Sinopse de “Restos de Nós”: Sofia ainda guarda em seu coração os fragmentos de um amor que não conseguiu deixar para trás. Mesmo após o fim de seu casamento com Gabriel, o pai de seu filho, ela se vê presa às lembranças do que eles foram e ao desejo de reconquistar algo que, para ele, já se perdeu. Entre as responsabilidades de ser mãe de Davi, de cinco anos, e a dolorosa convivência com Gabriel, Sofia tenta encontrar forças para seguir em frente. Mas o amor que ela ainda sente a impede de enxergar o futuro, enquanto ele já parece distante, vivendo uma vida além da que tiveram juntos. “Restos de Nós” é uma história de amores inacabados, memórias persistentes e as dificuldades de se reconstruir quando parte do seu coração ainda está preso ao passado. Será que Sofia conseguirá se libertar e descobrir um novo caminho?
Ler maisObservar Gabriel sempre foi algo que me prendeu de uma forma que eu nunca consegui explicar. Até hoje, mesmo depois de tudo, meus olhos buscam os dele instintivamente. Como agora, enquanto ele está sentado no sofá da sala, a alguns metros de mim. Estamos aqui juntos, mas separados por um abismo invisível, o mesmo abismo que se abriu entre nós ao longo dos últimos anos. O som da televisão preenche o ambiente, mas é apenas ruído de fundo. Nem ele está prestando atenção, e eu muito menos.
Nosso filho, Davi, de cinco anos, está brincando no chão com seus carrinhos. Ele parece alheio à tensão que permeia o espaço entre Gabriel e eu. Olho para o pequeno, e meu coração se enche de um amor imenso, mas logo depois, como sempre acontece, sinto aquele aperto familiar. O amor que eu ainda sinto por Gabriel é uma ferida que nunca cicatriza. Ele é o pai do meu filho, o homem com quem imaginei envelhecer, e, por mais que eu tente, não consigo deixar de amá-lo. Mesmo que ele já tenha deixado de me amar há muito tempo. A maneira como ele olha para mim mudou tanto ao longo dos anos. Antes, havia ternura, desejo, aquela faísca que acendia o coração toda vez que ele me olhava. Agora, o que vejo é apenas gentileza distante, quase cordial. É como se eu fosse alguém que ele respeita, mas não ama mais. E, de certa forma, é isso que somos agora: dois adultos que compartilham a responsabilidade de criar um filho, mas não compartilham mais uma vida. — Preciso te falar sobre a festa na escola do Davi na próxima semana — ele diz, interrompendo o silêncio. — Claro, eu já tinha visto no calendário — respondo, tentando manter a voz estável. Essas trocas casuais sobre Davi são tudo o que sobrou do nosso antigo casamento. Eu odeio o fato de que nos tornamos quase estranhos, e que nossa comunicação se resume a agendas, tarefas e pequenos detalhes da vida do nosso filho. Mas o que mais me dói é a maneira como ele age. Gabriel não é cruel. Pelo contrário, ele sempre foi gentil, até demais. A forma como ele se preocupa com Davi, como tenta ser o melhor pai possível… é isso que torna tudo mais difícil. Ele é um bom homem. Apenas não me ama mais. Houve um tempo em que eu pensei que poderíamos superar tudo. Que talvez, com Davi, pudéssemos nos reconectar. Que o amor que tínhamos poderia renascer, ser alimentado pelas memórias, pelos anos juntos. Mas aos poucos fui percebendo que Gabriel já tinha seguido em frente, de uma forma que eu não consegui. Ele não mudou drasticamente, mas o afastamento foi gradual, como a maré que recua devagar até que você percebe que está muito longe da praia. Eu queria ser forte o suficiente para deixar isso para trás, para aceitar que nosso casamento acabou. Mas toda vez que ele entra na casa, para buscar Davi ou para participar das atividades da escola, uma parte de mim se ilumina, esperando, desejando que ele olhe para mim como antes, que algo desperte nele, que ele perceba que ainda há algo entre nós. Mas isso nunca acontece. Ele segue com sua vida, educado e sempre presente por causa do nosso filho, mas é só isso. Ele seguiu em frente. E eu… ainda estou presa a nós. Davi me puxa para fora dos meus pensamentos, trazendo um carrinho e me pedindo para brincar com ele. Sorrio, tentando esconder o aperto no peito, e me sento no chão ao lado dele, fingindo que tudo está bem, que estou bem. Gabriel nos observa por um instante, e por um breve momento penso que talvez ele também sinta algo. Mas logo ele pega o telefone e se distrai com alguma mensagem. Essa é a realidade agora. Enquanto brinco com Davi, sinto que, de certa forma, ele é a única coisa que ainda nos une. Não há mais “nós” para Gabriel e eu. Existe apenas nosso filho, e o amor que ambos sentimos por ele. Isso é o que nos mantém em contato, é o que ainda nos faz cruzar os caminhos um do outro. Mas fora isso, a vida dele já tomou outro rumo, e a minha… a minha ainda está presa em um amor que não sei como deixar ir. Quando ele se despede, sempre da mesma maneira gentil, me sinto vazia por dentro. Ele se inclina para beijar a testa de Davi e me lança aquele sorriso cortês antes de sair pela porta. E eu, como sempre, fico aqui, segurando um pedaço de algo que já se foi, sabendo que, para Gabriel, o fim do nosso amor foi apenas uma parte da vida. Para mim, no entanto, é uma ferida aberta que eu não sei como fechar.O dia começou ensolarado, e Eduardo chegou ao escritório com a mente focada no trabalho, mas Laura não tardou a aparecer. Desde o jantar, ela parecia determinada a se aproximar dele, buscando um momento a sós sempre que podiam. Embora Eduardo a visse como uma boa amiga e uma colega de trabalho, ele não podia ignorar a intensidade que ela trazia à conversa, como se houvesse uma expectativa escondida em suas interações.Laura entrou no escritório, com um sorriso que tentava parecer casual, mas que traía sua ansiedade.— Oi, Eduardo! Você tem um minuto? — perguntou, encostando-se na porta, sua voz suave e convidativa.Ele olhou para cima, um pouco surpreso, mas sorriu.— Claro, Laura. O que você precisa?— Eu estava pensando que poderíamos discutir alguns dos nossos projetos futuros. Acha que poderíamos almoçar juntos hoje? — Ela fez uma pausa, um brilho nos olhos que sugeria que ela esperava mais do que uma simples reunião de negócios.Eduardo hesitou, notando a expectativa no rosto del
A semana passou rapidamente e, finalmente, chegou o dia da reunião que definiria o primeiro caso de disputa de propriedade que Sofia estava resolvendo. Ela se sentava em sua mesa, revisando os documentos uma última vez antes de se encontrar com Eduardo. A ansiedade misturada com excitação a envolvia. O esforço que havia dedicado ao caso finalmente começava a dar frutos, e ela estava determinada a apresentar um resultado sólido.Quando o relógio marcou a hora da reunião, Sofia se dirigiu ao escritório de Eduardo. Ao entrar, ele a cumprimentou com um sorriso genuíno.— Sofia! Estou ansioso para saber como você resolveu a questão — disse ele, gesticulando para que ela se sentasse.Ela se acomodou e, enquanto explicava os detalhes do caso, notou que Eduardo ouvia atentamente, seus olhos brilhando de entusiasmo.— Então, basicamente, conseguimos chegar a um acordo que é vantajoso para ambas as partes — finalizou Sofia, sentindo uma onda de alívio.Eduardo sorriu e bateu palmas, animado.—
Eduardo dirigia calmamente pelas ruas tranquilas da cidade, a luz dos postes iluminando o caminho à sua frente. O jantar com Sofia e Laura ainda ocupava sua mente. O brilho dos sorrisos de Laura e a energia que ela trazia à mesa eram inegáveis, mas, enquanto pensava nela, uma parte dele sentia-se distante, quase indiferente. Ao chegar à casa de Laura, ele estacionou e virou-se para olhar para ela.— Obrigada pela noite, Eduardo. Você sempre sabe como tornar os jantares interessantes — Laura disse, um brilho nos olhos que indicava algo mais.Ele sorriu, mas não sentiu o mesmo entusiasmo que ela parecia expressar. Na verdade, não tinha certeza se queria que a amizade deles avançasse para algo romântico. Laura era inteligente e bonita, mas sua mente estava longe do romance. Eduardo sabia que seus sentimentos por ela eram platônicos.— Foi um prazer, Laura. Estava bom demais para ser só trabalho — respondeu ele, tentando manter o tom leve.Laura hesitou um instante, como se esperasse algo
A quarta-feira chegou mais rápido do que Sofia esperava. A manhã começou agitada, com Davi indo para a escola e ela tendo que se preparar para a reunião com Eduardo. Ao longo do dia, sua mente vagava entre as tarefas do trabalho e a expectativa do encontro. Ela tentava se convencer de que não havia nada de especial, que era apenas um jantar de negócios, mas havia uma ansiedade sutil que a acompanhava.Quando o relógio marcou o horário, Sofia se arrumou com cuidado. Optou por um vestido simples, mas elegante, e se olhou no espelho, procurando alguma segurança. “É só um jantar”, repetiu para si mesma. Mas mesmo assim, uma pequena parte dela esperava que o encontro fosse mais do que isso.Ao chegar ao restaurante, Sofia sentiu um frio na barriga ao avistar Eduardo na entrada. Ele estava elegante, como sempre, com um sorriso que parecia iluminar o ambiente. Mas, ao se aproximar, notou que havia uma mulher ao lado dele — uma mulher alta, com cabelos longos e ondulados, usando um vestido ve
A noite estava tranquila quando Gabriel chegou à casa de Sofia. O céu se tingia de laranja e roxo, sinalizando o início do crepúsculo, enquanto Davi brincava na sala, imerso em seu mundo de blocos de montar. Sofia estava na cozinha, preparando um lanche rápido quando ouviu a campainha tocar. Com um sorriso involuntário, ela foi até a porta, reconhecendo o som familiar da voz de Gabriel do outro lado.— Oi, Davi! — ele disse, agachando-se para cumprimentar o filho. A alegria no rosto de Davi ao ver o pai era inegável, e isso fez o coração de Sofia se aquecer.— Papai! — Davi exclamou, correndo em direção a Gabriel e envolvendo-o em um abraço apertado. Sofia observou a cena, sentindo uma onda de nostalgia a atingir. Havia algo no jeito como Gabriel interagia com Davi que a fazia lembrar dos momentos bons que tiveram como família.— Estou pronto para o jantar. Você está pronta? — Gabriel perguntou, olhando para Davi, que estava quase pulando de excitação.— Sim! — Davi respondeu, e então
A segunda-feira chegou com a rapidez de um relâmpago. Sofia acordou cedo, sentindo o peso da reunião com a equipe pairar sobre seus ombros. O caso de Eduardo Vasconcelos, um empresário do setor imobiliário, estava se desenrolando rapidamente, e a disputa de propriedade precisava ser abordada com seriedade. O último que ela queria era desapontar seus clientes, especialmente alguém tão enigmático e exigente quanto Eduardo.Enquanto se preparava, ela não conseguia deixar de pensar no encontro casual que teve com ele no domingo. Era um sentimento novo e inquietante — um misto de curiosidade e excitação que a fazia questionar se estava realmente pronta para isso. Com o café na mão, observou Davi brincar enquanto se arrumava. A visão dele sorrindo, totalmente alheio às suas preocupações, a lembrava do que realmente importava em sua vida.— Mamãe, você vai ficar em casa hoje? — Davi perguntou, sua voz doce cortando os pensamentos de Sofia.— Não, meu amor. Vou trabalhar, mas você vai se dive
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