Capítulo 4
Atordoada, vi Gaspar e Lucas querendo se aproximar.

— Meu Deus, eu não aguento ver tanto sangue!

Isabella gritou e, com os olhos virando, desmaiou ali mesmo.

Lucas me olhou algumas vezes, mas acabou se virando para pegar Isabella nos braços.

Gaspar também virou o rosto para ela, com expressão ansiosa.

Senti meu coração e meu corpo ficarem gelados, fechei os olhos.

Quando acordei no hospital, apenas aquele responsável bondoso estava sentado ao lado da cama.

— Srta. Clara, sinto muito... Ele hesitou sobre como começar.

— Meu filho se foi, não é?

Minha voz saiu assustadoramente calma, a sensação de fraqueza física parecia desaparecer, enquanto minha loba silenciosamente reparava as feridas em meu corpo.

Comecei a pensar que talvez isso fosse uma coisa boa.

Depois que o responsável foi embora, cancelei a consulta para o procedimento de aborto e, alegando dores no corpo, solicitei ao hospital um medicamento que bloqueasse temporariamente o contato externo.

Antes de tomar o remédio, recebi, de maneira inesperada, uma ligação mental de Lucas.

Ele quase nunca usava esse tipo de contato comigo.

— Espere por mim no hospital.

Assim que terminou, cortou a ligação.

Como sempre, ele me dava ordens desse jeito.

Poucos minutos depois, ele entrou apressado no quarto.

— Como você está se sentindo?

Não respondi, e instintivamente toquei meu ventre, agora já plano.

Ele observou meu gesto, e vi um breve brilho de compaixão em seu olhar.

— Teremos outro filho no futuro, o importante é que você está bem.

Sentou-se ao lado da cama, falando com uma suavidade rara.

Comecei a não entender mais suas intenções.

— Não haverá outro, Lucas.

Ele franziu o cenho, demonstrando desagrado:

— Sei que você sempre tenta chamar minha atenção, mas sair para jantar com outro homem não é uma escolha digna. Lembre-se, você é a Luna da Alcateia Siqueira.

Soltei uma risada fria, sem vontade de responder:

— Você não deveria estar acompanhando a medrosa da Isabella agora?

Ao ouvir esse nome, o olhar dele vacilou.

No instante seguinte, ele pegou levemente minha mão.

— Clara, sei que você sempre teve inveja de tudo que Isabella possui, mas, na verdade, ela é completamente inocente. Você já me tirou das mãos dela, então não seja mais cruel com a pobre Isabella.

Ouvi, chocada, suas palavras cheias de justificativas.

Sua mão acariciava o dorso da minha, mas seu calor apenas me gelava por dentro.

— Por isso, não quero ouvir mais nenhuma acusação sobre Isabella, está bem?

Aqueles olhos castanhos me encaravam, um brilho avermelhado os atravessando.

O cheiro de Alfa fez minha loba tremer.

Ele estava me ameaçando.

Ele claramente sabia que minha queda da escada tinha sido armação de Isabella.

Mas escolheu protegê-la, vindo ao hospital apenas para me ameaçar.

Senti como se mil agulhas de prata perfurassem meu coração de uma só vez, precisei morder os lábios para não deixar as lágrimas caírem.

— Como quiser. Falei essas palavras quase rangendo os dentes.

Seu corpo relaxou imediatamente e ele até me beijou a testa.

— Amanhã é o jantar da família Alcateia Siqueira, você vai, não vai? Gaspar tem sentido sua falta há dias.

Lucas disse isso sem se importar em ouvir minha resposta.

Soltou minha mão e saiu do quarto com passos leves.

Fiquei sentada na cama, atônita por muito tempo, enquanto minha loba chorava de dor em minha mente.

O toque do celular me despertou, era o responsável da escola.

— Srta. Clara, é um prazer informar que você foi aprovada em nossa entrevista. Seja bem-vinda a qualquer momento.

— Obrigada.

— Considerando sua saúde, quer que eu peça para adiar seu início na escola por alguns dias?

— Obrigada, não precisa, já não aguento esperar nem mais um dia.

Desliguei, dirigi até o hotel para arrumar minhas coisas e, aproveitando a noite, parti para a Alcateia Rocha.

Antes de cancelar o chip, enviei uma última mensagem para Lucas.

[Espero que cuide bem de Gaspar.]

A partir desse momento, não havia mais qualquer relação entre a Alcateia Siqueira e eu.
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