Ouço as desculpas do Henrique, mas sinto que algo está faltando. Alguma coisa está fora do lugar, não faz sentido. É como se ele estivesse escolhendo as palavras a dedo, ocultando o que realmente importa.
— Henrique, alguma coisa não está batendo… — digo, levantando-me e colocando a taça de vinho sobre a mesa de centro. Minhas mãos tremem, mas eu cruzo os braços para disfarçar. — Por que você realmente se afastou de mim?
Ele suspira profundamente, os ombros caindo como se carregassem o peso de uma verdade que ele não queria dividir. Seu olhar, normalmente firme, agora escapa do meu, encarando qualquer lugar que não seja o meu rosto.
— Não é tão simples, Cíntia.
— Não? Então explica, porque pra mim parecia bem simples antes de você sumir — retruco, minha voz um pouco mais elevada. Há um nó em minha garganta, mas eu me recuso a demonstrar fraqueza.
Henrique passa a mão pelos cabelos de maneira nervosa, o gesto denunciando que ele está prestes a soltar algo importante. Ele fica