Capítulo 4

Porque se eu te quero, te quero, amor

Não vou recuar, não vou pedir espaço

Porque espaço é apenas uma palavra

Inventada por alguém que tinha medo de ficar muito

Close - Nick Jonas

(...)

Ella

 Como pode uma pessoa ser tão irritante e gostoso ao mesmo tempo? Não sei a resposta para essa pergunta, mas se eu fosse descrever o meu vizinho, seria exatamente assim. E olha que desde que comecei a delirar por ele, só trocamos umas palavrinhas duas vezes. Uma ontem à noite e outra hoje.

 — E você ainda insiste em gostar dele, não é mesmo, Tom? — converso com meu gato, como se ele fosse me responder, enquanto visto meu pijama após o banho.

 Ele mia.

 — O que quer? Está com fome? Vai lá pedir comida a ele, duvido que tenha uma ração tão boa quanto a que eu te dou, seu pilantra. — Tom mia novamente, dessa vez, roçando em minha perna.

 Mesmo querendo ficar aborrecida com ele, seria impossível, sou apaixonada nessa bola de pêlos que não faz nada além de comer, fazer cocô, xixi e pedir comida. Aliás, devo admitir que ele já me livrou de alguns ratos e baratas, apesar de raramente aparecerem aqui.

 — Vamos lá comer. — chamo-o e olho de soslaio pela janela, vejo o Justin de costas, porém, peladão.

 Salivo e sinto minhas pernas fraquejarem.

 Esse homem deve ver que eu vivo o admirando através dessa janela, por isso anda pelado em casa.

 Balanço a cabeça, me livrando desses pensamentos. Encho o pote do Tom de ração, ele me olha como se agradecesse, esse gesto me deixa com o coração quentinho. Então vou preparar algo para comer, necessito de uma boa comida caseira.

 Abro a geladeira e pego um recipiente onde sempre guardo queijo e presunto, deixo do lado de fora para estar em temperatura ambiente quando eu for usar. Pego também um frango desfiado que deixei no congelador — já que minha vida é corrida, preciso facilitar meu dia a dia — coloco no microondas para descongelar e eu conseguir usá-lo.

 Enquanto isso, preparo o tempero do frango e um molho de tomate.

 Após alguns minutos  o micro-ondas apita, vou até ele, retiro o frango, tempero com o molho que preparei e monto uma lasanha com massa pré-cozida. Ponho no forno, deixo lá e vou procurar algo para assistir.

Sento com as pernas dobradas no sofá, porque se eu deitar, certamente irei dormir. Aperto o botão da N*****x no controle da televisão e rolo a tela até encontrar algo que me interesse. Ou seja, nada, porque sou chata demais para me interessar por um filme ou série facilmente.

Meu celular toca, notificando que acabou de chegar uma mensagem no w******p. Toco na notificação e vai direto para o grupo dos meus amigos.

 Alexia: E aí, gatos! Bora cair na noitada?

 Rio da mensagem da mais divertida de todas.

 Oliver: Por mim, tá fechado. Nem preciso pensar, tenho mesmo que dar uns pegas em uns boys magia.

 Barbara: Nem se animem demais, porque daqui a pouquinho a estraga prazeres se pronuncia, melando nosso esquema.

 Fico alguns minutos apenas observando a conversa deles.

Oliver: Querida, nem finja que não visualizou, porque o w******p é mais esperto que nós quatro juntos.

 Solto uma gargalhada, inclinando a cabeça para trás, sei que ele está falando comigo.

 Eu: Olá, amores da minha vida! Senti falta de vocês, como estão?

 Alexia: Lá vem você com papo furado, nem vem que não tem, Ella. Só nos chame depois de ler as mensagens anteriores. Obrigada, de nada. Beijos de luz.

 Barbara: Não adianta, Lexi. A Ella sempre ferra com nossa amizade…

 Oliver: Parem de falar mal da minha rainha, a única pessoa que pode fazer isso sou eu. Ella, meu anjo, se você não responder essa porra, eu chego em seu apartamento em dez minutos e não me pergunte como farei isso.

 Eu: Estou cansada e acabei de colocar uma lasanha no forno…

 Alexia: Lasanha? Sério, Ella? Tenha dó, amada. Você precisa encher a cara e mexer esse esqueleto. Ah, esqueci de mencionar o mais importante, transar.

 Eu: Prometo sair com vocês no próximo final de semana, eu juro. Poderão me levar para onde quiserem.

 Oliver: Nada de próximo final de semana, iremos te perdoar hoje porque também estamos cansados, essa semana foi um Deus nos acuda, mas amanhã a senhorita não escapa, pegamos você às oito. Nem um minuto a mais e sem desculpas, querida.

 Bufo, revirando os olhos porque sei que nada do que eu diga irá convencê-los.

 Eu: Ok, ok. Tá bom, vocês venceram, agora me deixem descansar, pelo amor de Deus.

 Tento me livrar deles, já sabendo qual será o próximo assunto.

 Vou até a cozinha para olhar a lasanha, e notando que já está boa, desligo o forno. Pego um copo e o encho de água para beber.

 Oliver: Tem visto o vizinho gostoso? A propósito, quando puder, tire uma foto dele, de preferência pelado, para avaliarmos a qualidade do material.

 Ao ler essa mensagem, rio, cuspindo toda a água, molhando o chão e um pouco do meu pijama.

 — Que droga, Oliver! — ponho a mão na barriga, controlando o riso.

 Oliver: Ella? Não fuja, queremos saber do seu futuro boy magia.

 Eu: Não tem nada para saber.

 Alexia: Você nos fode, sabia? É a única que pode ver o gostosão e nem nos conta sobre ele.

 Barbara: Amiga, já pensou numa transa com ele, deve ser espetacular aqueles braços te segurando forte. Uiii! Senti a tensão no meio das pernas aqui.

 Eu: Deixem de ser fogosas! Nos falamos amanhã, vou comer e dormir. Beijoooos!!!

 Nem espero por resposta deles, bloqueio o celular e repouso no balcão da cozinha americana.

 Não os culpo por pensarem assim sobre meu vizinho, se até eu já estou ficando louca e subindo as paredes só em imaginar como seria ter aquele homem em minha cama.

 Retiro o refratário do forno, coloco uma fatia de lasanha em meu prato e pego suco de laranja para acompanhar. Sento na banqueta atrás do balcão e me delicio com o sabor da minha comida. Já que nem sempre consigo me alimentar direito, devido à correria do dia a dia.

 Quando estou terminando de comer, sinto falta de algo, mas não consigo perceber do que se trata. Até me dar conta de que não ouço o som do miado do Tom há algum tempo.

 — Onde esse pilantra se meteu? Deve ter ido namorar. Até meu gato namora e eu não.

 Repentinamente, escuto um miado constante, sigo o som e paro na janela da sala. Mesmo assim não o encontro. Porém, ele mia outra vez, me fazendo olhar para o lado, onde há uma árvore. Lá está ele.

 — Como você foi parar aí, criatura? Gato doido. — ele continua miando, fazendo o desespero ameaçar tomar conta de mim.

 Fico sem saber o que fazer para tirá-lo dali. Chamo-o, mas ele não vem, fica apenas miando, chamando minha atenção. Corro até o quarto, pego um casaco e saio do apartamento. Não faço a menor ideia do que farei, porém preciso fazer alguma coisa.

 Já na área externa do prédio, chamo novamente pelo meu gato, fazendo barulhos com a boca, mas nem isso funciona para ele arriscar saltar dali, apenas permanece miando desesperadamente para mim.

 Tento subir na árvore, no entanto, quando estou em certa altura do chão, o medo me impede de continuar subindo e começo a gritar, pedindo por socorro.

 — Socorro! Alguém me ajuda?

 Poderia até tentar descer, mas da altura que estou, corro o risco de me machucar.

 — Socorro!

 — Ella! — a voz do Justin me faz olhar para baixo, mesmo me tremendo de medo.

 — Me ajuda, por favor! — suplico.

 — Calma, pode soltar da árvore que eu te pego. Confie em mim.

 Fecho os olhos, morrendo de medo de fazer o que me pediu.

 — Ella, vem, você vai acabar caindo. Pode confiar em mim.

 Respiro fundo, sem pensar demais e me solto, pulando. Justin realmente conseguiu me pegar, porém, devido a altura em que eu estava, me desequilibrei e caímos no chão. Não me machuquei por ele estar embaixo de mim.

 Meu coração está acelerado.

 Estando um pouco mais calma, nossos olhares se encontram, seu peitoral duro me faz imaginar certas coisas que eu não deveria, nesse momento. Sua visão desvia para meus lábios e, involuntariamente, faço o mesmo. Até o miado do meu gato nos despertar, lembrando-me da razão para eu ter subido naquela bendita árvore.

 Sem graça, apoio minha mão no peitoral dele, que está exposto e levanto, mas uma leve fisgada no calcanhar me faz parar.

 — Ai, droga!

 — O que houve? Machucou?

 — Acho que sim. — tento apoiar o pé no chão novamente, mas não consigo.

 — Fica aí, vou dar um jeito de pegar ele. — meneio a cabeça em concordância, pois, ainda que eu quisesse fazer algo, não conseguiria.

 Fico sentada no chão, enquanto ele vai lá. Não sei como, mas o Justin parecia mais o Tarzan, escalando aquela árvore e conseguiu pegar o Tom.

 Será que tem alguma coisa que essa beldade não saiba fazer?

 Ele coloca minha bola de pêlos no chão, o tom roça na perna dele, me fazendo notar que está usando apenas uma bermuda de tecido tipo moletom, deixando seu volume no meio das pernas, aparente.

 Engulo em seco, só em imaginar o tamanho pelo volume na roupa.

 — Vamos, vou te ajudar a chegar em casa. — ele me ajuda a levantar e me pega nos braços.

 — Não é necessário, Justin. Eu posso andar.

 — Relaxa aí e curte o passeio. — pisca para mim, sorrindo de canto.

 Ele subiu a escada, indo para o quinto andar — onde fica meu apartamento — como se estivesse segurando uma pena. Acredito que devido à preocupação comigo, preferiu não esperar o elevador.

 Chegamos em meu apartamento, Justin me deixou no sofá, sentou também e puxou meu pé.

 — Deixa eu ver como está. Vou tocar e você diz aonde dói, ok? — meneio a cabeça em afirmação.

 Ele toca em meus dedos do pé delicadamente, então pressiona os dedos no meio e não sinto nada. Toca e pressiona o calcanhar e solto um grito.

 — Ai, filho da puta! — ele dá uma risada nasal.

 — Dói muito? — divide o olhar entre meu rosto e o pé.

 — Só quando aperta, como você acabou de fazer.

 — Aparentemente não quebrou nada, foi só uma leve torção. Coloca uma compressa de gelo e estará novinha em folha. — o analiso.

 — Você é…

 — Sim, sou médico. Ortopedista. — não me deixa completar a pergunta.

 — Não tem cara, nem jeito de médico. — desdenho sem querer.

 — Desde quando um profissional precisa ter cara da profissão que exerce? Com essa língua solta, você também não tem jeito de advogada. — dá de ombros.

Dou risada.

 — Eu mereci isso. Vou pegar o gelo. — faço menção em levantar, mas ele me impede.

 — Fica quietinha aí.

 Justin repousa meu pé sobre o sofá, vai até a cozinha e não demora a retornar, segurando um pano com o que acredito ser gelo.

 — Senta, dobra a perna e pressiona o gelo no calcanhar por meia hora. Vai fazer isso duas vezes ao dia, por pelo menos três dias, até a dor ir embora totalmente. Se precisar de mim, minha janela fica logo à frente. — sorri e acabo retribuindo o sorriso.

 Nos olhamos intensamente por alguns segundos, então ele levanta, beija minha bochecha, bem próximo ao canto da minha boca e se direciona a porta.

 — Justin — ele olha para trás — Obrigada.

 Não diz nada, apenas vai embora sorrindo de um jeito sexy e fecha a porta atrás de si.

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