"Não há nada de tão bom que não possa ser contado com uma pequena mentira, nem de tão mau que não possa ser camuflado com uma grande." Mark Twain
O som dos aplausos ainda pairava no ar quando Helena começou a descer os degraus do palco.
O vestido bordô se movia como uma chama lenta, ondulando a cada passo. E por onde ela passava, os olhares se abriam como cortinas.
Ela caminhava sem pressa, o queixo erguido, o olhar sereno — sem buscar plateia, mas sem fugir dela.
Aquela mulher não parecia apenas ter vencido o medo.
Parecia tê-lo domado.
Cássio a observava como quem encara um fenômeno da natureza — paralisado, impotente, fascinado. O som ao redor pareceu se apagar, restando apenas o próprio coração batendo em descompasso.
A cada passo dela, ele sentia a distância entre os dois se alargar — não física, mas existencial.
Enquanto ela cruzava o salão, mãos se estendiam, cumprimentos surgiam, vozes sussurravam o nome dela.
E isso foi demais para ele suportar.
Cássio começou a se mover.