Isis ficou a observar o enorme ser que era o Alfa Supremo, parado diante dela, olhando-a com um amor que nunca tinha visto nos olhos de um humano. A dúvida começou a atormentá-la.
— Não acredites nele, Isis —apressou-se a alertar a voz na sua cabeça ao notar como começava a duvidar. — Porquê? Parece sincero —respondeu Isis, decidida a beijar o Alfa Supremo. Aproximou-se até estar frente a ele e, com voz firme, pediu-lhe: — Está bem. Fecha os olhos. — O que estás a pensar fazer? —admirou-se a voz. — Tu não tens ideia de como beijar, Isis. — Posso fazer como sempre —replicou Isis, reconhecendo que era verdade o que a sua consciência lhe recordava. O Alfa Supremo quis rir da discussão que Isis mantinha consigo mesma. Não ouvia claramente tudo, masO Alfa Supremo encontrava-se visivelmente afetado, com uma tristeza palpável refletida no rosto, enquanto as palavras de Isis ecoavam na sua mente e o lobo Mat gemia no seu interior. — Não disse isso! —replicou rapidamente Isis, tentando esclarecer a confusão. Em seguida, declarou com firmeza e uma visível cor nas bochechas: — Não quero ser tua amiga com benefícios, porque aceito ser tua namorada! A confissão de Isis, tão direta quanto inesperada, conseguiu interromper a imensa tristeza e desilusão que invadiam o Alfa Supremo. Mas trazia consigo novas emoções; de alguma forma, Isis conseguia senti-las. Embora não entendesse como, sentia dentro de si tudo o que ele experimentava. Na sua mente, uma voz soou nervosa e algo irónica: — Isis, agora sim enlouqueceste! Tentou silenciar aquilo, mas a embriaguez do momento era ineg&
Isis, no obstante, baixou o olhar, arrependida por ter perguntado. Não queria dizer mais nada sobre esse assunto. Afinal, o beijo dele tinha-lhe agradado muito. — Por nada, meu Alfa —respondeu rapidamente, com um tom marcado por evasão. A sua mente e a voz na sua cabeça pareciam, pela primeira vez, estar em sintonia. Para quê descobrir agora? Não ganharia nada com isso; seria melhor deixar para mais tarde. O Alfa Supremo, embora gostasse das sutilezas deste jogo entre os dois, tinha um propósito diferente para aquela ocasião. Nesse dia, estava decidido a ajudar Isis a lembrar-se de uma parte crucial da sua vida. Os anos anteriores aos cinco, aqueles em que tinha sido uma loba. O seu olhar tornou-se mais sério naquele momento. Aproximou-se dela, observando-a com determinação e ternura. Isis, por sua vez, olhou-o intrigada, notando a mudança repentina na expressão del
O Alfa, ao notar a inquietação da sua Lua, suavizou o tom e tranquilizou-a com uma calma firme que lhe era natural. — Minha Lua, isso já ficou no passado —assegurou com ternura—. Agora tens-me a mim. Estou aqui para te acompanhar enquanto enfrentas essas memórias. Podemos atravessá-las juntos, minha Lua. O que quero propor-te é que me permitas ajudar-te a recordar esses fragmentos esquecidos. Só assim conseguirás compreender que, além de humana, também és uma loba. Isis observou-o em silêncio, pensativa, enquanto a tensão nos seus ombros era evidente. A sua mente sussurrava-lhe que, talvez, se aceitasse percorrer essas memórias, a sua loba, Ast, despertaria para guiá-la; talvez finalmente aprenderia a transformar-se em humana, pondo fim àquela incerteza que a consumia. No entanto, o medo paralisava-a. Temia tanto reviver essas mem&o
O Alfa Supremo começou a agir. Primeiro, transmitiu energia através das suas mãos, como uma corrente cálida e reconfortante que fluía para ela. Depois, com calma e solenidade, começou a invocar os deuses. Em questão de instantes, projetou uma imagem diante de ambos: Isis adulta, com uma expressão firme, embora nervosa, e ele, ao seu lado, de mãos dadas. A cena mudou rapidamente, transportando-os para o que parecia ser um acampamento no meio da selva. A clareza e os detalhes da visão eram surpreendentes. Ali, a mãe de Isis escavava junto a um grande grupo de trabalhadores num sítio arqueológico. O pai, por sua vez, revisava alguns papéis dentro de uma tenda próxima. A pequena loba, Ast, corria despreocupada, perseguindo um coelho que saltava de um lado para o outro perto do acampamento. Ao chegar a um lago, em questão de segundos, Ast transformou-se numa menina:
Isis tremia furiosamente entre os braços do Alfa, o seu medo era palpável, como se o perigo fosse real mais uma vez. Ele abraçou-a com força e não permitiu que desviasse o olhar. — Tens de continuar a olhar, minha Lua. Esta é a tua história. —Mantinha-a firme, constante, sendo o seu refúgio no meio da tempestade de recordações. A cena continuou e, de repente, apareceu o seu pai, mas já não em forma humana, e sim como um lobo enorme e majestoso. Sem hesitar, atacou o lobo rogue que tentava levá-la. O impacto foi brutal, obrigando o atacante a soltá-la. Nesse instante, a pequena Isis transformou-se na loba Ast e, sem vacilar, saltou para o pescoço do mesmo lobo que tinha o pai preso ao chão, segurando-o pelo pescoço. Os rosnados e sons de combate preenchiam o ar enquanto a pequena loba defendia o pai com tudo o que tinha.
O Alfa acenou com a cabeça, satisfeito com a sua decisão, e com firmeza guiou-a para o próximo passo da sua viagem interior. Tudo até aquele momento estava a correr melhor do que ele esperava. A sua Lua tinha demonstrado ser mais corajosa do que até então ele acreditava. Pensava que, sendo a menina mimada e caprichosa que ela tinha mostrado ser até agora, iria opor-se a tudo. Mas não, a sua Lua confiava nele e tinha facilitado o trabalho de ajudá-la a compreender que era um ser sobrenatural. Isis ainda sentia o medo residir no seu interior, mas agora também havia uma certeza que começava a enraizar-se profundamente: era uma loba. E não só isso, mas começava a aceitar com alegria essa parte de si mesma. Ainda de mãos dadas com o Alfa, começaram a caminhar em direção às memórias onde permanecia a loba Ast, a outra metade que tanto tinh
Estava muito nervoso. Desde que se levantou, sentia o seu lobo Anker inquieto. Saiu para correr, marcando todo o território, mas de nada serviu; a sua intranquilidade continuava a aumentar. O seu pai quis que ele fizesse um treino, mas ele deixou o beta encarregar-se disso. Não conseguir comunicar-se com sua metade como normalmente fazia estava a matá-lo. Cansado de ligar para o telemóvel sem receber resposta, decidiu chamar Net, que estava a treinar, porque sentia que algo estava a acontecer com ela. Finalmente, decidiu ir vê-la. Entrou em sua casa no momento em que ouviu os gritos da ama. — Alfa! Rápido, algo está a acontecer com a senhorita Merytnert! Viu o Alfa, junto com os outros, sair a correr e seguiu-os. Ao chegar à cozinha, encontraram Merytnert, cujos olhos azuis escuros e o diamante dourado em sua testa refletiam uma fúria intensa. Ela lançou-se contra Jacking,
Héctor observou-a surpreso e, ao mesmo tempo, com admiração. Sorriu como um tolo ao perceber o quanto a amava, ao ponto de não hesitar em partilhar os seus poderes com ele. Sentia-se maravilhado e assustado; não sabia se iria suportar, mas não demonstrou. — Então, Amet, isso quer dizer que posso transferir parte dos poderes da minha irmã para ele? —continuou a perguntar o alfa, atento—. Como são metades, vão consolidar-se e completar um ao outro.— Exactamente! —confirmou o beta, detendo-se para olhar o alfa com o sobrolho franzido antes de continuar—. Mas teriam de consumar a união hoje mesmo, com a marca! O quê? Tenho de me casar hoje! pensou Héctor, tentando encontrar uma explicação para tanta pressa. Não era que não quisesse casar, mas tinha-se proposto a convencer Merytnert a ir viver para a