Capítulo 3

No dia seguinte os dois trocaram algumas mensagens para combinar de se encontrar no Vestkanten Storsenter. Um dos shoppings mais conhecidos da cidade, onde era possível patinar no gelo, jogar boliche, minigolfe, ou só aproveitar o dia e ir à sauna ou escorregar nos toboganstobogãs de água.

Eles combinaram de ir para a piscina, mais uma vez Anya veio direto do trabalho, e teve que comprar uma roupa de banho para poderem aproveitar o restinho do dia lá. Anya não sabia nadar, o máximo que conseguia era boiar, com ajuda de umas boias nos braços, ou nado cachorrinho, não mais que alguns minutos, pois ficava cansada muito rápido, por isso sempre ficava nas bordas das piscinas.

Os dois se encontraram no shopping na entrada do Vannkanten, em frente à piscina, ele pagou a entrada dos dois, mas fez uma expressão de quem não estava gostando daquilo. Anya afirmou que poderia pagar seu ingresso, mas Martin disse que estava tudo bem, mesmo que não fosse isso que estivesse estampado em seu rosto.

As duas entradas deram 400 coroas, muito caro para ficar pouco mais de duas horas, na verdade, em quase tudo na Noruega, havia a possibilidade de pagar mensalmente por uma sociedade, como membro o valor cairia para 500 kr por mês, sendo permitido, então usufruir de tudo no local, sem limites. Ou seja, havia a possibilidade de frequentar todos os dias, pelo tempo que desejasse, mas se a pessoa não era sócia, aí fica caro mesmo. Anya explicou tudo isso para Martin, falou ainda que foi sócia, tempos atrás, mas que nunca frequentava, por falta de tempo, por isso desistiu. Martin não estava interessado em ouvir aquilo, e ela entendeu, então os dois foram se trocar e se encontraram novamente do lado de fora do vestiário.

Martin a olhou dos pés à cabeça naquele biquíni azul. Anya tinha o corpo muito bonito, 1,63 de altura, cintura fina, bunda grande, seios médios, típica brasileira cheia de curvas, como as amigas costumavam dizer. Ela era loira, dos cabelos longos e pintados, mas eram quase brancos. Sempre arrumada. Sobrancelhas bem-feitas e com micro pigmentaçãomicropigmentação, cílios postiços e levemente maquiada. Ela também não conseguia parar de olhar o corpo bem definido dele. Ela o achava baixo, 1,74, mas um corpo muito bonito, atlético, muito treinamento militar desde os 18 anos de idade. Ele, naquele shorts de banho, barriga super definida, costas largas, musculoso, foi inevitável para ela não começar a notar ele um pouco mais. Os dois riram, brincaram de mergulhar, Martin passando por entre as pernas de Anya por debaixo d’água, ele ensinando-a a mergulhar e a nadar melhor. Segurando-a pela cintura, supostamente a ensinando como boiar (sem boias), os dois rindo, molhados, muito contato corporal, muita aproximação, os olhos azuis dele nos olhos castanhos penetrantes dela, os dois até chegaram a ficar ofegantes. Então começaram a perceber as mudanças físicas entre si, tímidos um com o outro, mas mesmo assimmesmo assim quase não conseguiam disfarçar o calor do momento. Quando seguravam suas mãos debaixo d’água e as apertavam involuntariamente, era impossível não ouvir os sussurros de cada um. Ele a pôs em sua cintura e ela sentiu o quanto desperto ele estava dentro de seu calção de banho e gostou de saber que havia provocado esse efeito nele, depois deapós tantos anos numa relação conturbada, finalmente conseguia se sentir livre, uma mulher dona de sua própria vontade.

Os dois resolveram ir para a hidromassagem que ficava em frente à piscina, também do lado de fora do segundo andar. Lá, em meio a espumas e bolhas provocadas pelo o chacoalhar da água quente na banheira, era inevitável o clima não esquentar. Ambos sentiam um calor anormal em suas peles, com a aproximação corporal, àas vezes eles quase se beijavam, mas as câmeras e outras pessoas ao redor acabaram por inibi-los. Pensando em se aproximar mais, com menos pessoas em volta, foram para a sauna. Havia duas, um quarto de madeira tradicional e outra de portas azuis e vidro, revestida de pequenos azulejos azuis, quente, com muitos chuveiros para que as pessoas pudessem se refrescar caso o vapor do ar estivesse muito seco.

Havia alguns homens nessa sauna, apenas Anya de mulher. Todos os olhavam com curiosidade, pois eles deixavam transparecer o quanto estavam entretidos um com outro. As trocas de olhares, os toques de mãos, os gestos os entregavam. Finalmente um a um daqueles homens foram saindo da sauna. Um homem gordo foi o último que ficou e começou de repente a fazer exercícios físicos e respiratórios. Martin e Anya não conseguiam disfarçar o riso, estavam numa situação onde, caso pudessem estariam pulando um no outro como dois animais, literalmente se devorando, enquanto torciam para aquele homem sair dali, mas ele não saía nunca. Os dois faziam massagem um no outro, usavam os chuveiros, respiravam profundamente, e o clima ia ficando cada vez mais desesperador. Foi então que o homem levantou e saiu, Anya e Martin se olharam intensamente e não conseguiram resistir. Pularam desesperadamente nos braços um do outro e se beijaram como se não houvesse amanhã. Em toda sua vida os dois pensavam que nunca tinham beijando tão ardorosamente como naquele instante, na sauna de um shopping. Então os dois estavam quase perdendo o controle da situação, sentindo as curvas do corpo um do outro, sentindo cada centímetro de suas peles, o ar era muito quente e colaborava para que o clímax se aproximasse, eles se cheiravam, chegava a fazer barulho na respiração, molhados e quentes como dois animais, tocando-se.

Desconfio que, mesmo que não estivessem na sauna, o ar que respiravam estaria quente, quente como um vulcão.

Os dois chegavam a gemer, seus rostos mostravam rubor, uma febre sedenta que crescia no corpo todo. Ambos muito excitados com toda aquela situação. Foi então que a moça que trabalhava no local veio avisar que eles estavam fechando. Os dois subitamente voltaram a si, tentando se conter e disfarçar a vergonha por terem perdido a cabeça por um instante tenso de paixão. Salvos pelo gongo!

Eles não podiam fazer outra coisa senão rir e achar tudo muito engraçado, momentos embaraçosos para os dois que mal se conheciam. Então trocaram de roupa e foram andar pelo shopping. Pararam em um quiosque de sorvete e sentaram-se em um banquinho, enquanto conversavam. Martin falou que era engraçado, que parecia que se conheciam há muito tempo. Anya só conseguia tentar explicar que não costumava viver esse tipo de situação, que realmente não era fácil ser assim tão livre, tão espontânea, mas ele só falava que tudo bem, que ele também não.

Então a convidou para ir para o apartamento dele, mas ela recusou. Diante do impasse, perguntou se poderia ir à casa dela, o que também foi recusado. Então ele a acompanhou até o estacionamento do shopping, de mãos dadas, esse tipo de detalhe mexia com a cabeça de Anya. Eles falaram sobre a viagem dele para Tysnes, no dia seguinte, e sobre ele ir ficar lá por uma semana.

Durante todo o tempo eles seguravam a mão um do outro e era estranho para os dois, nunca tinham vivido nada parecido. Despediram-se e agradeceram a tarde agradável: “Muito obrigado pela tarde, que foi tudo maravilhoso”, mas aquela chama da piscina, e da sauna, continuava ali, faiscando, bastava só um ventinho soprar para a chama reacender num fogo vibrante e caloroso, causando o efeito de borboletas na barriga. A febre continuava alta, os dois se olhavam com um ar de desespero nesse adeus. Sabiam que o estacionamento tinha câmeras, mas num ato de loucura os dois começaram a se pegar novamente como se não existisse ninguém ali. Ele a encostou no carro dela e os beijos ardentes só dificultavam ainda mais o controle das emoções. Martin e Anya se queriam ali mesmo. Passaram um tempo assim: despedindo-se e se atraindo de novo. Até que ela reuniu forças e foi embora. Entrou descabelada no seu carro e foi para sua casa. Dirigia escutando suas músicas românticas em seu telefone conectado no carro. Ainda trêmula, confusa e com o sabor daquele beijo em seus lábios carnudos.

Pensava: “Meu deus, o que foi aquilo? Que garoto é esse? Não, não, não. Não posso. Só queria distração, nada de paixão, nada de alguém na minha mente de novo. Não, vou deixar pra lá. Foi muito perigoso esse jogo.”

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