Capítulo 06

Meu coração estava prestes a saltar pela boca, o ar parecia ter sumido de meus pulmões. Como eu podia ter sido tão descuidada peguei no sono aqui?

 Senti um arrepio tomar todo o meu corpo, o medo me tomou de uma maneira que nunca imaginei ser possível. O que eles fariam comigo? Eu estava desarmada e indefesa...

— É só uma menina, afaste isso dela. — O velho diz me olhando.

— Ela pode estar com os ladrões. — O homem de nariz torto se intromete...

— Quem é você? — O belo rapaz pergunta com a espada erguida para mim.

Ele parecia orgulhoso e imponente, com ar de superior, sentia raiva por está desarmada, eu o faria implorar por piedade e ele tiraria aquele jeito presunçoso de me olhar. 

Mas mesmo sobre minha raiva não podia negar que era belo. Agora sobre a luz do dia e bem ali na minha frente eu podia ver os cabelos negros como os meus, seus olhos verdes que me encaravam, o que era um contraste para as sobrancelhas grossas e negras. Ele era forte, mas agora usando apenas uma camisa branca aberta me mostrava seu corpo, senti minhas bochechas ruborizadas, aquilo era ridículo, eu nem conseguia respondê-lo. — Diga logo! — O homem de nariz torto gritou com raiva tirando minha atenção do homem à minha frente..

— Me chamo...

— Pode falar menina, não tenha medo. — O velho garante me acalmando.

— Margarida! — Falo enquanto me levanto irritada, mais comigo do que com o homem. — E estão na minha casa, devem ir.

— O que faz aqui sozinha Margarida? — O belo rapaz pergunta e eu queria dar uma resposta malcriada, mas me ouvi dizendo:

— É a minha antiga casa.

— Onde mora agora? — Eu não queria que eles soubessem que era uma das escolhidas. Olhei para janela que eu tinha deixado escancarada e possivelmente tinha sido por ali que eles me viram.

— Não é da sua conta! — Digo já pulando a janela, não era alta e pulei com facilidade.

— A segure! — ouvi um homem gritar, mas não me preocupo em olhar para trás.

Corro o máximo que posso, entrando na floresta, por um momento sinto que estavam me seguindo me viro, para ver a distância que estavam, quando sinto sendo jogada no chão, seu corpo estava sob o meu.

Me debati tentando me soltar, mas não consigo afastá-lo, ele me puxa virando-me para encara-lo, ele pega meus braços e me olha como se me desafiasse a tentar fugir novamente, eu retribuo o olhar altivo e por um segundo, seu rosto se aproxima do meu de forma lenta, quase hipnótica. Então escuto um barulho ao longe me trazendo de volta e o empurro, mas ele ainda me segura aproximando seu corpo do meu.

— Que abuso! — Digo irritada.

— Me desculpe, eu não ia...

— Me beijar?! — Falei tentando me soltar, ele parece pensar se deve ou não me soltar, mas então afrouxa as mãos. 

— Não! Claro que não. — Ele balança a cabeça negativamente.

— Sim! Se eu não tivesse...

— O que está acontecendo aqui? — O velho pergunta, parecia estar cansado da corrida.

— Ele ia me beijar. — Eu digo o empurrando, ele se afasta e começa a se limpar, ainda no chão.

Ele levantada a sobrancelha e parecer está pensando em como poderia me enforcar facilmente, mas então ergue a mão para me ajudar a levantar, mas não solta o meu braço.

 — Daniel ia beijá-la? — O velho questiona, parecendo se divertir com a nossa situação.

— Eu não! — Ele disse afastando um pouco mais seu corpo do meu, porém não largando o meu braço. — Ela que se aproximou.

— Daniel eu estou inclinado a acreditar nela. — O homem de nariz torto chega falando. — Sei que não pode ver uma moça bonita.

— Ela nem é tão bonita assim! — Ele diz mal-humorado, me olhando com certo desdém. 

— O Que? — Como ele ousa.

Dou um empurrão nele que pela surpresa com minha força me solto, então me aproveitando do momento de distração dos três, e pego a espada que estava no chão e ergo na direção dele.

— Não vou brigar com você! — Ele me olha surpreso por minha ousadia, mas se afasta mais um pouco.

— Está com medo?! — Eu zombo, ele parece reparar em como seguro a espada.

— Você é uma mulher, não vou brigar com você. — Ele olha para os outros como se pedisse para que eles interviessem a seu favor.

— Dominique! — A voz do meu pai em meio a toda aquela loucura me surpreende.

— Pai! — Ele me olha com a espada na mão, depois para os homens que ali estavam.

— O que está acontecendo aqui? — ele questiona se aproximando de onde estávamos.

— O que faz aqui Elias? — O velho pergunta para meu pai.

— Emanuel! — Meu pai se diz meio apreensivo, ele me olha novamente, parecia esperar um sinal, mas eu estava embaçada demais para poder dizer qualquer coisa.

— É sua filha? — O velho volta a me olhar novamente, como se estivesse tentando lembrar-se de alguém.

— Dominique venha cá! — Meu pai me pede olhando para a espada em minhas mãos, eu ando até ele, e penso em falar algo, mas então ele me coloca para trás e pega a espada.

— O que querem com minha filha? — Meu pai diz respondendo o outro velho, mas seu olhar não era gentil como o do homem.

— Ela estava nos vigiando. — Daniel diz com seu olhar de superioridade. — Somos da guarda da rainha, apenas queríamos ter certeza que não era uma espiã.

— Eu não estava te vigiando! — Falei irritada, como ele podia ser tão...

         — Eu sei quem vocês são. — Meu pai olhou para o velho que apenas sorria. — Vamos embora Dominique! 

— Gostei de revê-lo Elias. — Emanuel diz, mas meu pai o ignora se pondo a andar e me arrastar pela floresta.

— Sua mãe está desesperada! — Ele falou, parecia está cansando, me sentir culpada.

— Eu não queria...

— O que você falou para eles? — questionou, mas antes que conseguisse responder continuou. — Não fale sobre eles com sua mãe.

— Por quê?

— Só não diga, ora! — Meu pai estava agindo como um cavalo, e eu devia dar um basta nisso, devia dizer a ele que a culpada não era minha, que eu jamais lhe causaria dor se fosse por escolha, mas eu me calei engoli todas as palavras e o seguir. 

Minha mãe me abraçou, como se eu tivesse passado anos fora de casa assim que colocamos o pé na porta.

— Chega mamãe! — Tentei me esquivar de seus beijos.

— Não podia ter me feito isso! — Ela diz secando as lágrimas que teimam em cair de seus olhos. — Se fizer isso de novo, ficará uma semana de castigo!

— Eu só tenho mesmo uma semana! — Logo que disse me arrependi, minha mãe parecia em chamas, vi uma agonia em seus olhos.

— Vá para o seu quarto! — Ela grita e eu a abraço em resposta.

— Vai ficar tudo bem! — Eu lhe dou um beijo no rosto. — Não chore mais.

— Não, você vai morrer como pode ficar bem? — ela desaba perdendo a postura de raiva.

— Eu só não sei o que dizer! — Eu estava cansada, queria chorar, mas não chorei, só queria que eles sofressem o menos possível, não era pedir muito, era?

— Fuja! — Meu pai disse do nada chamando minha atenção.

— O que está dizendo?

— Isso fuja! — Minha mãe concordou com ele me assustando. Eles estavam desesperados demais, para pensar nas consequências.

— Eles vão torturar vocês! — Respirei cansada constatando o óbvio, não queria ter aquela conversa. — Não posso fazer isso.

— Nada que eles façam vai ser pior do que tirá-la de nós! — Meu pai diz e seu olhar cai sobre a minha mãe.

Já tínhamos passado por isso, eles sabiam que era impossível, que a única coisa que conseguiríamos era diminuir o número da família de três para zero.

— Nada pode ser pior. — Minha mãe concordou.

— Eu não posso, não sabendo disso...

— Você é jovem! Irá conseguir. — Meu pai me interrompe e começa andar de um lado para o outro. — Fiz bem em te ensinar a lutar, você é esperta, vai se virar bem...

— Eu não vou! — Gritei e ele me olhou irritado. Meu pai estava diferente, podia ver.

— Vai sim! — Ele diz, fechando a mão e batendo contra a mesa. — Só precisamos ter um plano.

— Eu não vou! — Gritei novamente, ele me olhou furioso. — Vocês não querem me ver morta, e eu muito menos quero vê-los.

— Vá, por favor! — Minha mãe se aproxima implorando, mas me afasto.

— Chega, vou para o meu quarto. — Sair sem olhá-los.

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