Capítulo 3
O e-mail confirmando que meu currículo havia sido aprovado chegou rapidamente, e o responsável me convidou para uma entrevista em um restaurante na Alcateia Siqueira.

Meus dedos percorreram o nome do restaurante, sentindo a textura das letras.

Era o restaurante que eu e Lucas frequentávamos com frequência.

Todo final de semana, levávamos Gaspar para jantar ali, era uma tradição desde que nos tornamos companheiros.

Minha loba tossiu, trazendo-me de volta das lembranças.

Depois da entrevista, começaria uma nova vida na Alcateia Rocha. Era hora de esquecer o passado.

Quando cheguei à porta do restaurante, um carro de luxo parou bem diante de mim.

Ao ver a placa familiar, meu coração disparou e rapidamente me escondi de lado.

Gaspar saltou animado do carro, seguido por Lucas, que segurava um buquê de rosas.

Ambos estavam vestidos de maneira muito formal, caminhando em direção ao salão principal.

Foi só então que reparei: Isabella já os esperava no salão.

Gaspar correu impaciente até Isabella, lançando-se em seus braços como se nunca fosse suficiente abraçá-la.

— Feliz aniversário, Isabella! Não consegui esperar para comemorar seu aniversário, então voltei mais cedo com o papai! Olha, eu mesmo fiz esta pulseira para você!

Gaspar ofereceu cuidadosamente a pulseira para Isabella.

Isabella beijou carinhosamente sua bochecha: — Está simplesmente linda, meu amor, Gaspar! Duvido que alguém me dê um presente tão especial quanto este.

Em seguida, ela lançou um olhar para Lucas, que imediatamente colocou as rosas e uma caixa de presente nas mãos dela.

— Meu Deus, não é aquele colar do designer famoso? Dizem que vale trinta milhões!

Ao ver o conteúdo da caixa, Isabella arregalou os olhos, emocionada, e abraçou Lucas, os dois trocando um beijo sem qualquer pudor.

Gaspar olhava para cima com os olhos brilhando, como se tudo aquilo fosse perfeitamente natural.

Minha loba soltou um uivo de dor, tremendo por inteiro.

Meu companheiro e meu filho haviam se apressado para chegar antes só para o aniversário dela, ninguém se lembrou de me desejar feliz aniversário.

Só quando os três subiram juntos, ainda envoltos em doçura, consegui voltar a mim.

"Acho que já não sentia mais apego algum por aquela família."

Por sorte, a tristeza não afetou meu desempenho na entrevista, e a conversa com o responsável terminou num clima agradável.

— Amanhã enviarei o resultado da entrevista para você. Fiquei muito satisfeito com nossa conversa hoje, Srta. Clara.

Sorri ao apertar sua mão, ansiosa para sair logo daquele lugar que só me trazia dor, mas acabei não sendo rápida o suficiente.

— Mamãe!

A voz de Gaspar veio de uma das cabines do outro lado, ele me olhava com os olhos arregalados.

Atrás dele, Lucas cortava o bolo junto de Isabella, de mãos dadas.

Ignorei Gaspar e me virei para descer as escadas.

Lucas, porém, saiu rapidamente e me agarrou pelo braço: — O que você está fazendo aqui?

Seu rosto estava sombrio e a voz carregada de desprezo, como se minha presença tivesse arruinado a festa de aniversário perfeita que ele preparou para Isabella.

Tentei soltar minha mão, mas Isabella exclamou de repente:

— Meu Deus, irmã, por que você está com um homem? Lucas disse que você não voltou pra casa ontem à noite, será que...

Ela continuava a mesma de sempre, adorava causar intrigas, igualzinho quando chegou em nossa casa.

Sempre me acusava sem provas e meu pai sempre acreditava nela sem hesitar.

Assim como Lucas agora.

De repente, ele apertou minha mão com força, senti como se meu pulso fosse se partir.

— Você está aqui saindo com outro homem?! Quem é ele pra você?

Seus olhos brilhavam em vermelho, sinal claro de sua fúria.

Então ele sabia, afinal, que trair não era nada honroso.

— Não coloque todo mundo no mesmo nível de sujeira que você e Isabella!

Pela primeira vez em sete anos, ousei responder a ele.

Ele ficou paralisado por um instante, surpreso por ouvir esse tom vindo de mim.

— Do que você está falando? Só estou comemorando o aniversário da sua irmã!

Não queria discutir mais, soltei a mão dele e tentei ir embora.

Isabella, insatisfeita com a confusão, se jogou à minha frente de repente.

— Irmã, como você pode fazer isso na frente do seu filho?

Seu tom era inocente e justo, mas suas ações mostravam o contrário.

Aquela mão que parecia querer me segurar, na verdade, me empurrou com força.

Minha loba, ainda fraca por causa da gravidez, não tinha forças para me proteger.

Só pude assistir, em pensamento, enquanto eu caía.

Depois de um turbilhão, me vi deitada no chão do térreo.

Uma dor aguda atingiu meu ventre e, logo depois, um líquido quente começou a escorrer entre minhas pernas.

— Meu Deus! Mamãe está sangrando muito!
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