— Vai me levar directo para casa? — agarrei a camisola que me abraçava e contraí os tímpanos.
— Não. — balançou a cabeça e enfiou a chave na ignição, sem girá-la depois — Vai ficar em casa hoje.
— Eu não tenho roupa para mais um dia.
— Isso é o de menos. — olhou para mim esfregando seu queixo — Enquanto descansa demanhã, vou ver se trabalho e consigo voltar a tempo de te levar para a consulta.
— Está bem. — disse e suspirei.
O lugar ficou quieto. Me obriguei a olhar para trás de si, onde o sol começava espreitar através do horizonte. A madrugada era gelada, insuportável, melancólica e me banhava de tristeza. Voltando a sustentar seu olhar, percebi que tinha ganho um brilho diferente. Um que não tinha visto antes. Não era necessariamente de alegria plena, mas também não era de tristeza ou raiva.
— Consegue vir até aqui? — indicou seu colo com o indicador.
Assenti