Capítulo três

Capítulo três

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Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre

Sem saber que o ‘pra sempre’ sempre acaba...”

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13 de dezembro

            Meu dia, desta vez, começou um pouco mais cedo. Ainda não eram oito da manhã quando acordei – o que era praticamente madrugada em períodos de férias – e me levantei. Arrumei a cama, abri a janela e senti o sol batendo em meu rosto com bem mais animação do que no dia anterior. Peguei minhas roupas, ainda nas malas (não tinha tirado praticamente nada delas ainda), e fui para o banheiro, onde tomei um banho. Desci as escadas e, novamente, Carmem me chamou para tomar café, de novo me informando que minha avó estava ocupada com os tais sapatinhos de crochê. Desta vez, fiz a refeição com mais calma, conversando com Carmem por um tempo maior do que no dia anterior. Contei a ela sobre o pássaro que ajudei a resgatar e ela pareceu interessada em saber quem era o menino-herói.

            — Acabou que nem perguntei o nome dele — confessei, vergonhosamente.

            — Mas como ele era? Todo mundo se conhece por aqui, na certa vou saber quem é.

            Dei um gole no achocolatado, antes de contar:

            — Moreno, tem o cabelo bem cacheadinho. Ele disse que a irmã dele faz faculdade de Veterinária.

            — Ah, é o João! João Gabriel. A irmã é a Laís, estuda em São Paulo. São duas ótimas crianças.

            Ri, pensando naquela mania que as pessoas mais velhas tinham de sempre nos verem como crianças.

            — Ele deve ir para a mesma faculdade da irmã no ano que vem, mas para estudar Biologia. O amor pelos animais parece ser coisa de família.

            — Ele parece ser bem legal.

            — Ele é. E é uma gracinha também, não achou?

            — Não reparei. — Movi os ombros, com descaso. E fui sincera. Minha única preocupação era com o passarinho. Pensara nele a noite inteira.

            Quando terminei de tomar café, despedi-me da Carmem e saí. Já estava na parte de fora da casa, indo em direção ao portão, quando uma voz me chamou:

            — Ei, Niara! Bom dia!

            Virei-me, me deparando com Bia. Ela usava um vestido rodado, com estampa floral, e um chapéu na cabeça. Achei a roupa linda e pensei que, mesmo não sendo muito o meu estilo, era algo que eu usaria em alguma ocasião especial, embora achasse que em mim não ficaria tão delicado quanto ficara nela. Parecia uma bonequinha, ainda segurando um regador com o qual molhava as plantas de um canteiro.

            Fui até ela.

            — Bom dia. De novo ajudando a sua mãe?

            — Gosto de cuidar das plantinhas. E você, vai voar um pouco de novo?

            — É. Sair dessa casa faz com que o tempo passe mais rápido.

            — E para que quer que o tempo passe rápido? Desse jeito, logo chega o dia de você ir embora.

            Pensei no quanto aquilo era o que eu mais queria, mas deixei o comentário guardado em mim, para não parecer rude. Não era nada contra o lugar em si ou as pessoas por ali. Na verdade, até era, embora fosse apenas com uma. Viver sob o mesmo teto que a avó que eu acabara de conhecer não era algo muito agradável.

            Balancei a cabeça, me desvencilhando de tais reflexões. Despedi-me da Bia e saí. Segui o trajeto pela rua como fiz no dia anterior. Porém, desta vez tinha um destino certo.

            O portão se abriu antes que eu sequer tocasse nele e sobressaltei para trás quando dois grandes cachorros surgiram. Logo vi que estavam presos por uma guia e sendo trazidos por uma garotinha de uns nove ou dez anos.

            — Fica tranquila que eles não mordem! — ela me tranquilizou. E logo vi o quanto meu medo era desnecessário, pois, olhando melhor, percebi que os dois cães eram do tipo bobões.

            — Vim falar com o João Gabriel. Ele tá aí?

            A menina confirmou com a cabeça e gritou:

            — Ô, João! Tem visita pra você! — Olhara para trás para gritar, mas voltou a me fitar e sorriu. — Você é a menina que ajudou com o passarinho?

            — É, sou eu.

            — Ele falou de você. — Ela deu uma risadinha. — Entra! Ele tá lá dentro!

            Uma voz masculina vinda de dentro da casa confirmou o convite para entrar e eu assim o fiz. A garotinha foi para a rua, levando os cachorros para passear. Parei no quintal, e visualizei João Gabriel na varanda, de pé, segurando uma caneca em mãos, o que demonstrava que ainda deveria estar tomando seu café da manhã. Senti-me envergonhada por chegar na casa dele naquele horário, mas quando ele sorriu e disse algo que, pelo movimento de seus lábios compreendi como um “entra aí”, entendi que era bem-vinda. Voltei a andar, até chegar à varanda.

            — Bom dia. Desculpa vir tão cedo. É que fiquei preocupada com o passarinho.

            — Não tem problema. Ele está aqui na sala, vem! — Ele se virou, me guiando para dentro da casa.

            Eu o segui, chegando à sala onde, em cima de uma mesa, encontrei a caixa de papelão. Fui até lá, olhando para o bichinho que já parecia bem mais esperto que no dia anterior. Dava pulinhos de um lado a outro e tinha um potinho de comida, o que mostrava que já comia sozinho. Percebi que a asa machucada estava bem vermelha, mas não era sangue. Pelo cheiro forte, devia ser algum medicamento. Olhei para o garoto parado ao meu lado e sorri.

            — Ele parece estar bem.

            — Sim. Minha irmã volta para casa amanhã e vai dar uma olhada melhor na asa. Aparentemente não foi nada grave. Ele não consegue voar, por isso iria acabar morrendo se continuasse lá no lago. Mas logo ficará bom e poderei soltá-lo.

            Assenti, animada com as boas notícias. Contudo, logo expus outra dúvida:

            — Vi dois cachorros com a garotinha que me atendeu. São seus?

            Ele pareceu compreender o motivo do meu questionamento.

            — São meus, sim. Mas não esquenta, são dois bobões. Não vão atacar o passarinho, pode ficar tranquila.

            Eu bem tinha notado que eles pareciam mesmo serem bem bonzinhos.

            — E a garotinha é minha outra irmã — ele prosseguiu. — Como ela está de férias na escola, sai todos os dias de manhã para passear com os cachorros.

               — Legal. Eu também faria isso se tivesse um cachorro.

               — Gatos?

               — Não. Na verdade, bicho nenhum. Mas pretendo ter. Gosto de animais.

            Voltei a olhar para o passarinho, passando levemente o dedo em sua cabeça. Ele fechou os olhinhos por um instante e tive a impressão de que gostava de tal contato. Sorrindo, virei o rosto novamente em direção ao garoto e vi que ele também sorria para mim. Só então, reparei que Carmem estava com toda a razão em seu comentário. Ele realmente podia ser classificado como “uma gracinha”. Possuía os olhos castanhos e amendoados, os cabelos bem cacheadinhos e um sorriso lindo.

            Acabamos ficando tempo demais nos olhando em silêncio (na verdade, fora uns dois ou três segundos, mas pareceu bem mais), o que fez um ar de constrangimento pairar entre nós. Ele agiu rápido para impedir que isso aumentasse, estendendo a mão para mim e falando:

            — Acabou que não nos apresentamos ainda. Meu nome é João Gabriel. Pode chamar só de João. É como todo mundo chama.

            Apertei a mão dele com a minha. Não comentei o fato de já saber o nome dele, ou corria o risco de ele me considerar uma stalker ou coisa parecida.

            — Meu nome é Niara. Sou de São Paulo, na verdade — foi tudo o que respondi. Afastei a mão, ainda um pouco tímida. — Bem, só vim mesmo ver como estava o passarinho. Desculpa de novo por chegar tão cedo e sem avisar.

            Virei-me na intenção de ir embora, mas detive-me quando ele me chamou:

— Espera! Não quer tomar café?

— Ah, não... Eu tomei antes de sair de casa.

— Então que tal um sorvete?

Aquilo era um convite para sair? Uma coisa tipo um encontro?

— Tem sorveterias por aqui?

Ele fez uma cara de dúvida.

— Não, mas na mercearia vende sorvete. Aqui a gente não tem tanta variedade de comércio como em São Paulo. Mas o sorvete é ótimo.

Talvez eu tivesse sido um pouquinho indelicada e queria ajeitar a impressão que ele poderia estar tendo a meu respeito. No entanto, por estar meio tensa, acho que o que disse a seguir também não foi o esperado:

— Não está meio cedo para tomar sorvete?

Ele de novo pareceu confuso comigo. Não o culpo por isso.

— Existe hora certa pra tomar sorvete?

Balancei a cabeça em negativa, em seguida sorri, mostrando que aceitava o convite. Saímos juntos andando lado a lado pela rua, até a mercearia. O local tinha um espaço com três mesinhas, destinado a lanches e sorvetes. Fizemos nossos pedidos e nos sentamos, e decidi explicar o motivo do meu comentário bobo de minutos atrás:

— Minha tia não me deixa comer besteiras pela manhã. Diz que é um horário de desintoxicação do organismo. Entre o café e o almoço, no máximo ela libera uma fruta ou um iogurte. Ela é a certinha da família.

— Os outros da família são errados?

Eu ri.

— Ah, não. Mas minha mãe sempre foi do tipo aventureira.

— Nunca te vi por aqui. Sua família é nova na cidade?

Quem dera fosse. A história da minha família por ali era, além de antiga, bem tumultuada.

— Muito pelo contrário. Minha avó tem mais de setenta anos. Nasceu e morou sempre aqui. Vim de São Paulo para passar o Natal com ela.

— E quem é a sua avó?

— Dona Sandra.

A expressão no rosto dele, antes tão leve, se alterou, com isso me fazendo perceber que eu nem precisava dizer o sobrenome para que ele entendesse de qual Sandra estava falando.

— Pela cara, você a conhece.

— É. Todo mundo a conhece.

— E pelo visto ninguém gosta dela, né?

— Na verdade, é o contrário. Ela é que não parece gostar de ninguém. Espera... você é neta dela? É então filha da filha mais nova dela, que...

— Que ela expulsou de casa quando ficou grávida? A própria.

— Desculpa. Eu não quis...

— Não esquenta. Eu me sentiria pior se você mentisse não saber de nada. Sei que todo mundo por aqui conhece essa história.

— Bem, mas se você está aqui, significa que tudo ficou bem entre as duas, no fim das contas.

— Na verdade, não. Minha mãe morreu há quatro anos.

Ele fechou os olhos e respirou fundo.

— Desculpe. Só estou dando mancada. Desculpa mesmo.

Sorri, em uma forma de mostrar que estava tudo bem.

— Não se preocupe. E você tinha razão, o sorvete daqui é mesmo muito bom.

— Na verdade, falei isso só para te convencer. Na sua cidade provavelmente tem uma infinidade de sorveterias com coisa muito melhor.

— Tô falando sério, está ótimo.

Falava mesmo a verdade. O sorvete de chocolate que escolhi era realmente uma delícia, mas precisava confessar para mim mesma que a companhia o tornava ainda melhor.

Mudamos de assunto, passando a falar de várias coisas e, ao mesmo tempo, de nada em especial. Percebemos que tínhamos muitos gostos em comum, e com isso os assuntos fluíam bem.

Mas logo ele precisou ir embora, para cuidar do passarinho. A gente se despediu e fui para as margens do lago, onde me sentei por algum tempo, permitindo-me respirar um pouco de ar puro. Já passara bem da hora do almoço quando decidi voltar para casa. Por sorte, cheguei quando minha avó acabara de voltar para o seu quarto, para retornar o trabalho nos sapatinhos de crochê. Esquentei e comi a refeição que Carmem deixara separada para mim.

Depois fui para a sala e usei o telefone fixo para ligar para a Duda, minha melhor amiga. Passamos mais de uma hora conversando, ela me contou de todas as novidades por lá, já que agora eu nem mesmo conseguia acessar minhas redes sociais. Quando desliguei a ligação, subi para o quarto, onde me fechei. Ainda eram quatro da tarde e precisava encontrar algo para fazer para passar o tempo. Até a hora de dormir. E até o dia de ir embora.

E ainda faltavam cerca de duzentas e oitenta e oito horas.

Fiquei pensando em como as pessoas daquele lugar passavam o tempo sem internet.

Olhei para as minhas malas ainda intactas em um canto do quarto. Doze dias por ali eram tempo demais para ter que ficar abrindo e fechando malas a cada coisa que precisasse pegar. Por isso, decidi que organizar minhas coisas para aquela estadia seria algo inteligente a ser feito. Além, é claro, de ser um passatempo e tanto.

Abri as malas e retirei todas as roupas e demais objetos. Primeiramente, levei para o banheiro tudo que era de higiene pessoal ou beleza. Depois retornei ao quarto, indo até o guarda-roupa. Acreditei que estivesse vazio, mas logo que abri a primeira porta deparei-me com uma pequena pilha de CDs. Eu os apanhei e levei até a cama, olhando com calma para cada um dos títulos. Automaticamente sorri, já sabendo que eram todos da minha mãe. Minha tia fazia desde sempre um estilo meio MPB, meio baladas românticas (nacionais ou internacionais), meio “música para relaxar”. Já a minha mãe, sempre foi mais rock’n roll. E todos os títulos ali eram de bandas de rock. Fui passando um por um, olhando frente e verso para conferir as músicas. O último deles ainda trazia na capa a assinatura da minha mãe. Era o único nacional dentre todos, da banda Legião Urbana. Olhei para a mesinha que ficava junto à parede de frente para a cama, Ali em cima, ao lado da TV, tinha um aparelho CD-player. Fui até ele. Confesso ainda parei alguns segundos olhando para os botões, tentando lembrar (ou deduzir) como fazia aquilo funcionar. Coloquei o CD. A voz de Renato Russo tomou o quarto, cantando os versos de “Será”. Cantei junto, enquanto começava a guardar minhas roupas nas gavetas. Senti-me em paz durante o trabalho feito sem qualquer pressa, relembrando os momentos em que minha mãe e eu arrumávamos a casa cantando juntas. Ela me ensinara quase todas aquelas músicas.

Cantei baixinho, volta e meia sendo surpreendida por alguma lágrima rolando pelo meu rosto. Contudo, a sensação no meu peito não era ruim. De alguma maneira, senti minha mãe próxima a mim. Como se ela tivesse apenas saído para resolver algo na rua, mas a qualquer instante voltaria.

Alguém bateu na porta e sobressaltei. Gritei que estava aberta e Bia entrou, fazendo uma cara de surpresa ao me ver arrumando o quarto.

— Parece animada — ela comentou.

Fiquei um pouco sem graça e retruquei:

— “Animação” não é exatamente a palavra. Mas preciso arrumar minhas coisas, né? Ainda me restam doze dias nessa casa.

Ela terminou de entrar, fechando a porta atrás de si, e foi até a cama, onde se sentou.

— Por que faz isso?

— O quê?

— Contar os dias. Parece um presidiário esperando o dia de terminar a pena.

Isso porque ela não sabia que não eram apenas os dias. Calculava sempre os minutos e até mesmo segundos que faltavam para chegar o dia de ir embora. Mas não comentaria a respeito porque poderia soar como algo meio doentio.

E talvez realmente fosse.

Pensei sobre a analogia feita. “Um presidiário esperando pelo dia em que terminaria sua pena”. Era mais ou menos como eu me sentia mesmo. Abri a boca para responder, mas ela me interrompeu, voltando a dizer algo:

— Como é que se diz eu te amo?

— Hã? — Franzi a testa, sem compreender.

Ela sorriu e apontou para o aparelho CD-player.

— É o nome do álbum que você está ouvindo. Ele é de 2001.

— Como sabe? Eu nem era nascida ainda, e nem você devia ser.

Ela ignorou a minha pergunta e continuou a dar uma de Wikipédia:

— Ele foi lançado em 2001, mas na real, foi gravado em 1994, em um show no Rio de Janeiro. É um dos meus CDs favoritos.

— Você parece gostar muito de Legião Urbana.

— Você também, né? Está até ouvindo.

— O CD não é meu, é da minha mãe. Ela é que gostava. Muito. Era a banda preferida dela.

Bia ainda olhava distraída para o aparelho de som. Então me olhou e, após uma pausa, enfim seus lábios se moveram, cantando junto com a música que começava agora:

— “Quando o sol bater na janela do teu quarto...”[1]

Bufei, em um primeiro momento me sentindo incomodada pelo fato de aquela menina do nada ter interrompido a conversa para cantar. Porém, por fim acabei rindo. Sem qualquer razão lógica, apenas achando divertido o jeito dela. Ela sorriu também e continuou a cantar enquanto balançava a cabeça no ritmo da música. Compreendi o que ela queria e, rendida, a acompanhei:

— “Por que esperar se podemos começar tudo de novo agora mesmo...”

Tinha deixado uma escova de cabelo sobre a cama e Bia a pegou, usando-a como microfone improvisado para seguir cantando. Achei graça. Ela era meio doidinha, e aquilo parecia ser contagioso, porque logo comecei a me empolgar também.

Ela se levantou para me ajudar, mas a tarefa que deveria ser rápida acabou se alongando por muito mais tempo, já que mais ríamos e fazíamos performances de cantoras do que propriamente trabalhávamos. O CD já entrava no modo repeat e tocava pela segunda vez a faixa “eu sei” quando a porta do quarto foi subitamente aberta. Levei um susto e paralisei. Carmem parou, ainda com a porta entreaberta e a mão sobre a maçaneta. Percorreu os olhos pelo quarto, vendo a bagunça que estávamos fazendo e pareceu desistir do que fora falar. Apenas deu uma risadinha e saiu. Soltei o ar que mantinha preso nos pulmões e olhei para Bia, que fazia o mesmo que eu. Então caímos na gargalhada e ambas deitamos no chão, uma ao lado da outra.

— A Carmem deve estar achando que somos loucas — falei, quando consegui parar de rir. No fundo, sentia-me um pouquinho constrangida pelo flagra. Mas a diversão valera a pena, afinal.

— E não é bom ser um pouco louco?

Concordei em silêncio. Pela primeira vez desde que chegara àquela casa, eu me via de fato feliz. E se isso era um sintoma de loucura, que continuasse assim.

Aquele dia tinha sido bom. Graças a Bia e ao João.

João...

Esperava poder vê-lo novamente no dia seguinte.

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[1] Música: “Quando o sol bater na janela do teu quarto”. Composição de Renato Russo,  Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos. Intérprete: Legião Urbana.

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