobrisse... isso a destruiria.Quando terminamos o jantar, Irene segurou meu bra
POV de JudyAcordei com o som de murmúrios próximos; minha memória sobre o que havia acontecido estava um pouco turva e minha cabeça doía como se eu estivesse de ressaca, mas não lembrava de ter bebido tanto assim. Eu havia tomado apenas água com alguns goles de vinho branco no jantar, mas não era o suficiente para me deixar com ressaca. Nem lembrava de ter adormecido.Meus dedos se mexeram quando fui voltando à consciência, e pude sentir o chão de concreto frio abaixo de mim. Isso explicava parte da dor no meu corpo. Então, senti as correntes de metal ao redor dos meus pulsos e o ardor que a prata causava. A prata era uma fraqueza dos lobisomens, e eu sabia, antes mesmo de abrir os olhos, que não conseguiria canalizar minha loba, nem enviar uma ligação mental para ninguém da minha alcateia.Também sabia que estava em perigo.Uma leve lembrança voltou à minha mente, e me recordei de estar correndo e rindo com Irene ao meu lado. Irene estava aqui comigo? Ela de alguma forma me traiu? Ta
— Elas ainda estão desmaiadas? — Um dos caras perguntou, espiando pela grade da jaula.— Parece que sim. — O outro murmurou. — Já tá tarde, podemos deixar isso pra amanhã.— Mas ele queria que fosse feito hoje à noite. — O outro rosnou.— Sim, mas ele deixou claro que queria que ela estivesse acordada... e soubesse por que ia morrer. Ele quer isso gravado, como prova. — Lembrou o colega.— E a outra?— Vamos chamar de bônus. — O primeiro riu. — Vamos dormir e voltamos amanhã.Eles se afastaram de novo. Assim que a porta se fechou, abri os olhos e soltei um suspiro trêmulo.Olhei para a Irene e vi que ela ainda dormia. Contei os minutos até que ela acordasse, e quando senti sua mão se mexer ao meu lado, soltei outro suspiro, dessa vez de alívio. Ela estava finalmente acordando; eu não estaria mais sozinha ali dentro, e juntas poderíamos encontrar uma saída.Puxei a cabeça dela pro meu colo enquanto ela despertava. Foi um processo lento, cheio de gemidos fracos. Eu tinha certeza de que e
POV de Judy— M… matar a gente?? P… por que eles iriam querer matar a gente? — Irene gaguejou, com o pânico evidente nos olhos. — O… o que fizemos?— Bem, Irene. Preciso que me ouça. — Disse, deslizando para mais perto dela, tentando não mexer muito nas algemas que queimavam meus pulsos. — Você precisa se acalmar. Se descobrirem que estamos acordadas, podem voltar mais cedo e nos matar imediatamente. Agora, temos o elemento surpresa. Eles não sabem que estamos acordadas.Sabia que estávamos no porão, mas não tinha certeza se eles podiam nos ouvir. Ouvi os sapatos deles rangendo nas tábuas do piso acima de nós e abaixei ainda mais a voz, preocupada com nossa segurança.— Então, a gente só fica aqui, fingindo que está dormindo? — Ela perguntou, as lágrimas ameaçando cair.— Até conseguirmos bolar um plano melhor, precisamos fazer o que for possível para sobreviver. — Respondi.Ela abraçou os próprios joelhos, mas imediatamente gritou quando as algemas se moveram, queimando seus pulsos. D
— Chefe. — Disse um dos homens ao atender a ligação. — O que posso fazer pelo senhor?— Me manda uma foto da Judy. — Ethan exigiu, sem paciência.— Judy? — O homem repetiu. — Judy Montague?A testa de Ethan se franziu.— Sim, a que vocês sequestraram hoje mais cedo. — Ele respondeu, a voz ficando tensa. — Quero uma foto dela. E nem pense em encostar um dedo nela.Houve um longo silêncio do outro lado da linha. Então o homem pigarreou e respondeu:— A gente não está com ela, senhor.— Como assim vocês não estão com ela?? — Ethan perguntou, rangendo os dentes. — Você deveria tê-la sequestrado na cidade antes.— Fomos enviados pra um local, via mensagem, pra encontrar a Srta. Judy, mas quando chegamos lá, ela nunca apareceu. — Explicou o homem. — Não questionamos, só fomos embora. Achamos que o senhor tinha mudado de ideia.— Você tá me dizendo que a Judy não tá com vocês?? — Ethan perguntou, sentindo o pânico crescer no peito.— A gente nem chegou a vê-la. — O homem confirmou.Ethan quas